Abstração e Fantasias, de Píndaro Zerbinatti, é a nova mostra do Espaço Cultural do TRT

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Por Ademar Lopes Junior

O presidente do TRT-15, desembargador Renato Buratto, inaugurou oficialmente na tarde desta terça-feira (27/11) a exposição "Abstração e Fantasias", do artista plástico Píndaro Zerbinatti. Desembargadores, juízes, servidores e convidados prestigiaram a vernissagem da mostra, que reúne, no Espaço Cultural da Corte, no edifício-sede do Regional, em Campinas, 39 quadros (acrílico sobre tela), representantes de duas fases do artista.

Em seu discurso, o presidente Buratto ressaltou que a principal proposta e o mais importante objetivo do Espaço Cultural é "possibilitar o congraçamento da sobriedade de uma corte de justiça com a leveza da expressão artística", considerando-se "possuir a arte um poder humanizador e transformador da sociedade". Buratto também reconheceu publicamente os esforços da coordenadora e curadora do Espaço, desembargadora Mariane Khayat, a quem atribuiu o mérito de ter possibilitado, ao longo da atual administração do Regional, a reativação, "com extremo sucesso e grande qualidade de exposições, esta bela área de convívio social".

 

Ao autor das obras, a quem Buratto chamou de "querido artista e amigo Píndaro Zerbinatti", o presidente agradeceu pela gentileza de "descortinar a todos nós a beleza de sua arte". O magistrado ressaltou ainda o fato de Zerbinatti ter exposto sua obra "nos principais espaços artísticos do interior paulista, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo". Assinalou também que o reconhecimento do talento de Zerbinatti "ultrapassou nossas fronteiras e hoje é internacional, com obras integrando acervos particulares nos Estados Unidos, Chile, Argentina e Bélgica".

Sobre a arte e sua definição, o presidente buscou nos estudiosos a melhor concepção, lembrando que, segundo eles, a arte é "a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada a partir da percepção, das emoções e das ideias do indivíduo". Buratto, porém, salientou que "o conceito de arte permanece, a rigor, indefinido" e que para os "meros apreciadores do que é belo e estético", parece suficiente parafrasear o escritor Affonso Romano de Sant´anna, ao concluir dizendo que "arte e vida se misturam. Fantasia e realidade se acrescentam".

A desembargadora Mariane Khayat, em seu breve discurso, ressaltou que o "juiz não é restrito apenas às questões jurídicas". Ela lembrou que poucos são os tribunais que "realizam um espaço cultural como o nosso". Para a desembargadora, curadora do Espaço Cultural do TRT-15, com sete exposições em dois anos, "o nome do TRT-15 ficou aliado à cultura". A magistrada, elogiando a iniciativa do desembargador Buratto em revitalizar o Espaço Cultural, presenteou o presidente da Corte com um livro sobre a obra de Henri Matisse.

O autor e sua obra

 

O primeiro quadro da primeira fase de Zerbinatti, chamada de "Fantasias", data de 1991. Ao todo são 13 obras que refletem um acentuado aspecto erotizado. O autor caracterizou os trabalhos dessa fase mais antiga como sendo todos de "fundo monocrático e figuras dispostas aleatoriamente, sempre com um traço que as une e lhes dá movimento".

As outras 26 telas integram a segunda fase (atual) do artista, chamada de "Abstração". Nessas, imperam traços disformes, semelhantes a arabescos, e muita cor em tons quentes. A profusão de traços jorra em formas variadas, como ramalhetes. As imagens dançam nas telas de fundo monocromático e lembram, à primeira vista, uma estamparia.

Píndaro Zerbinatti, que também é médico anestesista, começou a pintar na década de 1970. Autodidata, ele conta que sua esposa foi sua primeira incentivadora, quando percebeu seu talento para o desenho. No início, seus trabalhos não ousavam tanto, mas não demorou para o artista perceber que "estava apenas preenchendo espaços", situação que passou a ser insustentável, segundo ele mesmo admite. "Agora, é uma surpresa só", afirmou Zerbinatti, que não esconde o fato de gostar de impactar seu público.

O artista, que afirma ser daltônico, abusa das cores, obedecendo porém a uma regra que se repete em suas obras: a de explorar uma determinada cor, uma de cada vez, e seus tons. O daltonismo, segundo ele, "tornou-se uma vantagem, já que ele criou seu próprio código de cores".

Zerbinatti afirma que não busca inspiração nos clássicos, mas não esconde que admira muito a obra de Wassily Kandinsky, Joan Miró e Henri Matisse, este por suas cores vibrantes. Em Campinas, onde está radicado desde a década de 1960, o artista plástico diz que admira a obra dos colegas Mário Bueno, Tomás Perina e Egas Francisco.

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