Em Bragança Paulista, Grupo Móvel da Presidência do TRT vê trabalho de preservação ambiental

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Por Luiz Manoel Guimarães

Além de Estância Climática, Bragança Paulista é a "terra da linguiça", prato típico da cidade. E é também sede de uma unidade da Justiça Trabalhista particularmente preocupada com a preservação ambiental. A Vara do Trabalho (VT) local desenvolve há vários anos atividades importantes em prol do meio ambiente, conforme constatou o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP), que visitou a VT em mais uma etapa de sua missão de interagir com todas as unidades de 1º grau da 15ª Região.

Coordenado pelo juiz Flavio Landi, o GMP busca identificar as demandas locais e criar oportunidades de aprimoramento, funcionando como um canal de comunicação direto entre as unidades visitadas e a Presidência da Corte. As dinâmicas aplicadas pelo Grupo têm ênfase em indicadores de estresse e qualidade de vida. Não por acaso, os dados levantados pelo GMP serão submetidos, inclusive, à Comissão de Qualidade de Vida do TRT da 15ª Região, criada em junho deste ano para auxiliar a Presidência do Regional nas iniciativas no sentido do bem-estar de magistrados e servidores da 15ª. Presidida pela desembargadora Gisela Rodrigues Magalhães de Araújo e Moraes, a Comissão é composta também pela desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, pelo juiz Flávio Landi e pelas servidoras Adriana Martorano Amaral Corchetti, diretora-geral substituta do TRT, e Heloísa Helena Mazon Zakia, secretária de Saúde do Tribunal.

Atenção ao meio ambiente

A cerca de 70 quilômetros de Campinas, Bragança Paulista tem 147 mil habitantes, segundo o IBGE. A jurisdição da VT inclui também os municípios de Pedra Bela, Tuiuti, Joanópolis, Vargem e Pinhalzinho, totalizando 192 mil pessoas.

No comando das ações de preservação ambiental na VT bragantina estão as servidoras Auriedna Castilho Moreira e Adriana Naomi Ishimoto. As iniciativas giram em torno da coleta de material reciclável, incluindo pilhas, baterias e óleo de cozinha usados. A sede da VT, na Avenida dos Imigrantes, 1.387, tornou-se um posto oficial de coleta (com direito a divulgação no site da Prefeitura do município) não só do que resulta do dia a dia da unidade, mas também da comunidade do entorno. Além disso, os servidores da Vara também trazem de casa materiais para reciclagem.

As pilhas e baterias são entregues ao Banco Santander, que assume a responsabilidade pela destinação correta do material tóxico, e os volumes restantes são retirados pela empresa Reciclagem Taquaral, com exceção do óleo de cozinha, que é recolhido pelo criador do projeto "Óleo aos olhos", Marco Antonio de Almeida. A VT conta ainda com o apoio do Bragança Jornal Diário, o principal periódico da cidade e que veicula gratuitamente as medidas ecológicas adotadas na unidade.

Só de óleo de cozinha são coletados na VT de 40 a 50 litros por mês, garante Auriedna, que é servidora da unidade desde janeiro de 2005. Em Bragança, também há postos de coleta em bares, restaurantes e postos de gasolina, e a coleta anual no município chega a 25 mil litros aproximadamente, segundo Almeida. Todo esse conteúdo é vendido a empresas da região e da capital do estado, para transformação em sabão, biodiesel e até em massa de vidraceiro, usada para fixação de vidros em janelas e basculantes. Parte do volume coletado é trocado por material de limpeza, que é doado a entidades beneficentes.

Outra iniciativa dos servidores da VT é o engajamento na Campanha do Agasalho, repetida anualmente nos meses de inverno. Todas as peças doadas são entregues à Prefeitura, que as distribui à população carente do município.

Projetos individuais também mobilizam os servidores

Além de suas atividades em prol da preservação ambiental, Auriedna Castilho Moreira também se dedica, pelo menos de quatro a cinco horas por semana, ao mosaico e à pátina. "É um momento muito lúdico, que me permite ficar bem quieta, refletindo. Traz muita paz", sublinha ela, que já "emplacou" um trabalho, um mosaico de 1,80 m X 0,90 m, na recepção de um hotel em Poços de Caldas.

Já sua colega Débora Ciuffo dos Santos, secretária de audiências na VT, encontrou no trabalho voluntário a oportunidade de realizar algo além da rotina diária na Justiça do Trabalho. Bragantina "da gema", Débora conquistou seu primeiro emprego formal justamente ao ser aprovada no concurso para ingresso no quadro de servidores do TRT-15, em 2004. Sua posse ocorreu em maio de 2005. Antes, advogou em Goiatins (aonde foi para morar com o pai, médico), município de apenas 12 mil habitantes no Tocantins, na fronteira com o Maranhão. Trabalhou também na própria Bragança Paulista, no escritório do avô, igualmente advogado. Em 2009, fez na Escola Paulista da Magistratura, em São Paulo, um curso sobre conciliação e passou a atuar voluntariamente como mediadora de acordos no Juizado Especial Criminal (Jecrim), na Justiça Estadual em Bragança. "São as chamadas ‘pequenas causas criminais', em que tentamos uma conciliação extrajudicial", explica Débora. "Meu trabalho é facilitar a comunicação entre as partes, ajudando-as a chegar ao consenso. Afinal, as partes é que sabem o que é melhor para elas."

