TRT obtém redução da incidência das enfermidades graças a uma política de prevenção

Por Patrícia Campos de Sousa

Desde 2000, o último dia do mês de fevereiro é lembrado em vários países como o Dia Internacional de Conscientização sobre as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), doenças profissionais que acometem trabalhadores de diversos setores em todo o mundo, atribuídas a movimentos repetitivos, má postura, estresse ou trabalho excessivo. A fixação da data tem como objetivo chamar a atenção de empregados, patrões e da população em geral sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento adequado dessas enfermidades. Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Brasil as LER-DORT representam hoje quase metade dos benefícios previdenciários concedidos pela autarquia e já são consideradas um problema de saúde pública.

Embora conhecidas há mais de cem anos, as LER/DORT, também conhecidas por LTC (Lesões por Trauma Cumulativo), tornaram-se mais frequentes a partir da década de 1990, com a difusão da informática e dos computadores. A adoção de medidas preventivas, contudo, ainda é vista como sinônimo de gastos por muitas empresas, que persistem na manutenção de ambientes e rotinas inadequadas à saúde dos empregados. Por outro lado, a falta de informação e/ou o medo de perder o emprego levam muitos trabalhadores a ocultar os primeiros sintomas das doenças ocupacionais, só comunicando sua incidência quando já apresentam total incapacidade laboral.

Entre as enfermidades classificadas como LER-DORT pelo Ministério da Saúde brasileiro, as mais comuns são as tenossinovites (surgidas do atrito excessivo do tendão que liga o músculo ao osso), as tendinites (inflamação de tendões em decorrência do excesso de repetições de um mesmo movimento) e as bursites (inflamações de bolsas que contém líquidos que envolvem ossos e articulações do corpo, amortecendo-os de impactos). Algumas categorias profissionais lideram as estatísticas dessas doenças, como digitadores, secretárias, bancários, metalúrgicos, caixas de supermercado, operadores de linha de montagem e de telemarketing, mas as enfermidades são comuns também entre médicos, jornalistas, professores e servidores do Judiciário, dentre outros profissionais.

A política preventiva adotada no TRT da 15ª

A prevenção às LER-DORT entre os servidores e magistrados do TRT da 15ª Região tem sido uma preocupação constante das últimas administrações da Corte, que mantém um serviço de fisioterapia em sua sede, em Campinas. Segundo o fisioterapeuta do Tribunal, Fauzi El Kadri Filho, os distúrbios osteomusculares relacionados com a atividade laboral mais comuns no Regional são as dores nas costas, pescoço e ombros, decorrentes de posturas inadequadas e de contrações estáticas dos músculos por tempo prolongado, e as inflamações nos tendões dos ombros e dos punhos e mãos, causadas por movimentos repetitivos. Para Fauzi, ambos os fatores de risco podem ser eficientemente combatidos com pausas regulares no trabalho e a prática de atividades corporais voltadas ao fortalecimento e alongamento da musculatura envolvida, a chamada ginástica laboral.

Com o auxílio de dois estagiários de Fisioterapia, Fauzi ministra 15 minutos de ginástica laboral, três vezes por semana, a cerca de 400 servidores das sedes judicial e administrativa do Tribunal, em Campinas. No dia 3 de março serão também retomadas as aulas no Fórum Trabalhista municipal, suspensas em maio passado. “A ampliação do trabalho, no entanto, requer o envolvimento de mais servidores e estagiários”, pondera o servidor.

Ainda no campo da prevenção, ele destaca a adoção pelo Tribunal, já há alguns anos, de especificações de mobiliário e equipamentos baseados em critérios ergonômicos, como cadeiras com regulagens adequadas, estações de trabalho, suportes para os pés e apoios para punhos para digitação.

Através da Diretoria de Saúde, o TRT também tem buscado dar apoio aos servidores que já apresentam problemas importantes relacionados às LER-DORT. Dependendo do caso, os servidores podem ser afastados temporariamente do serviço ou alocados em atividades que não agravem seu quadro.

Para o fisioterapeuta do Tribunal, os resultados alcançados têm sido bastante positivos. “Apesar de enfrentarmos dificuldades com relação aos problemas já instalados, que ainda geram períodos prolongados de afastamento em casos crônicos, observamos que está bastante reduzida a ocorrências de casos de LER-DORT nas unidades do TRT em Campinas após a implantação das medidas preventivas, pois podemos atuar no início do quadro através de monitoramento contínuo”, comemora Fauzi.