Por José Francisco Turco

Foi aberto na manhã desta quinta-feira (23/8) mais um Curso de Desenvolvimento Gerencial, que neste ano esmiúça o conceito de gestão por competência. Idealizada pela atual Administração do TRT da 15ª Região e realizada pela Diretoria de Pessoal, por meio do Setor de Seleção e Treinamento do Serviço de Administração de Pessoal, a iniciativa cumpre o disposto na Lei 11.416/2006, segundo a qual é obrigatória a participação dos titulares de funções comissionadas de natureza gerencial em cursos de desenvolvimento sob a responsabilidade dos respectivos órgãos do Poder Judiciário da União. No total, estão participando 314 gestores – tanto da área judicial, quanto da administrativa –, somando a turma presente no evento nestas quinta e sexta-feira, e a próxima, que se reúne nos dias 20 e 21 de setembro deste ano. A carga horária do curso é de 17 horas.

Compuseram a mesa de abertura dos trabalhos o presidente do TRT, desembargador Renato Buratto, o corregedor regional, desembargador Luiz Antonio Lazarim, o diretor da Escola Judicial da 15ª, desembargador Samuel Hugo Lima, o diretor-geral de Coordenação Administrativa do Regional, Evandro Luiz Michelon, e a diretora de Pessoal, Adriana Martorano Amaral Corchetti. O evento contou ainda com a presença dos desembargadores Flavio Allegretti de Campos Cooper, Manuel Soares Ferreira Carradita e Edmundo Fraga Lopes, e do juiz auxiliar da Corregedoria Regional, Renan Ravel Rodrigues Fagundes.

Em seu discurso, o desembargador Buratto enfatizou que, entre as prioridades que elegeu no início de seu mandato, a elaboração de uma política de capacitação de magistrados e servidores teve especial atenção. Disse que aprovou no final do ano passado o projeto de gerenciamento, com o objetivo de incrementar "o nosso negócio público". O magistrado aproveitou para manifestar mais uma vez, na figura dos gestores que estão fazendo o curso, o seu apreço e reconhecimento pelos servidores. Buratto os qualificou, por três vezes seguidas, como "incansáveis" batalhadores e conclamou todos a abandonar parâmetros "que em nada servem" e a explorar novos caminhos. "Eu desejo que esse treinamento seja proveitoso", complementou o presidente, desejando sucesso a todos.

Em seguida, Adriana Amaral enfatizou que a versão do curso ministrado este ano aos gestores é cem por cento focada na gestão por competência. Segundo ela, um dos principais objetivos é identificar lacunas e capacitar os gestores para novos conhecimentos, que agreguem valor às atividades desenvolvidas pelo Regional. Ela agradeceu "imensamente ao presidente, que vem conduzindo de forma visionária o Tribunal e que vai deixar um legado de transformação. É isso que se espera do administrador público moderno. Muito obrigado por nos delegar essa missão".

Aprovado pela Presidência do Regional, o projeto de Gestão por Competências vem sendo gestado há cerca de um ano e está em conformidade com a Resolução 92/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT). A implantação do projeto está a cargo da Leme Consultoria, que capacitou inicialmente uma equipe composta por 22 servidores, representantes de todas as áreas do Tribunal.

Não ter medo da mudança

Coube ao filósofo e professor Mario Sergio Cortella a primeira exposição do dia, com o tema "Gestão por Competência, um Desafio Urgente". O renomado palestrante, com muito humor e carisma, destacou que não devemos melhorar para sermos melhores que os outros, mas para melhorar a sociedade. Ele ressaltou também que os compromissos de evolução e de melhora não podem ficar apenas no campo das intenções. Cortella, que tem uma filha advogada, disse ainda ter uma admiração especial pela Justiça, "onde se ganha a vida cuidando de vidas". Para o palestrante, por mais que se faça alguma coisa de maneira ótima, o melhor sempre pode ser feito. "Por isso mesmo, o autodesenvolvimento é decisivo", evidenciou.

Ele ressaltou ainda que o Judiciário, por ser um monopólio público, precisa ser competente. "E nossa competência mudou", disse Cortella, ao perguntar aos participantes do curso se eles haviam feito algum dia um curso de datilografia (a resposta positiva foi praticamente unânime). O palestrante usou o ano da morte de Ayrton Senna (1994) e a vida do piloto como paradigmas. Lembrou que os aficionados que acompanharam as grandes conquistas do tricampeão de Fórmula 1 começarão, em breve, a conviver no ambiente de trabalho com colegas que não viram o esportista em ação. "Esses jovens logo estarão trabalhando com vocês no TRT, e, talvez em pouco tempo, chefiando vocês", alertou. Ele lembrou que o grande campeão não chegou a ver no Brasil o acesso público à Internet, que se deu em 1996, nem a chegada dos iPod e iPad ou dos mp3, mp4 e mp5, entre outros recursos tecnológicos. "Quando o Senna morreu nós usávamos CD para ouvir música", disse.

Com várias comparações, o palestrante chamou a atenção do público sobre como o tempo tem passado rapidamente e para as mudanças que aconteceram em tão pouco tempo, nas últimas décadas. Cortella ressaltou que toda mudança gera apreensão e que, se os gestores estão com medo, "isso é bom, pois a melhor maneira de ficar vulnerável é se achar invulnerável". Para ele, o medo é um sentimento positivo. "O que não pode existir é o pânico, que paralisa." O que é importante nesses tempos de mudança, segundo Cortella, além da capacidade de enfrentar o medo, é ser humilde. "O que não significa subserviência."

Na opinião do palestrante, o autodesenvolvimento exige autoconhecimento. Ele recomendou que todos sigam a mensagem do compositor Geraldo Vandré – "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer" – e concluiu citando frase do beneditino francês François Rabelais: "Conheço muitos que não puderam quando deviam porque não quiseram quando podiam".

Curso segue com atividades para os gestores

Ainda no final da manhã, foi proferida a palestra "Gestão por Competência no Setor Público, Alinhamento com a Resolução 92 do CSJT", pelo professor Rogério Leme, um dos sócios da consultoria que está implantando a modalidade de gestão na 15ª. Entre várias abordagens, o palestrante explicou o que é, na prática, a gestão por competência. Ele comentou também a sua experiência na implantação da ferramenta em organizações dos setores público e privado. Em sua explanação, ressaltou que os atuais gestores foram capacitados para a gerência de projetos, e não de pessoas.

Para a sequência do curso, na tarde desta quinta e ao longo da sexta-feira, os cerca de 150 participantes foram divididos em três grupos, para desenvolver atividades práticas sob a supervisão da equipe do professor Rogério Leme.