Corregedor-Geral da JT, ministro Ives Gandra Filho, conclui inspeção no TRT-15

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Por Patrícia Campos de Sousa

Após quatro dias de trabalho, foi concluída nesta sexta-feira (13/9) a inspeção promovida pela Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, com a leitura do relatório elaborado pelo corregedor-geral, ministro Ives Gandra Martins Filho, e sua equipe. A parte valorativa da ata da inspeção foi lida pelo assessor do ministro, Gáudio Ribeiro de Paula, durante sessão administrativa realizada no Plenário do TRT-15, presidida pelo corregedor. Além do presidente do Tribunal, Flavio Allegretti de Campos Cooper, e demais desembargadores da Corte, a sessão contou com a presença de juízes de primeiro grau e servidores.

O relatório apresenta um balanço extremamente positivo da atuação do Regional e várias recomendações visando à melhoria de seu desempenho. Foram abordados sete pontos: condições ambientais de trabalho; estrutura judicial e administrativa; desempenho; cumprimento de prazos processuais; Escola Judicial e capacitação de magistrados e servidores; Tecnologia da Informação, Processo Judicial Eletrônico e e-Gestão; e atuação da Corregedoria Regional.

Com relação às condições ambientais de trabalho na 15ª, o corregedor ressaltou a relação harmoniosa reinante no Tribunal, que apresenta "as condições psicológicas ideais de serenidade e tranquilidade para compor as demandas que lhe são trazidas". Na avaliação do ministro, a Corte também apresenta excelentes condições materiais para o desempenho de sua missão jurisdicional, com ótimas instalações físicas, espaço adequado e de bom gosto. Ives Gandra Filho elogiou especialmente as instalações do Fórum Trabalhista de Campinas, segundo ele, o melhor dentre os visitados até o momento, "cujo design externo e interno, aliado ao aproveitamento espacial, afasta qualquer ideia de repartição pública, para mostrar o melhor rosto da Justiça, pela sua dignidade, aliada à modernidade".

Para o corregedor, é no âmbito dos recursos humanos que se encontra o principal problema da 15ª Região, que apresenta um "déficit congênito" de servidores, a necessitar de urgente correção. Esse déficit, avaliado em cerca de mil servidores, foi atribuído pelo ministro ao processo de formação do TRT-15, a partir do desmembramento do TRT da 2ª Região, que se fez apenas quanto aos servidores da 1ª instância. Nesse sentido, disse que os anteprojetos de lei de criação de cargos e funções no âmbito da 15ª têm todo o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho e merecem ser apoiados e aprovados no âmbito do CSJT e pela assessoria parlamentar do TST, na tramitação no CNJ e no Congresso Nacional. Considerando, porém, que esses anteprojetos não terão condições de entrar no orçamento da União para 2014, Ives Gandra Filho sugeriu a adoção de outros expedientes que otimizem a aplicação dos recursos escassos para enfrentar a crescente demanda processual trabalhista da Região. Segundo ele, uma solução intermediária e parcial seria um melhor gerenciamento processual por parte do Tribunal e de seus desembargadores, através da adoção das técnicas conhecidas internacionalmente como de case management, voltadas a elastecer e potencializar ao máximo os recursos materiais e humanos escassos, "desde que respeitados os limites humanos a que todos estamos submetidos, de forma a não comprometer a saúde ou a família".

Ao avaliar a estrutura judicial e administrativa da Corte, Ives Gandra Filho ressaltou a criação da figura das câmaras como órgãos jurisdicionais fracionários, medida que permitiu otimizar o pessoal das secretarias e proporcionar economia de escala, "um diferencial da 15ª". Para aumentar a produtividade do Regional, ele sugeriu outros expedientes, como a flexibilização do horário dos servidores, uma maior responsabilidade na aplicação da jurisprudência sumulada do TST, "de modo a evitar a proliferação de recursos desnecessários", e a otimização das sessões, pela fundamentação sintética e objetiva e a antecipação de divergências.

O corregedor elogiou também a iniciativa do Tribunal de edição do Ato Regulamentar GP 9/2013, determinando a designação de um assistente de juiz para cada magistrado de 1° grau da 15ª Região, de níveI FC-5, a ser implementado no prazo máximo de 90 dias.

Quanto à relação área-fim/área-meio, Ives Gandra Filho observou que, dada a carência de servidores, a área meio do TRT-15 acabou sendo paulatinamente estrangulada, concentrando atualmente apenas 16% dos servidores. Essa situação, segundo ele, é mais dramática no que se refere à área de Tecnologia da Informação (TI), onde há uma defasagem de 54% em relação ao mínimo previsto na Resolução 90 do CNJ. "Nesse contexto, o projeto de criação de mais 84 cargos de TI que tramita no Congresso Nacional (PLC 65/13) é de grande relevância para a Região e receberá o apoio deste corregedor-geral."

