Da “Rua do Sapo” ao Patriarca da Independência – José Bonifácio recebe o Grupo Móvel da Presidência

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 Por Luiz Manoel Guimarães (colaborou Alessandra Xavier)

Com uma história que começa em 1906, às margens do Riacho Cerradão, a cidade de José Bonifácio surgiu a partir de três casebres de pau a pique, em uma via que ficaria conhecida como "Rua do Sapo", dada a grande quantidade do dito cujo anfíbio no local. Com o povoado em crescimento, em 1913 o lugar adotou o nome do riacho e passou a se chamar Vila Cerradão, tornando-se, no ano seguinte, um distrito vinculado à cidade de São José do Rio Preto. Dez anos mais tarde, a região passou a ser vinculada ao município de Mirassol, ganhando finalmente o nome de José Bonifácio, em homenagem ao Patriarca da Independência. Outros três anos seriam necessários para que o distrito fosse elevado à condição de município, em 1927.

Hoje a cidade conta, entre outros serviços, com a vara do trabalho (VT) instalada na Avenida São João, 52. A unidade atende cerca de 70 mil pessoas, numa jurisdição que inclui também os municípios de Adolfo, Mendonça, Nipoã, Nova Aliança, Planalto, Ubarana, União Paulista e Zacarias.

Em fevereiro passado, a VT recebeu o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP), criado pelo presidente do TRT-15 para ser um canal direto de comunicação entre o 1º grau e a Presidência da Corte. O Grupo é coordenado pelo juiz Flávio Landi e já visitou, em cerca de um ano de trabalho, aproximadamente cem unidades, entre VTs, coordenadorias de distribuição de feitos, postos avançados, centrais de mandados e ambulatórios médicos.

O objetivo principal do projeto é identificar demandas e criar oportunidades de aprimoramento, bem como verificar indicadores de qualidade de vida dos magistrados e funcionários, mas o GMP também tem a missão de dar aos servidores do TRT a oportunidade de conhecerem uns aos outros. A proposta é mostrar quem são e como vivem esses profissionais, que, espalhados por mais de cem cidades do Estado de São Paulo, são mais de quatro mil, somando os do próprio quadro do Regional com os cedidos por outros órgãos públicos.

As atividades do GMP em cada unidade incluem uma reflexão conjunta acerca da qualidade de vida pessoal e no trabalho. Os participantes são convidados a responder um questionário com temas como relações interpessoais no trabalho e sintomas e fontes de estresse. Posteriormente, no retorno da equipe à sede da Corte, em Campinas, os resultados são analisados e as conclusões são enviadas a todos os que participaram das atividades. Até mesmo situações individuais são abordadas, quando há solicitação nesse sentido por parte do juiz ou servidor, e sempre com o necessário sigilo.

"Poder"

Faz parte da equipe da VT a servidora Neide Alves, nascida em São José do Rio Preto, de onde saiu aos sete anos. Cedida pela Prefeitura de José Bonifácio, na qual iniciou carreira em 1º de outubro de 1989, ela ingressou na JT dez anos depois, em julho de 1999. "Eu nem sabia que existia a Justiça do Trabalho, mas acabei me apaixonando por ela."

Desses quase 15 anos vividos na VT, durante 12 Neide trabalhou no balcão, atendendo o público. "Sei que é um trabalho pesado às vezes, mas gosto de lidar com as pessoas, tenho empatia com elas", sublinha a servidora.

No entanto, com o advento do Processo Judicial Eletrônico (PJe), instalado na unidade em maio de 2013, a rotina mudou. A demanda no balcão caiu significativamente e Neide passou a executar outros serviços na secretaria. Ainda hoje, porém, é comum que advogados peçam para ser atendidos por ela. "Acontece. Ontem mesmo foi assim", garante Neide, lembrando-se de um caso ocorrido na véspera da entrevista. Sua habilidade em lidar com o público, aliás, rendeu-lhe inclusive dos colegas um emblemático apelido: "Poder".

Para lidar com as pressões do dia a dia, Neide se tornou uma fervorosa adepta da atividade física. Há 15 anos se tornou uma rigorosa frequentadora de academia. De segunda a sexta-feira, das 7 às 9 da manhã, lá está ela, para sua sessão diária de musculação e aeróbica. "Eu me sinto muito bem, venho com mais disposição para o trabalho. Se não vou à academia, bate ansiedade, começo até a ficar depressiva", enfatiza a servidora, que, nas tardes de domingo, completa sua rotina de exercícios com uma hora de corrida, numa das avenidas de José Bonifácio.

Filha de "seo" Santos Alves, já falecido, e de dona Amélia, hoje com 84 anos, Neide expressa seu carisma numa declaração de apreço à cidade que a abraçou – "José Bonifácio é maravilhosa, é amiga, acolhedora" – e ao colegas da VT. "Somos amigos, o clima é uma delícia. É um grande prazer vir trabalhar. Eu amo."

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Comunicação Social