Fotos e texto: Ana Claudia de Siqueira

Na Coordenadoria de Distribuição de Feitos do Fórum Trabalhista de Presidente Prudente, uma mesa de madeira e vidro, resquício de mobiliário antigo que remete a outros tempos da Justiça do Trabalho, guarda memórias. São registros fotográficos, frases de efeito de grandes pensadores e até de músicos – do gênio do reggae, Bob Marley, extrai-se aqui um trecho adaptado: é melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como aqueles que não lutam, mas também não vencem. Pensamentos de Chaplin, Lao-Tsé e bilhetes escritos por mãos infantis convivem lado a lado com imagens de crianças de sorriso inocente no rosto e da equipe, em momentos festivos. Parece que ali, naquela mesa utilizada para a juntada de processos e outros trabalhos manuais, convergem o mundo corporativo e a intimidade familiar, criando um ambiente pacífico de comprometimento e amizade. Alia-se a isso, flores, plantas e quadros. O cenário nada assemelha-se à fachada do Fórum, localizado no coração comercial de Presidente Prudente, onde funciona uma agência do Banco do Brasil.

Aliás, a edificação vertical não comporta mais a Justiça Trabalhista prudentina. As duas varas juntas recebem anualmente mais de 4.000 processos novos, sem contar aqueles que estão na fase de execução (eram mais de 6.500 no final de 2012). Não é à toa que há uma união de esforços para a construção da nova sede, na Avenida 14 de Setembro (Parque do Povo), capitaneados pela gestão anterior, do desembargador Renato Buratto e pela atual, do presidente Cooper, além do diretor do Fórum, juiz José Roberto Dantas Oliva e do poder público municipal. O edifício de quatro andares e 4.200 metros quadrados está sendo erguido sob olhos atentos dos servidores do FT. A pasta, de quando em quando, descansa sobre a mesa de madeira e vidro à espera de novas fotos que registram o andamento da obra. "Há uma grande expectativa interna com a nova casa. Tanto que iniciamos o acompanhamento da construção a pedido da área de Projetos e Obras do Tribunal, e não paramos mais", comenta o efusivo coordenador de DF, Adailton Alves da Silva.

Com 24 anos de JT – sendo 15 deles na VT de Presidente Venceslau e oito no FT de Prudente, além de uma passagem pela VT de Itapeva – Adailton é um dos mais antigos da Casa. É dele a iniciativa de se criar um ambiente mais agradável com flores e plantas, sempre com a ajuda de seu assistente, Gustavo Camargo Kaloglian. Para ele, a Distribuição é o cartão de visita do FT, o "espelho de fora", e o atendimento ter que ser de primeira qualidade, focado no trabalho em equipe. "Prezo muito isso. Precisamos criar um ambiente onde nos sintamos bem e procuro fazer o que for necessário", diz Adailton.

"Ele tem 32 gigabytes na cabeça", elogia o executante Leonardo Haroldo de Lima ao referir-se ao coordenador de Distribuição, considerado de perfil agregador pelo grupo. Para atender as demandas do chefe e dar conta do trabalho agitado, Leo, como é chamado, busca reforço no esporte. Conhecedor dos benefícios da atividade física – quando tinha 18 anos jogou futebol profissionalmente, nos times do Jabaquara e Corinthians de Prudente – Leonardo já praticou diversas modalidades e atualmente pedala de 150 a 200 quilômetros por semana, além de ser colaborador de uma pesquisa de Doutorado sobre a prática de exercícios ao longo da vida e indicadores de fluxo sanguíneo e espessura das artérias, coordenada pelo professor Manoel Carlos Spiguel Lima da Faculdade Júlio de Mesquita Filho - UNESP. Leo participa de exames a cada seis meses, em que são avaliados índices de massa corpórea e gordura. Chegou a cursar um ano de Educação Física, mas formou-se em Direito pela Unioeste, estimulado pelo trabalho na JT. A perspectiva de mudança da sede para o Parque do Povo é motivo de comemoração. "Lá é o lugar que pratico esportes e se depender de mim, todos irão correr ou pedalar após o trabalho", afirma.

