Momento marcante: Tribunal realiza curso que visa preparar servidores para a aposentadoria

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Por Ademar Lopes Junior

O Programa de Preparação para Aposentadoria (PPA) do TRT da 15ª Região, publicado no site do Regional em 24 de janeiro, Dia do Aposentado, é o primeiro curso elaborado pela equipe de apoio psicossocial da Diretoria de Saúde, em parceria com a Diretoria de Pessoal, destinado a servidores que estejam às vésperas de deixar a ativa. As inscrições começaram no próprio dia 24 e se estendem até 10 de fevereiro. O projeto é piloto e visa, num primeiro momento, atingir os servidores que estão recebendo o chamado Abono Permanência – instituído pela Emenda Constitucional 41, de 2003, é o reembolso da contribuição previdenciária, devido ao funcionário público que esteja em condição de aposentar-se, mas que optou por continuar em atividade – ou que estejam na iminência (menos de dois anos) de se aposentar.

A estrutura programática do PPA conta com dois eixos: um de curso de preparação para aposentadoria e outro de apoio psicossocial. O primeiro aborda questões mais técnicas, como pressupostos da aposentadoria, legislação específica e trabalho voluntário, entre outros. O eixo de apoio psicossocial, que se estenderá ao longo do ano de 2012, vai focar no atendimento individual e/ou familiar (em Campinas), mediante demanda espontânea, abordando questões específicas vivenciadas no processo de se aposentar. O atendimento vai ser feito também por telefone, e o programa prevê ainda encaminhamentos e contatos regulares com os participantes. A participação no PPA será voluntária.

Passagem ritualizada

Se Marcel Proust estava certo quando disse que “a verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos”, o novo curso do TRT para os servidores prestes a se aposentar poderá representar uma confortadora descoberta. Ao todo são 212 servidores que recebem a rubrica denominada Abono de Permanência em folha de pagamento (até janeiro de 2012), segundo Maria Lucimara Costa Souza, assistente-chefe do Setor de Preparação de Pagamento de Inativos e Pensionistas do Regional. Ao todo na Justiça do Trabalho da 15ª Região existem hoje 542 servidores aposentados (também até janeiro de 2012).

Para Gilberto Antonio Semensato, responsável pela Área de Assistência Social do TRT, o PPA vem atender a uma necessidade de servidores que, cada vez mais, solicitam orientação e informação sobre aposentadoria.

Semensato salientou que o programa “de forma alguma tem a intenção de fazer apologia nem conduzir o servidor à aposentadoria”, mas prevê dar “condições para que o servidor encontre recursos internos para lidar com o tema”. O assistente social ressaltou que, a exemplo de outras fases da vida, a aposentadoria representa um rito de passagem e, como “toda mudança, é assustadora”. Daí a importância do PPA, que vem sendo pensado há quase um ano pela equipe da Diretoria de Saúde do Regional, com o objetivo de “ritualizar essa passagem”, concluiu Semensato.

Sonhos ou pesadelos?

“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta!”, já dizia Carl Jung. Para muitos servidores do TRT da 15ª, especialmente para os que estão próximos de se aposentar, esse “olhar para fora” é mais que necessário, é fundamental. Olhar para fora do círculo do trabalho, do dia a dia dos afazeres talvez seja a chave para uma nova realidade. A servidora Marli Damasceno de Abreu, que se aposentou como diretora administrativa do Regional em dezembro de 2011, pensa exatamente assim. Para ela, que planejou sua aposentadoria, “o trabalho faz parte da vida, mas não pode ser a preocupação central da pessoa”. Marli, que chegou a integrar a Comissão de Instalação do Regional, em 1986, e que dedicou 25 anos de trabalho à instituição, disse estar “extremamente feliz com o momento que está vivendo”.

Graduada e pós-graduada em Administração de Empresas, ela disse que não pensa mais em trabalhar com administração. “Quero muito fazer cursos, aprender novos idiomas, viajar, estudar História, especialmente História da Arte...”, afirmou, convencida de que o tempo de trabalhar, como alguns outros investimentos da sua vida, já é “página virada”. Para os colegas que ainda têm dúvida em dar o passo em direção à aposentadoria, Marli aconselha: “Não tenham medo da vida sem o trabalho. Lembrem-se de todos os interesses que foram colocados de lado por causa do trabalho e procurem o prazer e o desenvolvimento próprios”.

Para a diretora da 2ª Vara do Trabalho de Campinas, Maria Isabel Mendes, o momento da aposentadoria tem sido adiado há quase dois anos. Segundo ela, que trabalha desde os 15 anos, e há quase vinte no TRT, “a possibilidade de se aposentar seduz, mas ao mesmo tempo é um passo muito difícil de se dar”. Maria Isabel afirmou que ainda se sente muito ativa e com muita capacidade de trabalho, e por isso até já pensou em se tornar empresária depois que sair do Tribunal, mas não esconde que ainda tem muitas dúvidas a respeito do assunto.
Fotos: Denis Simas


Elízia Maria Ferraresi de Andrade, da Biblioteca do Tribunal: 25 anos dedidados à Corte

Elízia Maria Ferraresi de Andrade está no TRT desde 1987. Professora normalista formada na década de 1960 e graduada em Artes Plásticas, ela nunca se dedicou ao magistério nem às artes. A dedicação ao Tribunal tem sido, há 25 anos, seu único projeto. Talvez por isso ela esteja com tanta dificuldade de pensar numa nova vida depois de abril deste ano, quando estará aposentada compulsoriamente, por completar 70 anos. “Por mim eu continuaria trabalhando, pois gosto do que faço”, desabafou Elízia.

 

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