Evento mostra os malefícios do cigarro e o que fazer para parar de fumar
A Escola da Magistratura da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Ematra XV) e a Diretoria de Saúde do Tribunal promoveram nesta quarta-feira, 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, a palestra "Tabagismo - orientações gerais e cessação do tabagismo", com a pneumologista Ana Maria Camino, especialista em oncologia e radioterapia pelo Hospital do Câncer de São Paulo. Dirigido a juízes e servidores do TRT da 15ª, o evento foi realizado no auditório conhecido como "Pleninho", no 1° andar do edifício-sede da Corte, em Campinas, e contou com a participação de aproximadamente 40 pessoas, incluindo fumantes, ex-fumantes e pessoas que jamais fumaram. Compuseram a mesa de abertura, juntamente com a palestrante, o diretor e o coordenador da Ematra XV, juízes Flavio Allegretti de Campos Cooper e Lorival Ferreira dos Santos, o representante dos magistrados do Tribunal no Conselho Consultivo e de Programas da Escola, juiz Fernando da Silva Borges, e a médica Aparecida Chiaperini, servidora da Diretoria de Saúde do TRT.
Segundo a doutora Ana Maria Camino, em todo o mundo 1,4 bilhão de pessoas fumam, sendo 250 milhões de mulheres. No Brasil, 17,4% da população são fumantes, lamenta a médica. O país é o quarto maior produtor de tabaco do mundo e o primeiro na exportação do produto.
Desde 2000, o tabagismo é classificado como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), esclarece a palestrante. "O cigarro é a principal causa de invalidez e morte prematura". Aproximadamente 90% dos casos de câncer de pulmão são causados pelo cigarro, que é responsável também por um quarto das ocorrências de doenças coronarianas, adverte a pneumologista.
Fumar é, ainda, a principal causa do mal conhecido como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), cujos principais sintomas são tosse, produção de catarro e falta de ar. Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem a doença, que engloba o enfisema pulmonar e a bronquite crônica, registra Ana Maria.
Punição sem culpa
O cigarro é "recheado" com cerca de 4.700 substâncias, incluindo a nicotina e o alcatrão. Mais de 60 delas são cancerígenas, alerta a palestrante. A nicotina é o componente viciante. É ela que causa a sensação de prazer, e seu poder de dominação é ampliado por outros elementos adicionados ao cigarro apenas para esse fim, como a amônia. Segundo Ana Maria, mesmo os chamados "fumantes passivos", que na verdade não fumam, mas ficam expostos à fumaça do cigarro, ingerem cerca de 400 substâncias.
Parar de fumar não é fácil, reconhece a médica. Em geral, abandonar o vício provoca uma crise de abstinência cujos sintomas vão desde tontura e dores de cabeça a aumento do apetite, enjôo, nervosismo intenso, insônia e ansiedade crescente. "É preciso traçar uma espécie de plano estratégico", recomenda Ana Maria, "em que o acompanhamento de um profissional especializado e experiente é essencial".
O processo inclui, em geral, o uso de medicamentos, que combatem os efeitos fisiológicos do cigarro e devem começar a ser ingeridos cerca de 15 dias antes da data estipulada para o abandono do vício, explica a pneumologista. Nesse período, o fumante deve mudar hábitos, como, por exemplo, deixar de fumar em casa e no trabalho. "A hora em que o ato de fumar se torna ‘esquisito’ para o fumante é o momento para largar o cigarro". A partir daí, por pelo menos três meses, período em que ocorre a síndrome de abstinência, o ex-fumante deve manter os remédios prescritos pelo especialista.
No entanto, os benefícios de largar o cigarro compensam, garante a palestrante. Bastam 20 minutos após o derradeiro cigarro para a freqüência cardíaca ficar próxima do normal. Em 12 horas, os níveis de monóxido de carbono no organismo também se normalizam. Num prazo de duas semanas a três meses, a circulação sangüínea e os pulmões já melhoram. De um a nove meses é o tempo necessário para redução da tosse e das infecções respiratórias. Em um ano, o risco de doenças cardíacas cai 50% - em 10 ou 15 será igual ao de uma pessoa que jamais fumou. Para diminuir pela metade a possibilidade de desenvolver câncer de pulmão bastam 10 anos sem fumar.
O evento foi concluído com a realização de um teste com cada um dos presentes para detectar a possibilidade de ocorrência de DPOC. Mais informações sobre a doença podem ser obtidas no site www.respireeviva.com.br. No endereço www.euqueroparar.com.br é possível conseguir detalhes de como abandonar o vício.
- 9 visualizações