Atividades do Grupo Móvel da Presidência do TRT chegam a Tietê

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Por Luiz Manoel Guimarães

Colaborou Letícia Boaretto

O Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) deu início às suas atividades na última semana na Vara do Trabalho (VT) de Tietê, na região de Piracicaba. Coordenado pelo juiz Flavio Landi, o Grupo visitou a VT na terça-feira, 4.

Em sua missão de interagir com todas as 153 varas do trabalho da 15ª, bem como com os postos avançados (são nove até o momento), o GMP busca identificar as demandas locais e criar oportunidades de aprimoramento. As dinâmicas aplicadas pelo Grupo têm ênfase em indicadores de estresse e qualidade de vida, como a prática ou não de atividade física e a alimentação. Os dados coletados nos quatro meses de atuação da equipe indicam um alto índice de sedentarismo entre magistrados e servidores da Justiça do Trabalho da 15ª Região. Não por acaso, a Secretaria de Saúde do Tribunal lançou este ano uma campanha – com o slogan "Mexa-se TRT15" – para estimular esse público a incluir em sua rotina a prática de exercícios físicos e modalidades esportivas.

Estudioso do ser humano

Formado em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) em 2000, Márcio Roberto Santim da Silva fez mestrado (2004) e doutorado (2008) pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Paralelamente às suas atividades como servidor da Justiça do Trabalho da 15ª Região, na qual ingressou em dezembro de 1994, na 4ª VT de Campinas – em agosto do ano seguinte já fazia parte da equipe da VT de Tietê –, Márcio se tornou um estudioso do comportamento humano.

Inspirado no "boom" dos reality shows (o primeiro Big Brother Brasil é de 2002), focou sua dissertação de mestrado no voyeurismo, analisando o que qualificou de "interesse obsessivo que o ser humano tem por conhecer a intimidade das outras pessoas". Na visão de Márcio, os "realities" são, na essência, "a exploração comercial da vida privada, que virou mercadoria". Nesse contexto, o telespectador empreende "uma busca desesperada para encontrar um sentido para a própria vida, observando a vida de outras pessoas, sejam elas famosas ou anônimas, num processo de identificação", observa ele. Na outra ponta do processo, o participante do programa, ao se expor, "almeja o reconhecimento de quem o vê", acrescenta Márcio. "É um jogo de espelhos, uma via de duas mãos. Não dá para dissociar o voyeurismo do exibicionismo, o interesse em ver do desejo de se mostrar. Um é complemento do outro."

Quanto aos gêneros, embora seja uma "tradição" em processo de mudança, o pesquisador assegura que o voyeurismo, quando o tema é a simples observação do corpo alheio, ainda é predominantemente masculino. Mas, se se trata de esquadrinhar a intimidade de terceiros, com suas intrigas e fofocas, estamos falando de um terreno tipicamente feminino, correto? Nada disso, pelo menos segundo Márcio. "Nessa seara homens e mulheres empatam, ficam no ‘elas por elas'", garante ele.

Já no doutorado, o psicólogo analisou o culto ao corpo nas academias de musculação. "Em minha tese, conclui que a principal motivação dos frequentadores assíduos dessas academias é estética. A saúde fica em segundo plano." A pesquisa deu origem ao livro "Culto ao Corpo", lançado em 2010 pela editora Blucher, de São Paulo, capital.

Atualmente Márcio procura propagar o conhecimento adquirido em suas pesquisas proferindo palestras que têm como tema principal exatamente o culto ao corpo e as questões estéticas e de saúde envolvidas nisso. Estudantes de ensino médio e universitários são seu público mais frequente. Ele já palestrou na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e no Centro Universitário Hermínio Ometto (Uniararas), por exemplo. Na própria Tietê, falou sobre os perigos do uso de anabolizantes. "Foi para alunos de ensino médio, de uma escola particular da cidade. Eram adolescentes de 16, 17 anos."

"Tenho palestrado também sobre o chamado ‘ócio criativo', inclusive para os próprios servidores da Justiça do Trabalho", acrescenta Márcio. "Em 2011 falei a respeito para aproximadamente 140 colegas, numa teleconferência realizada por meio do site do CSJT [Conselho Superior da Justiça do Trabalho]."

Além de novas palestras, os planos atuais do pesquisador incluem a criação de um blog ou site no qual suas ideias possam alcançar um número maior de pessoas, além da publicação de um novo livro. "Quero escrever novamente sobre esses temas, mas no gênero ficção, um romance em que eu possa abordar todas essas situações e problemas por meio de meus personagens."

     Tese de Márcio Roberto Santim da Silva deu origem ao livro "Culto ao Corpo", lançado em 2010 pela editora Blucher. "A principal motivação dos frequentadores assíduos das academias é estética. A saúde fica em segundo plano."

Fazendo música e não jogando bola

Já o analista de sistemas Alexandre Grando encontrou na música a melhor forma de enriquecer o tempo em que não está trabalhando na VT de Tietê, onde, além de assistente da diretora da secretaria da unidade, Sandra Regina Trevizan Forti, é também, por conta da formação na área, o administrador da rede de informática. Prestes a completar 20 anos como servidor da Justiça do Trabalho (em março de 2014) e 18 em Tietê (agosto deste ano), Alexandre empresta sua voz há exato quarto de século ao coral da Igreja da Santíssima Trindade, a Matriz do município. "São umas trinta pessoas, entre homens e mulheres. Ensaiamos às quartas-feiras, a partir das oito e meia da noite. Saio do trabalho às sete e ainda dá tempo de jantar em casa antes. E faço tudo isso a pé. Aqui é tudo pertinho."

As apresentações ocorrem na missa das 19h30 de domingo. "Este ano, no aniversário da cidade, em 8 de março, tivemos um espectador ilustre. O vice-presidente da República, Michel Temer, que é tieteense, visitou a cidade para participar das comemorações e assistiu ao coral", lembra Alexandre.

Mais recentemente, há dois anos, o servidor passou a integrar outro coro, este apenas de vozes masculinas. "Somos uns trinta, talvez quarenta, que se apresentam apenas em ocasiões especiais. O Dia dos Pais, por exemplo. Cantamos aqui em Tietê e em cidades vizinhas, como Cerquilho e Laranjal Paulista", detalha o servidor.

"A música me ajuda a relaxar. A cabeça fica mais leve. Além disso, me proporciona um círculo de amigos incrível", sublinha. "É como no futebol. Como eu não sei jogar bola, o meu futebol é a música", diverte-se ele.

     Analista de sistemas, Alexandre Grando é o administrador da rede de informática da VT. Participação no coral da Matriz traz amigos e alivia o estresse do dia a dia na Justiça do Trabalho

Rio Grande

A história de Tietê começa com os bandeirantes que desbravavam o sertão paulista pelas águas do rio que hoje é "xará" da cidade. Graças à farta irrigação, as terras da região eram muito férteis e logo atrairiam a formação de um primeiro núcleo populacional, que, em 1747, segundo levantamento do vigário Francisco Campos, já era constituído por cerca de 140 residências. O nome Tietê, aliás, vem do tupi-guarani – ti significa rio, e ete, grande, fundo, verdadeiro, que corre para baixo. Não à toa, o Rio Tietê compõe a Bacia do Prata, a quinta maior bacia hidrográfica do mundo e a segunda maior do continente.

De acordo com o último censo do IBGE (2010), a população do município é de cerca de 37 mil habitantes. A VT atende também as cidades de Boituva, Cerquilho, Conchas, Jumirim, Laranjal Paulista, Pereiras e Porto Feliz, num total de aproximadamente 225 mil pessoas. (Com informações da Prefeitura de Tietê).

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