VT de Presidente Venceslau é espelho da 15ª

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Fotos e texto: Ana Claudia de Siqueira

Sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum. Sou de onde a Justiça do Trabalho está. O TRT da 15ª Região abrange o interior de São Paulo, com seus 599 municípios jurisdicionados, divididos em oito circunscrições e muitas peculiaridades locais, de âmbito cultural, econômico e social. Mas, o que mais impressiona são os sotaques da 15ª, composta por servidores de diversos estados, que buscam no Poder Judiciário Trabalhista, uma carreira sólida e estável. Para isso, priorizam a atividade profissional abdicando de laços sociais, que foram construídos ao longo dos anos em terra natal.

Na região sudoeste paulista, mais precisamente na Vara do Trabalho de Presidente Venceslau, o Grupo Móvel da Presidência em Atenção às Unidades de 1ª Instância (GMP) deparou-se com um pequeno retrato da diversidade presente na 15ª. Roseline Souza Miranda Vieira, técnica judiciária, ao traçar sua trajetória na Justiça do Trabalho, exibe na voz, uma sonoridade característica. Cearense de nascimento e de coração, Roseline comenta, emocionada, sobre a dificuldade de adaptação. "Sinto falta do mar, dos meus pais e das amizades que ficaram em Fortaleza, mas ressalto que o bom ambiente da VT de Venceslau, de certa forma, tem ajudado a minimizar a saudade. Tenho também uma grande admiração pelo Judiciário Trabalhista". Formada em Direito pela Universidade de Fortaleza em 2005, Roseline prestou concurso para técnico na 15ª e escolheu o polo de Bauru por conta da família do marido, que vive em Tupã. Tomou posse em 22 de abril deste ano e chegou a trabalhar na VT de Teodoro Sampaio, antes de se transferir para Presidente Venceslau.

Lígia Maria Deganello Rodriguez, secretária de audiências, relata suas andanças por, no mínimo, três estados. Formou-se em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, prestou concurso para o TRT de Goiás, onde atuou por três anos como técnica judiciária na VT de Rio Verde e finalmente assumiu, em 31 de jullho de 2012, o cargo de analista judiciário pela 15ª Região, na VT de Venceslau. Há pouco mais de ano na unidade, Lígia comemora a proximidade com a família, que reside na vizinha Rancharia e destaca as boas amizades estabelecidas no ambiente de trabalho como fatores determinantes para o atual nível de satisfação pessoal e profissional adquirido.

 Um som agudo e prolongado, na maioria das vezes ritmado, dá tom descontraído e com uma leve carga de "mineirice", à sisudez da VT, abarrotada de processos, principalmente em fase de execução, transportando os servidores para as belas paisagens rurais típicas do estado vizinho. Quem comanda o apito do "trem" é Geraldo Marcio Ribeiro de Andrade, homem de poucas palavras como quase todo mineiro. Nascido em Araxá, Geraldo transferiu-se do TRT da 3ª Região (MG) para o 15º Regional em 19 de janeiro de 2012. "É ele o responsável por nossa trilha sonora", revela o diretor de secretaria da VT, Marcos Antonio Rodrigues Garcia. Isso tudo porque Geraldo trabalha assobiando. "Sou muito feliz por estar aqui. Parece a minha casa", emenda.

Já Grazielle Zampoli Camillo, assistente do diretor da secretaria, fez o caminho inverso. Prudentina de nascimento e de criação – é formada em Direito pela Unitoledo, campus de Presidente Prudente –, focou seus estudos nos concursos públicos, tendo sido aprovada em exames do TRT da 17ª Região (ES), da 2ª Região (SP) e também da 15ª. Óbvio que seu objetivo maior era trabalhar no Fórum Trabalhista de sua terra natal. Iniciou sua carreira no Judiciário Trabalhista em Vitória, em dezembro de 2010. No ano seguinte, em abril, foi chamada pela 15ª, para exercer a função de técnico judiciário. Atuou por quatro meses na VT de São Joaquim da Barra até transferir-se para Presidente Venceslau, em agosto do mesmo ano. Grazielle posteriormente abdicou-se de um salário melhor como analista na 2ª Região para continuar na 15ª. "Assumi um desafio e a minha oportunidade de crescimento está aqui. Sem contar o clima da VT, que é muito amistoso", enfatiza. A servidora adaptou-se tão bem nestes dois anos de atuação em Venceslau que desistiu da remoção para Presidente Prudente.

 A VT de Presidente Venceslau reserva ainda histórias como a da executante Leonilda da Ponte. Uma das funcionárias mais antigas – a VT foi inaugurada em 10 de março de 1990 e "Nida" como carinhosamente é chamada, estava lá 18 meses depois – iniciou suas atividades na área de limpeza e nem sequer tinha o primeiro grau completo. Incentivada pelos colegas, em especial a diretora de secretaria, agora aposentada Suzana Prioste, retomou os estudos e adquiriu conhecimentos que a fazem atender as partes e os advogados no balcão com muita presteza e propriedade. "Quem faz o que gosta não se cansa nunca", assinala Leonida.

A VT de Presidente Venceslau é responsável pelo atendimento da população de mais seis municípios: Ribeirão dos Índios, Santo Anastácio, Presidente Epitácio, Caiuá, Piquerobi e Marabá Paulista. São cerca de 120 mil pessoas segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Sob comando do juiz Cláudio Issao Yonemoto, a unidade registra uma média de 1000 processos novos por ano.

Por Beatriz Assaf

Criado em dezembro de 1921, o município se consolidou quando a empresa Diedrichsen & Tibiriça iniciou a construção de uma rodovia ligando São Paulo a áreas até então desabitadas. Outro fator importante foi a chegada, à região, da Estrada de Ferro Sorocabana e, após a sua construção, o município passou a se chamar Coroados. O nome chegou a mudar para Perobal mas, antes de receber efetivamente a denominação, alterou-se para Presidente Venceslau em homenagem ao ex-presidente da República.

Em 1923, a colonização se expandiu e os primeiros alemães chegaram ao local, seguidos de italianos e de espanhóis. Mas foram os japoneses os que mais contribuíram para o crescimento do município, pois desenvolveram lavouras e logo formaram uma colônia.

Distante 620 quilômetros da capital, o município de 39.265 habitantes (Estimativa IBGE-2013) tem suas atividades econômicas baseadas na pecuária de corte. No que diz respeito aos atrativos turísticos, a capela de São Francisco de Paula, a paróquia, o Museu da História Juliano Monteiro de Almeida, o Parque de Exposições Alfredo Ellis Neto e o Horto Florestal são considerados os mais importantes.

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