Após 20 anos na Bibilioteca do TRT, Elízia Ferraresi se despede dos colegas
Por Patrícia Campos de Sousa
Dezenas de servidores vieram cumprimentar, na tarde desta sexta-feira (27/4), a colega Elízia Maria Ferraresi de Andrade, assistente-chefe da Bibilioteca Délio Maranhão, do TRT da 15ª Região. Ela se aposentou no último dia 19 de abril, a dez dias de completar 70 anos de idade. “Por mim eu continuaria trabalhando, pois gosto do que faço”, confessa Elízia, que em fevereiro fez 25 anos de Tribunal, 20 dos quais cuidando do acervo bibliográfico da Corte, uma referência na área jurídica para a toda a região.
Professora normalista formada na década de 1960 e graduada em Artes Plásticas, Elízia pouco se dedicou ao magistério ou às artes. Chegou a lecionar para crianças por dois anos e serviu por mais sete na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, mas deixou o trabalho para se dedicar exclusivamente à família. Em fevereiro de 1987, aos 45 anos de idade e já com os três filhos criados, tornou-se servidora do recém-criado TRT da 15ª Região. Após servir na 1ª Junta de Conciliação e Julgamento (designação então dada às atuais varas do trabalho) de Campinas, no Serviço de Distribuição dos Feitos do Fórum Trabalhista e na 5ª Turma da Corte, Elízia “encontrou-se” no trabalho com o então incipiente acervo da Biblioteca do Regional, setor para onde se transferiu em junho de 1992 e do qual não mais saiu.
“Quando eu vim para a Biblioteca, então instalada no 2º andar do prédio da Rua Conceição [atual Sede Administrativa do TRT], vivíamos praticamente de doações”, conta Elízia, que também acompanhou a implantação, ainda em 1992, do primeiro programa para indexação eletrônica do pequeno acervo então constituído. “A então chefe da Biblioteca, Heidi Aparecida Terezinha Epiphanio Pimentel, conseguiu com a Embrapa um programa, que depois foi adaptado para as nossas necessidades.”
Elízia também acompanhou a transferência da Biblioteca e dos setores de Legislação e Jurisprudência, de Documentação e de Imprensa, todos vinculados ao Serviço de Documentação, para o 3º andar do atual edifício-sede da Corte, na Rua Barão de Jaguara, em 2000. Em torno de 2005 a Biblioteca passou a fazer parte da então Ematra XV, atual Escola Judicial, “época em que foram adquiridos cerca de 500 exemplares de livros e passamos a contar com uma rubrica própria para atualização do acervo”, recorda-se.
A principal renovação testemunhada pela servidora parece ter sido, contudo, a adoção, em 2008, do programa Sistema de Automação de Bibliotecas (SIABI), em atendimento à Instrução Normativa nº 30 de 2007, do TST, que pretendia a uniformização das páginas de pesquisa das bibliotecas dos 24 TRTs do País. “O SIABI revolucionou a utilização do acervo, agilizando os procedimentos de busca. Permite ao usuário não apenas pesquisar o acervo, mas também fazer reservas de livros, renovar empréstimos ou sugerir obras por meio eletrônico”, explica Elízia, que participou da implantação do programa.
Outro avanço importante, segundo ela, deu-se em 2009, quando a Biblioteca adquiriu o status de pública. Desde então, todas as obras do seu acervo passaram a ser consideradas “material de consumo”, tornando mais fácil a compra, doação, troca e até mesmo o descarte de duplicatas de livros e periódicos recebidos em doação. Antes de 2009, as obras eram classificadas como materiais permanentes, parte do patrimônio do Tribunal, o que impedia que fossem descartadas, caso não tivessem interesse para o acervo. Desde então, conta Elízia, a Biblioteca do TRT já realizou com sucesso três feiras de doação de duplicatas de livros jurídicos ou não e de periódicos.
Hoje a Biblioteca Délio Maranhão reúne um acervo de 8.879 livros, não apenas de Direito, e quase 67 mil artigos de periódicos, organizado segundo padrões modernos e disposto em instalações amplas e refrigeradas, garantindo-se o acesso de cadeirantes às estantes. Uma sala de estudo isolada, acessível também ao público externo – em grande parte formado por candidatos de concursos para ingresso na Magistratura ou no Ministério Público –, garante a privacidade e o conforto do leitor. Somente no ano de 2011 foram ali acessados 8.400 livros e teses e 4.539 periódicos, para empréstimos domiciliares, consultas ou retiradas para cópias.
Além do processamento técnico do material bibliográfico (catalogação, classificação, inserção dos dados em base própria, etiquetagem e disponibilização nas estantes), para a efetivação das consultas e empréstimos, e da busca dos materiais solicitados em outras bases de dados (Internet, editoras, bibliotecas de faculdades, universidades e órgãos do governo), para a obtenção de cópia ou empréstimo por permuta, o Setor de Biblioteca do TRT é responsável pelas pesquisas junto a editoras e livrarias para a renovação e atualização do acervo, bem como pela compilação e encaminhamento dos pedidos de aquisição de livros apresentados pelos magistrados e demais usuários.
“Sem dúvida, muita coisa mudou desde que eu cheguei aqui. Menos o ambiente de trabalho harmonioso e alegre que sempre caracterizou nossa equipe”, comemorou Elízia, que, segundo admitiram os inúmeros colegas que vieram homenageá-la, vai deixar muita saudade. Após tantos anos voltados a auxiliar o trabalho de pesquisa de magistrados, servidores e estudantes, ela pretende agora se dedicar aos cinco netos e a um de seus hobbies prediletos: a leitura. Prestes a completar 45 anos de casada, pensa também em, mais adiante, viajar com o marido.
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