Fórum Trabalhista de Americana é referência na era do processo eletrônico

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  Por Ana Claudia de Siqueira

Em 1962, quando era instalada a primeira unidade da Justiça do Trabalho no município paulista de Americana, ainda sob jurisdição do TRT da 2ª Região (SP), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciava os estudos que resultariam, tempos depois, na nossa "indispensável" internet. O conceito foi criado por Joseph Carl Robnett Licklider (J.C.R. Licklider), do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) e desenvolvido por cientistas americanos da Advanced Research Projects Agency – ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada). O sistema de transmissão de dados por meio de redes de computadores recebeu o nome de ARPAnet e a primeira experiência do gênero conectou quatro universidades americanas.

Meio século depois, em 5 de dezembro de 2012, o agora Fórum Trabalhista de Americana, com suas duas varas do trabalho, Central de Mandados e Serviço de Distribuição dos Feitos, inaugura o processo judicial eletrônico – o PJe-JT, uma iniciativa revolucionária, que já está sendo considerada um divisor de águas no Poder Judiciário. O órgão trabalhista da 15ª entrou para a história do Regional como o primeiro fórum a operar pelo sistema que utiliza a internet como ferramenta para a tramitação dos autos, dispensando o uso do papel.

   Embora híbrido – há muitos processos físicos em trâmite no FT – as novas máquinas com dois monitores promoveram mudanças significativas e positivas no ambiente de trabalho de magistrados e servidores. Para Sandra Gazzeta, da 1ª VT, que soma 20 anos de atuação na Justiça do Trabalho, a modernidade literalmente "bateu à porta", com o uso de computadores de última geração e a criação de uma nova metodologia de trabalho, mais fácil e funcional.

Na 2ª VT de Americana há servidores como Carmelita Fernandes Tedesco, considerada pelos colegas como uma das maiores entusiastas do PJe. Prestes a completar 30 anos de Justiça do Trabalho - Carmelita prestou concurso público para o antigo cargo de "atendente judicial" em 1983 - viu surgir o TRT da 15ª Região, como desmembramento do TRT paulistano, onde atuou por três anos, passando pelas Juntas de Conciliação de Araçatuba, Andradina e Adamantina antes de trabalhar em Americana. Para ela, "o processo judicial eletrônico é uma ferramenta extremamente necessária e o que de melhor poderia acontecer no Poder Judiciário".

Depois de quatro meses com o PJe em operação, o FT se tornou referência na 15ª e recebe visitas de servidores de outras varas do trabalho para a vivência e aprendizado. Tanto a 1ª quanto a 2ª VT foram escolhidas para apadrinhar outras unidades, atuando como multiplicadoras de conhecimento sobre o sistema. A nova função está sendo encarada como um grande desafio e canalizou boa parte da reunião do Grupo Móvel da Presidência em Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP), que aconteceu na última quarta-feira, dia 6 de março. Como de praxe, o GMP se reuniu, durante dois dias, com as varas, a Central de Mandados e o Serviço de Distribuição para abordagens sobre estresse, qualidade de vida e o registro de demandas internas.

Atlanta (EUA), 1996

Os processos físicos ou eletrônicos que tramitam na 1ª VT de Americana são, por vezes, manuseados ou "digitalizados" por mãos de prata. A servidora Cláudia Maria Pastor, 1,92 metro, estava em quadra na decisão do torneio olímpico feminino de basquete, disputado em Atlanta, nos Estados Unidos, defendendo a seleção brasileira ao lado de Paula, Hortência e companhia. Era 1996 e do outro lado estavam exatamente as norte-americanas, engasgadas com a derrota para o Brasil no Mundial de Basquete, realizado dois anos antes em Sidney, na Austrália. "Vencer era uma questão de honra para elas", relembra Cláudia. A derrota pelo placar de 111 a 87 não tirou o brilho da conquista da medalha olímpica, inédita para o Brasil.

Um ano depois, Cláudia foi obrigada a abandonar as quadras em virtude de uma lesão no joelho. Além de integrar a seleção brasileira entre 1995 a 1997, a servidora, que é mineira de Barão dos Cocais, atuou por nove anos como pivô, defendendo clubes como a AABB/Brasília (DF) Unimep (SP), Tupã (SP), Guarulhos (SP) e Microcamp/Campinas (SP). Cláudia atuou também nos bastidores, integrando a equipe técnica de times, antes de prestar concurso para a Justiça do Trabalho e ingressar na 15ª em 2010.

Americana: influência multicultural

Em um período em que os holofotes se voltam para Abraham Lincoln e a guerra civil norte-americana (1861-1865), com a adaptação para as telas da obra de Doris Kearns Goodwin, "Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln", pelo diretor Steven Spielberg, torna-se relevante registrar que o município de Americana é um reflexo deste fato histórico em terras brasileiras.

Embora sua fundação seja datada de 27 de agosto de 1875 e há registros sobre a ocupação do território no final do século XVIII pelo surgimento de um pequeno vilarejo às margens dos rios Atibaia e Jaguari, para o cultivo de cana-de-açúcar e produção de aguardente, o município ganhou vulto mesmo com a imigração norte-americana, exatamente em 1865. Com o fim da Guerra de Secessão, o Brasil e suas terras férteis e abundantes tornaram-se o destino de milhares de americanos à procura de um novo lar. Consigo trouxeram técnicas agrícolas diferenciadas, aprimorando o cultivo do algodão, café e introduzindo novas culturas de produção, como as melancias do tipo "Cascavel da Georgia".

O lugarejo ficou conhecido como Vila dos Americanos, dando origem ao nome do município, cujo desenvolvimento foi impulsionado posteriormente pela construção da Companhia Paulista de Estrada de Ferro e uma parada local, a Estação Santa Bárbara, inaugurada com a presença do imperador D. Pedro II, em 27 de agosto de 1875.

Os imigrantes italianos chegaram em 1887 para atuar na lavoura, contribuindo também para a formação da identidade cultural de Americana. Já no início do século XX, foram os imigrantes alemães que aportaram no local, impulsionando o processo de industrialização, já iniciado em 1875, com a fundação da antiga tecelagem Carioba. A família Müller adquiriu a empresa e transformou-a em um negócio bem-sucedido, idealizando o conceito da Vila Operária e reforçando a influência arquitetônica e cultural européia no município.

Trabalho à fação

Americana é considerada um dos principais polos têxteis do país. Este status se deve em parte à estrutura de produção adotada na década de 1930, com o chamado trabalho à fação, que consistiu na concentração no município, de um grande número de pequenas empresas têxteis. Americana passou a ser conhecida como a Capital do Rayon (tecido sintético). (com informações da Prefeitura Municipal de Americana – www.americana.sp.gov.br)

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