No início, Débora fazia a mediação uma vez por semana. Atualmente, no entanto, após a criação dos Núcleos Especiais Criminais, que funcionam nas próprias delegacias de polícia do estado (o de Bragança foi instalado em 2011), com mediações conduzidas por advogados conciliadores, sob a supervisão de um delegado, a servidora é chamada apenas esporadicamente. "Sou convocada apenas como substituta, mais ou menos uma vez a cada três meses."

As tentativas de conciliação ocorrem em delitos de menor potencial ofensivo. "Em geral são brigas de vizinhos, muitas vezes envolvendo casos de adultério", resume Débora. Segundo ela, nesses quatro anos de atuação como mediadora, seu êxito é de cerca de 80%. "Sempre que as partes chegam a um acordo, submetemos o caso ao crivo do Ministério Público. Por fim, o processo vai ao juiz para homologação."

Pão e arte

Aos 66 anos, com duas décadas de carreira na Justiça do Trabalho da 15ª (completadas neste mês de agosto), Rafael Martins Cruz está a apenas dois meses da aposentadoria. Mas suas atividades profissionais começaram muito antes, em Itaju (município da região de Bauru), onde Rafael cresceu. Lá, aos 13 anos, ele começou a aprender sozinho os segredos do acordeão. "As festas da escola rural onde estudei eram feitas no sítio do meu pai. Eu tinha uma professora que tocava acordeão nas festas e, para facilitar, já deixava o instrumento por lá mesmo. Aí, eu comecei a dedilhar, lembrando o que ela fazia, e fui aprendendo", recorda.

Três anos depois, Rafael já fazia parte de sua primeira banda, o "Conjunto Prelúdio", tocando em vários municípios da região, como, por exemplo, Bariri, Arealva e Ibitinga. "Mas nosso grande momento era mesmo a Festa de São Sebastião, o padroeiro de Itaju, em janeiro." Além do acordeão, o grupo incluía guitarra, contrabaixo, bateria e pandeiro, lembra Rafael, e o repertório ia de Beatles e Rolling Stones aos sucessos de então da música italiana, tão populares nos anos 1960. "Era uma época muito romântica", acrescenta Rafael.

A cultura musical vinha pelas ondas do rádio, nas antigas ondas AM. "Não tinha outro jeito. A primeira TV da cidade, um modelo da marca Invictus, de tela redonda, era na casa do meu cunhado. A antena tinha 30 metros e mesmo assim não pegava nada. Quando pegava alguma coisa era só a programação local", diverte-se o músico.

Quando concluiu o ensino médio, Rafael sentiu que era hora de mudar. Precisava tentar a vida numa cidade que oferecesse mais oportunidades profissionais. E não fez por menos: trocou a pequena Itaju, cuja população ainda hoje mal ultrapassa a marca de três mil pessoas, pela capital do estado. Deixou para trás não só a terra natal, mas também o "Prelúdio", seu primeiro grupo.

Em São Paulo, onde foi morar na Vila Alpina – "perto de São Caetano" – trabalhou, entre outros lugares, no extinto Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S.A., o Comind, e numa administradora de condomínios, onde chegou a ser encarregado de departamento pessoal. "Era no largo de São Bento, número 64. Minha sala tinha vista para o sino do Mosteiro de São Bento."

A música, no entanto, não saía do sangue. Um dia, participando de um festival que fazia parte do projeto "Cultura nos Bairros", da Prefeitura paulistana – "foi para acompanhar um primo meu, que ia cantar" –, acabou conhecendo outros músicos, que, junto com ele, dariam origem a "Os Palatinos". "Começamos ensaiando na minha casa mesmo. Em pouco tempo estávamos tocando em bares, restaurantes, nas festas de bairro. Foram 25 anos tocando todo final de semana, de sexta a domingo."

Mas o prazer que a carreira artística traz nem sempre é acompanhado de renda à altura. Rafael jamais deixou de ter um emprego paralelo à música. Em 12 de agosto de 1993, ele começaria sua carreira na Justiça do Trabalho da 15ª Região, na 4ª VT de Campinas. "O Fórum Trabalhista ainda era na Avenida Aquidabã." Já em abril do ano seguinte, estava lotado na VT de Bragança, de onde só pretende sair aposentado. "Eu já tinha uma chácara em Extrema, em Minas Gerais. São só 34 quilômetros até Bragança", explica Rafael. "São 6.500 metros quadrados. É o meu refúgio."

Longe de São Paulo, ele mais uma vez foi obrigado a deixar o grupo de que fazia parte, mas continuou tocando, em apresentações solo, cantando ao teclado. "Também tenho trabalhado fazendo arranjos e acompanhamento de duplas sertanejas", completa.

Os planos, agora, com a aposentadoria, incluem a criação de uma escola de dança e de um espaço para eventos, inclusive ao ar livre, na chácara em Extrema. "Vou chamar o espaço de ‘Boate Azul'. Quero fazer carreira como promotor de eventos culturais", arremata o incansável Rafael.

 

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