Hélio Vasconcellos Batista, analista judiciário da 1ª VT de Presidente Prudente vê ainda outros benefícios da prática esportiva, relacionados à qualidade de vida física e mental, além da sociabilização. Batista prima pelo contato com a natureza, fazendo caminhadas (trekking) em grupo por montanhas ou seguindo o curso de rios. Já esteve no Parque Estadual Morro do Diabo e percorreu 115 quilômetros entre Presidente Prudente a Presidente Epitácio até a barranca do Rio Paraná. "O objetivo é aproximar-se da natureza, superar os próprios limites do corpo e da mente", assinala Batista.

Conversa de pescador

Conversa de pescador, a priori, sempre gera aquele ar de desconfiança. Mas no caso do assistente de juiz Dorival Rodrigues de Oliveira, da 1ª VT, não há exageros, pois a foto comprova a veracidade dos fatos. "Sou filho e irmão de pescador e quase sempre estou na beira de um rio ou dentro de um barco", conta. Pesca desde os seis anos e domina diversas técnicas, o uso adequado de vários tipos de varas, de iscas vivas e artificiais. Vangloria-se de ter capturado um pacu de 12,7 quilos, uma de suas maiores façanhas (foto). "É bom verificar se não tem o carimbo do SIF (Serviço de Inspeção Federal)", alfineta divertidamente o colega Batista, arrancando risos de Oliveira e dos demais participantes da reunião do Grupo Móvel de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP). Oliveira é prudentino e conhece bem as águas da região. Formado em Direito pela Unitoledo, atua no FT desde novembro de 2011.

Na ponta dos pés

A técnica judiciária Roberta Lucena da Costa Nunes também trabalha na 1ª VT de Presidente Prudente desde 2011. Formada em Matemática pela UNIP de São José do Rio Preto, acabou por cursar Direito, impulsionada pela função exercida na Justiça do Trabalho. Nas horas vagas Roberta desafia a lei da gravidade com movimentos leves. "Um momento em que esqueço de tudo", relata ela sobre a experiência que a dança lhe proporciona. Do balé clássico ao jazz, passando pelo sapateado, Roberta dedica-se ao treinamento três vezes por semana. Seus olhos brilham ao descrever a primeira vez que apresentou-se na ponta dos pés, ao som de uma das quatro estações de Vivaldi. A academia em que estuda prepara espetáculos, apresentados duas vezes ao ano, o que exige muita dedicação e disciplina.

Embaladas pela abordagem do GMP que aplicou questionários para análise de índices de estresse e qualidade de vida, a técnica Adriana de Carvalho Rogani Barrozo e a assistente da diretora de secretaria Maria Edna Pereira mencionaram o que fazem como terapia para aliviar as tensões do dia a dia. "É terapia que vira presente", assinala Adriana. Ambas dedicam-se aos trabalhos manuais, como o tricô, que resultam em belíssimos cachecóis.

Árvore Solidária

Servidores e magistrados do FT de Presidente Prudente se mobilizam anualmente em prol de crianças de adolescentes do Lar Santa Filomena, uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1960, que desenvolve projetos socioeducativos no município. Sob coordenação da calculista da 1ª VT Vânia Aparecida Passarelli de Menezes, com apoio do juiz Dantas Oliva, a rede de solidariedade se fortalece no segundo semestre para angariar kits de presentes que são distribuídos no Natal. "Os participantes da Árvore Solidária 'adotam' uma criança ou um adolescente e providenciam o kit, geralmente uma roupa, um brinquedo e um calçado", descreve Vânia.

Equipe capacitada

A dinâmica do GMP realizada com a 2ª VT de Presidente Prudente contou com a participação da juíza titular Katia Liriam Pasquini Braiani, que elencou as dificuldades cotidianas de uma vara de alta demanda e produção, e teceu elogios aos servidores. "Esta equipe é extremamente capacitada", afirmou. Inaugurada em 23 de outubro de 1998, a 2ª VT conta atualmente com 17 servidores.

