Tribunal presta homenagem ao comandante da Radiopatrulha Aérea de Campinas

Conteúdo da Notícia

Por Luiz Manoel Guimarães

"Meu pai está muito triste com o encerramento de sua carreira na Polícia Militar, uma das profissões mais honradas." Assim a estudante de Direito e estagiária no TRT da 15ª Região, Heloísa Vieira Bozello, sintetizou o sentimento do pai, major Hervem Hudson Bozello, durante homenagem que o Tribunal prestou ao militar. Comandante do Grupamento de Radiopatrulha Aérea de Campinas, o major recebeu nesta terça-feira, 23, véspera de seu último dia de trabalho como policial da ativa, a Medalha Ouro da Ordem do Mérito Judiciário da Justiça do Trabalho da 15ª Região. Bozello está completando 30 anos de serviço na PM paulista, 20 deles pilotando helicópteros do Grupamento, os famosos "Águias". Foram mais de 3.500 horas de voo e cerca de quatro mil missões de resgate e salvamento.

A Ordem do Mérito Judiciário da Justiça do Trabalho da 15ª Região foi criada para homenagear autoridades, personalidades, pessoas jurídicas e instituições, nacionais ou estrangeiras, por seus méritos ou serviços prestados à cultura jurídica, à sociedade ou à própria Justiça do Trabalho. Instituída em 1992, a honraria foi concedida apenas 181 vezes até o momento.

Parceria institucional

A cerimônia foi realizada na sede da Corte, em Campinas, com a participação dos desembargadores Flavio Allegretti de Campos Cooper (presidente do Tribunal e autor da proposta de homenagem ao major), Fernando da Silva Borges (vice-presidente administrativo do Regional), Samuel Hugo Lima (diretor da Escola Judicial do TRT), Elency Pereira Neves, Edmundo Fraga Lopes, Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani e Helcio Dantas Lobo Junior, além dos juízes Fábio Allegretti Cooper, Orlando Amâncio Taveira, Jorge Luiz Costa e Flávio Landi. Também compareceram os coronéis Carlos de Carvalho Júnior e Luís Marcos Teodoro de Souza, comandantes, respectivamente, do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 2 e do 8º Batalhão de Polícia Militar (sediado em Campinas), assim como o primeiro-tenente Rafael Cambuí Mesquita Santos, chefe do Setor de Comunicação Social do CPI 2, e o assessor de Segurança do Tribunal, Eugênio Pacelli Castro, entre outros servidores da Corte.

Para exemplificar o que chamou de "entrelaçamento institucional" do TRT-15 com a PM paulista, o desembargador Cooper observou que no topo do edifício onde está sediado o Fórum Trabalhista de Campinas, na Avenida José de Souza Campos (conhecida como Norte-Sul), encontra-se um heliponto, que é usado como local de treinamento pela base campineira do Grupamento de Radiopatrulha Aérea.

Já o coronel Carvalho Júnior ressaltou que a Polícia Militar de São Paulo está presente em todos os 645 municípios do estado e destacou o trabalho do Grupamento. "São 22 aeronaves em atividade 24 horas por dia no serviço policial e de resgate, nas quais atuam homens e mulheres que colocam o cumprimento da missão acima de tudo", sublinhou o coronel. "Não por acaso, o lema do Grupamento é ‘se necessário, com o risco da própria vida'."

Homenagem acima do esperado

"No encerramento de minha carreira, recebo uma homenagem muito além do que eu poderia imaginar. Eu não poderia esperar algo tão importante", assinalou Bozello. Ele ponderou que encara "como um sacerdócio" o trabalho na PM e, partindo desse princípio, "o policial militar não presta serviço com a expectativa de obter reconhecimento, mas, quando esse reconhecimento vem na forma como a que o Tribunal me honra neste momento, é a prova de que eu acertei desde o primeiro dia ao fazer a escolha que fiz e alcancei os resultados a que me propus".

O comandante lembrou que a base do Grupamento de Campinas foi instalada em 2010. "Em apenas três anos, já realizamos cerca de 520 operações de resgate. Pessoalmente, participei de aproximadamente 250 missões com vidas em risco só nesse período."

Entre as situações que mais o marcaram, Bozello recorda o dia em que ele e sua equipe resgataram uma mulher que se lançara ao mar na tentativa de salvar o filho que se afogava. "Conseguimos salvá-la, mas a criança já estava morta. Quando a resgatamos, ela segurava o corpo do menino entre as pernas", lembra o major, ainda se emocionando com o drama.

Foram muitas missões salvando crianças, mulheres, idosos e homens de incêndios em favelas, acidentes em rodovias e enchentes, entre outras ocorrências de grande risco. Sobre a sensação de salvar vidas, o major não abriu mão da humildade. "É um sentimento de missão cumprida. A gente se sacrifica para salvar pessoas que não conhecemos, é verdade, mas este é o nosso dever: ‘voar para servir'", enfatizou Bozello.

Com bacharelado e pós-graduação em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela própria PM de São Paulo, Hervem Hudson Bozello é formado ainda em Direito (PUC-Campinas) e também se pós-graduou em Segurança Pública e Sociedade (PUC-Campinas e Secretaria Nacional de Segurança Pública).

Unidade Responsável:
Comunicação Social