Ação conjunta transforma VT de Botucatu em um dos destaques da 15ª nos resultados do BNDT
Por Ademar Lopes Junior
Durante os trabalhos da Corregedoria do TRT na Vara do Trabalho de Botucatu, em julho deste ano, a comprovação oficial de que as coisas não iam bem veio com o balanço do vice-corregedor regional, desembargador Gerson Lacerda Pistori, recomendando um estudo “sobre as condições de trabalho, bem como sobre a qualidade de vida dos servidores”, a ser coordenado pela Corregedoria e elaborado pela equipe psicossocial da Diretoria de Saúde, em conjunto com a Secretaria de Pessoal do TRT.
A recomendação da Corregedoria, porém, foi de que, antes do estudo, fosse designado um novo diretor de secretaria da vara, cujo cargo se encontrava vago, “a fim de que os resultados pudessem ser efetivamente auferidos e as providências prontamente tomadas”. Fernando Pinto Alexandre, servidor da VT de Jales, aceitou o desafio e se mudou para Botucatu.
A atuação pioneira no Regional foi deflagrada pela Presidência e pela Corregedoria, tendo como uma das principais ações aquela desenvolvida pela Diretoria de Saúde, mais especificamente pela equipe psicossocial, em parceria com a Diretoria de Pessoal, com a implantação do projeto “Promoção da Saúde no Trabalho, Qualidade de Vida e Clima Organizacional”. Ao todo foram quatro visitas da equipe de saúde do Regional à VT de Botucatu, ao longo de três meses. O trabalho teve foco em dois aspectos principais: orientação de desenvolvimento de equipe e orientação de desenvolvimento gerencial. Num primeiro momento, a equipe diagnosticou os problemas relevantes enfrentados pelos 23 funcionários da secretaria que, segundo o atual diretor, “apresentam números semelhantes aos de um fórum trabalhista”. Nessa fase, foram aplicadas várias dinâmicas de grupo e entrevistas. Num segundo momento, a equipe psicossocial, com o mapeamento das falhas e dificuldades, de ordem de gestão de pessoas mas, principalmente, de relacionamento humano, promoveu a efetiva intervenção, especialmente com trabalhos em grupo.
Walkíria de Magalhães, assistente social que integrou a equipe psicossocial - formada também por Gilberto Antonio Semensato e Adelina Maria Pessinatti Ohashi - afirmou ter encontrado na VT de Botucatu “uma história de desgaste muito grande”. Disse ainda “que os funcionários de lá esperavam uma atenção do Tribunal”. Talvez por isso eles tenham sido tão receptivos. Walkíria lembrou que o trabalho desenvolvido significou um “resgate da dignidade deles como servidores”, além de “capacitação e atualização de todo o quadro”. “Fomos apenas facilitadores do processo”, explicou a assistente social.
Paralelamente aos problemas de gestão de pessoas, a VT de Botucatu registrava também sérias dificuldades na organização e no desempenho de tarefas administrativas. Nesse campo, a Corregedoria, com seu método de gestão por relatórios, desenvolvido pelo corregedor Luiz Antonio Lazarim, foi fundamental para a recuperação da VT. Mudanças estratégicas foram aplicadas, a começar pelo reaproveitamento do espaço da secretaria, passando pelas mudanças das rotinas dos procedimentos.
Resultados positivos
O secretário da Corregedoria do TRT, Vlademir Suato, enfatizou que a ação conjunta da Presidência, Corregedoria, Secretaria de Pessoal e da Diretoria de Saúde, que priorizou a gestão de pessoas e a gestão de processos, só deu certo por causa do comprometimento do novo diretor, Fernando Pinto Alexandre, e de todos os funcionários da VT de Botucatu que, no relatório do dia 5 de dezembro, tinha alçado o primeiro lugar na primeira etapa da estatística do Panorama dos Trabalhos de Inscrição de Devedores no BNDT (o segundo lugar ficou para a VT de Jales, de onde saiu o atual diretor). Suato ressaltou que a VT de Botucatu é a “prova de que com planejamento é possível se alcançarem resultados e qualidade de vida”.
A visita do corregedor do TRT, desembargador Luiz Antonio Lazarim, a Botucatu na última segunda-feira, 5 de dezembro, manteve o tom de elogios e de comemoração pelos bons resultados. Lazarim disse que se sente “gratificado por encontrar uma VT organizada”, e que isso se deve aos servidores.
O exemplo de Botucatu deverá repercutir em outras unidades do Regional. Segundo Lazarim, mudanças deverão acontecer nas “162 unidades” (153 varas do trabalho e nos nove postos avançados). “Tudo o que vamos fazer é para garantir a qualidade de vida”, afirmou o corregedor regional, que concluiu que as novas ações visam “jogar fora essa Justiça do papel, do bate carimbo e da conclusão”, e conclamou os funcionários a aproveitar as comemorações dos 70 anos da Justiça do Trabalho para fazerem as mudanças.
A servidora da VT de Botucatu Maria Luisa Cazarin Ozores Perez também elogiou o ambiente de trabalho. Ela afirmou que hoje “a vara é mais organizada e o ambiente é mais amigo, de equipe”. Maria Luisa atribuiu a recuperação do ambiente de trabalho à equipe de saúde do Tribunal, e ressaltou que o novo método de trabalho implantado “gera um pouco de ansiedade, mas é um bom aprendizado”.
De Jales para Botucatu
Fernando Pinto Alexandre tem 32 anos. No TRT, ele tomou posse como técnico em 2005, na VT de Jales. De lá para cá, formou-se em Direito e quando recebeu o convite para dirigir uma VT, mesmo cheia de problemas, vislumbrou a oportunidade de crescimento profissional e não teve dúvida. Aceitou o desafio. O novo diretor disse que “nesses quatro meses a maior conquista obtida foi o engajamento e a resposta positiva da equipe aos inúmeros desafios que lhe foram propostos a fim de alcançar melhorias no atendimento ao jurisdicionado, na tramitação processual, nas instalações físicas do prédio e na qualidade de vida dos servidores”. E para comprovar, Fernando citou o lançamento de dados processuais no BNDT, finalizado em 18/11/2011 com análise de 4.100 processos e inclusão de 2.800. O novo diretor lembrou que “há muitos desafios a serem superados”, mas garantiu que isso é “o que serve de motivação para nos aperfeiçoarmos”. Para o futuro, ele pretende “acelerar a movimentação processual, reduzindo números e prazos sem descuidar da qualidade dos serviços”.
Segundo Fernando, a VT de Botucatu deverá “inaugurar uma segunda sala de audiências e outras duas salas anexas à secretaria, de forma que as audiências sejam realizadas em menor prazo e haja melhor acomodação dos colegas e do arquivo”. Mas ele ressaltou que “o principal objetivo é promover maciça capacitação dos servidores, a fim de se prepararem para o processo judicial eletrônico, e prestar os serviços à comunidade de forma mais ágil e com mais qualidade”.
Participação dos juízes
De acordo com o corregedor regional, desembargador Luiz Antonio Lazarim, “a colaboração dos juízes que atuam na VT de Botucatu, os quais são os corregedores permanentes da unidade judiciária, igualmente foi decisiva para se alcançarem os resultados obtidos, mormente quando adentra no campo da otimização das rotinas processuais”.
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