A veterana da turma, Eunice Mayumi Koketsu, assistente de juiz, "entrou verdinha". O termo utilizado por ela tem razão de ser. Recém formada em Direito pela Unitoledo, com pouco tempo de carteira de OAB e apenas 25 anos, Eunice iniciava suas atividades na vara, que tinha apenas dois meses de funcionamento. "Foi um grande desafio, pois não conhecia a rotina. Fui subindo os degraus aos poucos e evolui profissionalmente", diz a servidora, que em 14 anos, pôde acompanhar também a evolução da própria Justiça do Trabalho.

Unidos pela JT

Se fossem traçadas linhas unindo os trajetos percorridos pelo oficial de Justiça Carlos Aquiles Fumis e pela analista judiciária Sandra Mara Magalhães Fumis certamente teríamos um emaranhado de riscos, um verdadeiro novelo, com as pontas finalmente unidas no Fórum Trabalhista de Presidente Prudente. Ambos são amigos de infância, trabalharam no Mato Grosso do Sul e disputaram os primeiros lugares nos concursos públicos. Sandra é formada em Farmácia Bioquímica e chegou a exercer a profissão na Santa Casa de Campo Grande, na área de transplante renal. Nesta época Carlos atuava no Fórum da Justiça Estadual. Em 1990 engataram um namoro, que resultou, anos depois, em casamento. Carlos, após classificação em primeiro lugar para o cargo de oficial de Justiça da 15ª, trabalhou por cinco anos em Rancharia, enquanto em Prudente, Sandra fazia Direito na Unitoledo. Em sua trajetória, Carlos ainda atuou por um ano com OF no Paraná. Ela passou em 5º lugar no concurso para analista e exerce a função de assistente na 2ª VT desde maio de 2011. A vinda de Carlos ocorreu um ano depois. A vida a dois de certa forma fragmentada pela distância e por compromissos profissionais, depois de muitas idas e vindas, é reforçada no trabalho, em mesas lado a lado. "Enfrentamos uma gravidez de risco, além de outros problemas de saúde na família. Mas em meio a tantas dificuldades, nos unimos ainda mais. Nossa história está ligada à história da Justiça do Trabalho", finaliza Sandra.

Sede de Circunscrição

O Fórum Trabalhista de Presidente Prudente tem grande importância administrativa para o TRT15, sendo sede de uma de suas oito circunscrições. Nesta radiografia encontram-se 76 municípios paulistas e uma população de mais de 1 milhão de habitantes. Quanto a jurisdição do fórum, além do município-sede, a unidade atende mais 16 cidades próximas: Sandovalina, Tarabaí, Anhumas, Álvares Machado, Caiabu, Taciba, Alfredo Marcondes, Estrela do Norte, Emilianópolis, Martinópolis, Indiana, Regente Feijó, Presidente Bernardes, Pirapozinho, Narandiba e Santo Expedito.

Presidente Prudente: "A Capital do Oeste"

Por Beatriz Assaf

Presidente Prudente é considerada a 25º melhor cidade do Brasil para viver, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 2013 (IDHM), divulgado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD). O valor de 0,806 conferiu ao município a classificação de muito alto desenvolvimento humano. Presidente Prudente também é a 27ª colocada no ranking das cidades mais promissoras para se construir uma carreira profissional, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.

O município, fundado em setembro de 1917, quando as terras férteis atraíram mineiros e nortistas, assim como imigrantes, sobretudo japoneses, é hoje um dos principais polos industriais, culturais e de serviços do oeste, sendo conhecida como a "Capital do Oeste Paulista", localizada a 558km da capital. O nome foi escolhido em homenagem ao ex-presidente brasileiro Prudente de Morais, que também foi o primeiro governador de São Paulo.

A cidade, com população estimada de 218.960 (IBGE Cidades, 2013) cultivava, no início, café, entretanto, após a crise 1929 a maneira encontrada para sobreviver foi buscar novas atividades econômicas, como o cultivo do algodão.

Presidente Prudente conta com uma importante tradição cultural, dedicando-se desde o artesanato, até a música, o teatro e o esporte. Os atrativos turísticos da cidade são, o Estádio Municipal Eduardo José Farah, o Parque do Povo e o Teatro Municipal Procópio Ferreira.

Fontes: IBGE Cidades, sitio da prefeitura de Presidente Prudente, portal Cidades Paulistas.

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