Vara do Trabalho de Bragança Paulista implementa várias iniciativas de preservação ambiental
Por Ademar Lopes Junior
Pelos frutos se conhecerá a árvore, diz o ditado consagrado pela sabedoria popular. No que diz respeito à conscientização ambiental, dentro do Tribunal Regional da 15ª Região, alguns frutos amadurecem no anonimato, como é o caso da Vara do Trabalho (VT) de Bragança Paulista. Naquela cidade, distante 67 quilômetros de Campinas, por livre iniciativa dos servidores da Justiça do Trabalho, medidas ecológicas e sociais têm sido implementadas e desenvolvidas há quase um ano, estimuladas pela Comissão Ambiental do TRT e pelas “ecorrepresentantes” locais, Auriedna Castilho Moreira e Adriana Naomi Ishimoto.
Coleta de lixo reciclável, de pilhas e baterias usadas e de óleo de cozinha usado e até campanha do agasalho vêm reunindo servidores e a população bragantina em torno de um objetivo comum: a preservação do meio ambiente e o bem-estar social.
A primeira medida das ecorrepresentantes da VT de Bragança Paulista foi tentar, com a Prefeitura local, a coleta do lixo reciclável que os servidores traziam de casa e armazenavam nos contentores coloridos disponibilizados pela Administração do Regional, já que a cidade não possui o serviço de coleta seletiva nas casas. Sem apoio do poder executivo municipal, nova tentativa foi feita com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que durante algum tempo se esforçou para manter a retirada do lixo, que se transformava em recursos para a instituição. Atualmente, a coleta na Vara Trabalhista é feita pela Reciclagem Taquaral, uma empresa particular.
Toda pilha e bateria coletada na VT é entregue ao Banco Real da cidade, responsável pela destinação correta do material tóxico. Há três anos, as ecorrepresentantes de Bragança também instituíram a campanha do agasalho, repetida nos meses de inverno. Toda a arrecadação é entregue à Prefeitura, que distribui as roupas à população carente.
Além do lixo reciclável, as ecorrepresentantes da VT de Bragança, estimuladas pelos resultados da campanha e apoiadas pela direção da secretaria da Vara, instituíram em agosto de 2009 a coleta do óleo de cozinha usado. O material, tóxico e degradante no meio ambiente, é entregue na Vara Trabalhista pela população do município, incentivada pelo Bragança Jornal Diário, veículo de maior circulação na cidade, o qual, gratuita e conscientemente, reitera publicações das medidas “verdes” adotadas na Justiça Trabalhista local. Por conta das publicações, a TV Altiora, sediada em Bragança, focou o trabalho ambiental dos servidores e o transformou em reportagem.
“Óleo aos olhos”, uma história à parte
Todo o óleo entregue na Vara Trabalhista, cerca de 60 litros por mês, somados aos 3,5 mil litros coletados mensalmente em outros 60 pontos da cidade, são recolhidos pelo “ecovoluntário” Marco Antonio de Almeida, criador do projeto “Óleo aos olhos” (www.oleoaosolhos.org) em Bragança Paulista. Almeida chegou a recolher, no ano passado, 25 mil litros de óleo de cozinha usado, que são vendidos a duas empresas de São Paulo e uma de Bom Jesus dos Perdões, na região de Bragança Paulista, que o transformam em sabão, biodiesel e até em massa de vidro. Os postos de coleta mantêm tambores plásticos de 50 litros, fornecidos pelas próprias empresas compradoras. Os tambores lotam diariamente o Fiat Strada 2006 de Marco Antonio de Almeida. Quando iniciou seu projeto ecológico, Almeida dispunha apenas de um Fusca 73, que já ficava lotado com apenas 8 tambores. As embalagens com óleo (garrafas plásticas, Pet e vidro) trazidas pela população aos postos também são reaproveitadas como material reciclável.
“Todo mundo ajuda um pouco, mas se houvesse mais consciência, os resultados seriam melhores”, disse Almeida. A VT de Bragança faz a sua parte, ao lado de outros pontos espalhados em bares, restaurantes, postos de gasolina e um posto da Unimed, entre outros. O material é vendido, e o dinheiro apurado é repartido para cobrir as despesas da coleta e também é destinado a entidades filantrópicas locais, como APAE e Casa do Caminho. Algumas vezes, os bons frutos da coleta rendem mais e chegam também a um asilo de Minas Gerais, a uma senhora de Bragança responsável por 26 crianças adotadas por ela e até a Faros d’Ajuda, associação que cuida de cães e gatos doentes e abandonados pelas ruas de Bragança.
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