Exposição fotográfica inspirada em Clarice Lispector reabre o Espaço Cultural do TRT
A mostra “O Melhor Está nas Entrelinhas”, de Anita Hirschbruch,
reúne trilogia baseada em livros da escritora
Por Patrícia Campos de Sousa e Renata Ananias
O Espaço Cultural do TRT da 15ª Região, no 1º andar do edifício-sede da Corte, em Campinas, inaugurou a sua programação de 2011 nesta terça-feira, 5 de abril, com a exposição “O melhor está nas entrelinhas”, da fotógrafa Anita Hirschbruch. A mostra é inspirada na obra de Clarice Lispector e está aberta à visitação pública até 6 de maio, de segunda a sexta-feira, das 12 às 18 horas, com entrada franca. A sede do Tribunal fica na Rua Barão de Jaguara, 901, no Centro.
A vernissagem foi aberta pelo presidente do Regional, desembargador Renato Buratto, que homenageou tanto a fotógrafa quanto sua musa inspiradora. “Anita inspirou-se na riqueza dos textos e na profundidade do universo particular de Clarice Lispector, uma das mais destacadas escritoras que o Brasil teve a honra de conhecer no século 20.” Buratto ressaltou a contribuição da colega Mariane Khayat, curadora da mostra, para que a exposição se tornasse realidade.
“Adorei o Espaço Cultural do TRT da 15ª e a forma como a exposição foi montada. É um espaço ótimo para trazer até mesmo grandes esculturas e tem capacidade para abrigar mais de uma mostra simultaneamente”, disse Anita, com entusiasmo.
A vernissagem contou também com a presença dos desembargadores Lorival Ferreira dos Santos, vice-presidente
judicial da Corte, e Gerson Lacerda Pistori, vice-corregedor regional, além de outros titulares do Tribunal, juízes, servidores e familiares e amigos de Anita, resultando em um público de aproximadamente 100 pessoas.
A exposição conta com o patrocínio da Caixa e com o apoio cultural do Laboratório Foto Digital (Labtec).
Várias técnicas
A exposição é composta de três ensaios fotográficos baseados nas obras “O ovo e a galinha” (1971), “Água viva” (1973) e “A maçã no escuro” (1961), de Clarice Lispector. As fotos são acompanhadas de trechos dos livros, que, segundo Anita, têm a função de induzir à “leitura” das fotografias e vice-versa.
Ao todo são 76 fotos produzidas de modo analógico em filme preto e branco. As 12 peças da composição “O ovo e a galinha” foram realizadas com o emprego da técnica laboratorial conhecida como “puxamento de ASA”, que possibilita granular a fotografia, aproximando-a de um quadro expressionista/pontilhista. Já as 17 fotografias do ensaio “Água viva” receberam tratamento químico para que ficassem azuladas (banho de viragem, tratamento que modifica a cor da foto). As demais 47 peças, do ensaio “A maçã no escuro”, foram produzidas de modo tradicional.
Atuação profissional intensa no País e carreira artística internacional
Anita Hirschbruch é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e foi por muitos anos uma das responsáveis pelo Setor de Fotografia da Cinemateca Brasileira, instituição voltada à preservação do acervo audiovisual do País. Atualmente dirige o Setor de Fotografia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de São Paulo, órgão do Ministério da Cultura.
A fotógrafa já participou de várias exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. A composição “O ovo e galinha”, por exemplo, apresentada como dissertação de mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP, foi exibida no 22º Rencontres Internationales de la Photographie de Arles, na França. Juntamente com o ensaio “Água viva”, foi exibida também no Instituto Cultural Brasil-Alemanha, em Berlim.
Atualmente Anita Hirschbruch participa do movimento “Viva Paraitinga!”, iniciativa de fotógrafos que retrataram a cidade paulista de São Luiz do Paraitinga. Com a venda de cópias das fotos exibidas no site da campanha (www.vivaparaitinga.com.br), está sendo constituído um fundo para ajudar na reconstrução do município, que teve seu acervo histórico parcialmente destruído pelas chuvas que atingiram a região em janeiro de 2010.
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