Por Ana Claudia de Siqueira

O Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de 1ª Instância (GMP) esteve em visita na última terça-feira, dia 19, à Vara do Trabalho de Rio Claro. Os servidores participaram de atividades para verificação de índices de qualidade de vida no trabalho e puderam registrar suas demandas estruturais e organizacionais, que serão apresentadas posteriormente ao presidente do TRT, desembargador Flavio Alegretti de Campos Cooper, em reunião prevista para o dia 11 de abril.

A VT de Rio Claro foi a décima unidade a participar das atividades do GMP. O projeto idealizado por Cooper envolve ainda mais três frentes de atuação: a coleta de informações junto aos jurisdicionados para registrar suas experiências com a Justiça do Trabalho; reuniões com os magistrados e a elaboração de reportagens locais para evidenciar todo o potencial da 15ª, seus aspectos culturais e humanos com vistas à valorização da 1ª instância. Em sua intervenção com os servidores, o juiz auxiliar da Presidência e coordenador do grupo, Flavio Landi, enfatizou também um dos objetivos do GMP. "Nossa missão é intensificar os canais de comunicação entre a 1ª instância e as áreas administrativas do Tribunal. A atuação do GMP não tem caráter correicional ou de Ouvidoria e a participação é espontânea", explicou.

A VT tem jurisdição sob os municípios de Rio Claro, Corumbataí, Santa Gertrudes, Itirapina e Ipeúna, que somam uma população de mais de 233.000 habitantes (IBGE). Responsável por um dos maiores volumes processuais por ano da 15ª, a unidade funciona em um prédio da Rua Quatro, no Jardim Donangela, que abrigou anteriormente uma escola e foi adaptado para a Justiça do Trabalho, sem oferecer ainda condições mais adequadas para o exercício da prestação jurisdicional. Um novo prédio está praticamente pronto e aguarda a conclusão das obras viárias de acesso pela Prefeitura.

O cerne da VT

Em meio aos conflitos trabalhistas travados na VT, os jurisdicionados e advogados se deparam diariamente com um belo jardim, construído pelos próprios servidores, no antigo pátio da escola, que funciona como sala de espera. "Aqui pulsa o coração da VT", anunciou o servidor Isaías Clemente, referindo-se à área que projetou, com a ajuda de todos. O jardim foi inaugurado em 5 de junho do ano passado, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. O pequeno oásis recebe cuidados periódicos, sempre aos sábados, de Isaías e da oficial de Justiça Maria Rosa Pimentel Pereira Lima, que também adora jardinagem e paisagismo. Rosa inclusive desenvolveu de forma voluntária, um jardim com lago e carpas no Abrigo São Vicente de Paulo, que atende mais de 100 idosos, oferecendo acomodações, alimentação, acompanhamento médico e remédios.

Mesmo diante das turbulências do dia a dia, a equipe da VT mantém um forte compromisso com as questões ambientais, promovendo a coleta seletiva de lixo, com descarte de pilhas e baterias e a doação do material reciclável para a Cooperviva - Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Reaproveitáveis de Rio Claro. Os servidores também estimulam advogados e partes ao consumo consciente, principalmente de papel, por meio de campanhas de difusão do sistema e-Doc.

Na rota do ouro, as margens do Ribeirão Claro

O povoado que deu origem a Rio Claro surgiu em 1822, sob denominação de São João Batista do Ribeirão Claro. Mas muitos passaram por lá ainda no século XVIII, pois as margens do antigo Ribeirão Claro ficavam na rota do ouro, em direção as minas de Cuiabá (MT) e logo se transformaram em pouso para os bandeirantes. Com a adoção do sistema de divisão de terras em sesmarias pelo Império, várias famílias abastadas se instalaram no local. Surgiam os primeiros engenhos e a utilização de mão-de-obra escrava. O município ganhou autonomia administrativa em 1845, com o nome de São João do Rio Claro, sendo posteriormente simplificado para Rio Claro, em 1905. Nesse ínterim, conheceu o progresso trazido pela inauguração, em 1876, da Estrada de Ferro ligando Campinas ao município e pouco antes da promulgação da Lei Áurea, em 1888, já tinha escravos libertos por barões do café. Os imigrantes europeus também contribuíram para o desenvolvimento da agricultura, com o emprego de novas técnicas.

Terra de filhos ilustres tanto na política quanto na cultura, como Ulysses Guimarães, a cantora Dalva de Oliveira e o cineasta Roberto Palmari, Rio Claro se destaca também pela preservação do Horto Florestal Edmundo Navarro de Andrade, criado em 1909, assim como o Museu do Eucalipto, fundado sete anos depois para abrigar suas pesquisas. Andrade, que trouxe da Austrália as mudas de eucalipto para estudo, viveu no casarão do horto. Iniciativa da Companhia Paulista de Estradas de Ferro para fins extrativistas, o horto foi classificado, em 2002, como Floresta Estadual a partir de decreto do governo. Com área superior a 2 mil hectares, a floresta abrange também uma parte do município de Santa Gertrudes, abrigando espécies vegetais, animais em extinção e cursos d'água, além do museu, constituindo-se importante instrumento de conscientização ecológica e de educação ambiental na região. (Fontes: Prefeitura Municipal de Rio Claro e site Visite Rio Claro)