A alta produtividade dos magistrados da 15ª foi outro ponto destacado no relatório. Segundo apurou o corregedor, em 2012, cada desembargador do Regional recebeu 2.300 processos e solucionou 2.400, a segunda maior produção no âmbito nacional. Já a 1ª instância recebeu um volume processual inferior àquele recebido pela média nacional, ocupando a 11ª colocação, no ranking do País, em relação ao número de processos recebidos por juiz (1.064, contra a média nacional de 1.190). Além disso, verificou-se que o 1° grau da 15ª Região solucionou 1.006 casos por juiz (14° lugar), contra 1.116 solucionados em média no País.

Ives Gandra Filho elogiou, contudo, "o ato corajoso da Presidência do TRT, respaldado pelo esforço dos magistrados da 1ª instância", de retirar do arquivo provisório todo o estoque de processos de execução, para se tentar, com os novos instrumentos criados no Regional, dentre os quais destacou os Núcleos de Gestão de Processos de Execução, dar uma satisfação ao trabalhador que ainda não recebeu seus créditos trabalhistas. O ministro também parabenizou o TRT-15 pelos esforços conciliatórios bem-sucedidos e por iniciativas como a concentração de execuções contra a mesma empresa.

O maior problema apontado com respeito ao desempenho da Corte é o estoque de processos que aguardam análise de admissibilidade do recurso de revista, cerca de 20 mil, até julho de 2013. Para conter o aumento do estoque e fazê-lo baixar, Ives Gandra Filho sugeriu a lotação de mais servidores para a execução do serviço, o pagamento de horas extras até o limite de 50 horas semanais e a ampliação do teletrabalho, com a correspondente cobrança de maior produtividade.

Ives Gandra Filho elogiou muito a estrutura, a organização e as instalações da Escola Judicial do Tribunal e o trabalho desenvolvido pela instituição na capacitação de magistrados e servidores, apesar do número reduzido de servidores, proporcionalmente à demanda e ao número de magistrados.

Quanto aos sistemas do Processo Judicial Eletrônico e do e-Gestão, o corregedor avaliou que não há dificuldades quanto à implantação da nova rede de dados da Justiça do Trabalho na Região, e elogiou a iniciativa do TRT de migração para a versão 1.4.7.4 do PJe-JT (que já conta com interoperabilidade em face do e-Gestão), prevista para entrar em operação no próximo dia 15. Disse também ser digno de elogios o planejamento e integração com a OAB e o Ministério Público do Trabalho na implantação do PJe-JT na Região, "com o mínimo de resistência e percalços sofridos".

Sobre o sistema e-Gestão, instrumento voltado ao aprimoramento da coleta de dados e à produção de informações estatísticas capazes de revelar os verdadeiros entraves que impeçam um processo judicial mais célere e eficiente, o ministro constatou a excelência da qualidade dos dados de responsabilidade do TRT-15, "merecendo a Administração, o Comitê Regional e os demais magistrados e servidores envolvidos com o sistema os maiores louvores, pela dedicação e empenho na busca pela melhoria contínua da qualidade de suas informações".

Por fim, foi destacada a excelência da organização da Corregedoria Regional, modelo para outros regionais. O relatório observou, contudo, que, em que pese não serem utilizados na prática, há dois dispositivos constantes do Regimento Interno do TRT-15 que facultam ao corregedor a correição virtual e a delegação de inspeção a juiz de 1ª instância, dispositivos que contrariam as normas expressas na Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, merecendo, portanto, ser excluídos da norma.

Com vistas ao aprimoramento dos serviços judiciários e administrativos, o Corregedor-Geral expediu também várias recomendações ao Regional.

Após a leitura do relatório, o presidente do TRT-15 proferiu algumas palavras de agradecimento, reforçando o modo humano e respeitoso com que o corregedor-geral e sua equipe trataram a todos e a confiança demonstrada na capacidade do TRT de servir melhor, sem abdicar da função de avaliar desempenho, corrigir caminhos e apontar soluções. "Então, que fique consignado nosso carinho ao senhor corregedor-geral e a cada membro de sua equipe, por tudo o que nos ensinaram." Dirigindo o olhar ao ministro, Flavio Cooper complementou: "quando os grandes temas da 15ª Região forem discutidos no Conselho Superior da Justiça do Trabalho, estaremos lá, e nosso olhar buscará socorro em Vossa Excelência, que hoje se tornou testemunha e profundo conhecedor de nossa região".

Finalizando a cerimônia, o corregedor-geral agradeceu a hospitalidade e a atenção dispensada pelos servidores e magistrados que colaboraram para a realização da inspeção, especialmente ao desembargador Flavio Cooper.  "Ao olhar o esforço e a abnegação de cada desembargador para fazer frente a essa carga de trabalho sobrehumana, sinto orgulho de pertencer a uma Justiça que tem entre seus tribunais o TRT da 15ª Região", concluiu o ministro.

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