De Campinas para Andradina, a terra do “rei do gado”, diretora da VT conta sua trajetória ao GMP
Renilda Arlene Gimenes dos Santos é a diretora da secretaria da Vara do Trabalho (VT) de Andradina, município do noroeste paulista. Ela e seus colegas da unidade receberam o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP), criado pelo presidente do TRT da 15ª Região, desembargador Flavio Allegretti de Campos Cooper, para ser um canal direto de comunicação entre o 1º grau e a Presidência da Corte.
Uma das missões do Grupo é traçar um perfil dos servidores da 15ª. A proposta é mostrar quem são e como vivem esses profissionais, ou pelo menos uma parte deles, que, espalhados por cerca de uma centena de cidades paulistas, são mais de quatro mil, somando os do próprio quadro do Regional com os cedidos por outros órgãos públicos. No caso de Renilda, o próximo dia 16 de abril marcará seu 25º aniversário como integrante desse "exército" que, na realidade atual, está lado a lado com os magistrados do TRT no confronto com cerca de 300 mil novos processos anualmente.
Nascida em Franca, ela mudou para Campinas aos dois anos de idade e, desde que ingressou na Justiça do Trabalho da 15ª – seu primeiro emprego, aliás –, faz parte da equipe da VT de Andradina. "Sou mais campineira do que francana e já estou quase meio a meio com andradinense", brinca.
Casada desde os 17 anos, Renilda sempre foi dona de casa, até que, em 1986, motivada pela irmã, Regina Helena Gimenes, fez o concurso que a levaria ao quadro de servidores do TRT-15. "Fizemos as provas juntas. Hoje a Regina é servidora da secretaria da 2ª Turma do Tribunal."
Renilda rapidamente se adaptou a Andradina, embora, conforme ela "confessa", jamais tivesse ouvido falar da cidade antes de viver lá. "Até então, eu não fazia a menor ideia de onde era, mas logo que mudei a qualidade de vida me pareceu muito melhor do que a de Campinas. Em cinco minutos eu chegava a qualquer lugar da cidade, e ainda hoje é um pouco assim."
A mudança, de mais de 550 quilômetros, por sinal, não foi das mais fáceis. "Tive o apoio da família, inclusive do ponto de vista financeiro. Foi muito importante", lembra a servidora, cujo primeiro dia de trabalho na VT se deu pouco mais de um mês depois da instalação da unidade.
Formada em ciências contábeis e em direito e diretora desde 1994 – com um intervalo de 2005 a 2008 –, Renilda atribui seu êxito a um forte comprometimento com a instituição que escolheu para construir sua carreira profissional. "Sempre busquei conhecimento e me dediquei muito", garante ela, que devolve à Justiça do Trabalho, na mesma intensidade, o reconhecimento por tudo que a JT lhe proporcionou. "Foi um divisor de águas na minha vida. Tive a oportunidade de fazer uma carreira e progredir nela, e tudo o que tenho hoje veio desse meu trabalho. Se não tivesse tomado essa decisão radical de vir para cá, a mais de 500 quilômetros de onde eu morava antes, dificilmente eu teria o padrão de vida que tenho."
No rol de conquistas, Renilda guarda um lugar especial para a educação proporcionada aos filhos, ambos bem colocados no mercado de trabalho hoje em dia. O mais novo, Márcio, que completa 33 anos em janeiro, é advogado e mora na própria Andradina. Já o primogênito Marco, 35, mudou-se para a terra natal da mãe. Assistente social e enfermeiro, ele trabalha na Universidade de São Paulo (USP), no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde cursa o mestrado em enfermagem.
A servidora destaca também o papel dos colegas em sua trajetória bem-sucedida. "Tive o apoio de todos quando reassumi a direção em 2008, por exemplo", sublinha ela. "Eu não abro mão do meu compromisso com a equipe. Uma de minhas principais preocupações é deixar claro que eles podem contar comigo, com o meu respaldo", garante Renilda. "Assim, a recíproca acontece. Tenho certeza de que também posso contar com eles."
Terra do "rei do gado"
A fundação de Andradina foi idealizada nos anos 1930 pelo fazendeiro Antônio Joaquim de Moura Andrade – daí o nome –, maior criador de gado do Brasil na época. O povoado original surgiu em 1937, numa área até então pertencente à Fazenda Guanabara, de propriedade de Andrade. O "rei do gado", como o pecuarista era conhecido, loteou parte do terreno e vendeu os lotes a cerca de seis mil famílias que migraram para a região. Também foram vendidos lotes urbanos para comerciantes atraídos pelo rápido crescimento da localidade. Entre outros recursos, a comunidade já nasceu com energia elétrica, graças a geradores movidos a motor a diesel, instalados por Andrade.
Em apenas cinco meses, o povoado foi elevado à condição de distrito do município de Valparaíso e, já no ano seguinte, em 30 de dezembro de 1938, Andradina conquistou a autonomia administrativa. Na lista de seus habitantes ilustres está a poetisa Cora Coralina, que viveu na cidade nas décadas de 1940 e 1950. Lá ela escreveu obras como o "Poema ao Milho".
A Vara do Trabalho
Com endereço na Rua Corumbá, 901, a VT de Andradina tem uma jurisdição com mais de 200 mil habitantes e 12 municípios além da cidade-sede – Castilho, Guaraçaí, Lavínia, Mirandópolis, Murutinga do Sul, Nova Independência, Guzolândia, Ilha Solteira, Itapura, Pereira Barreto, Sud Mennucci e Suzanápolis. No entanto, os seis últimos, que somam uma população de aproximadamente 70 mil pessoas, são atendidos atualmente pelo Posto Avançado da Justiça do Trabalho de Pereira Barreto.
O GMP
Coordenado pelo juiz Flávio Landi, o GMP desenvolve atividades que incluem uma reflexão conjunta acerca da qualidade de vida pessoal e profissional. Os servidores de cada unidade visitada são convidados a responder um questionário com temas como relações interpessoais no trabalho e sintomas e fontes de estresse e recebem um feedback com as conclusões das especialistas do Grupo no tema, a psicóloga Juliana Barros de Oliveira e a assistente social Maria Angela Caparroz Arelano Cordeiro. O GMP também registra demandas de caráter estrutural ou administrativo, por intermédio da servidora Maria Auxiliadora Ortiz Winkel, assistente da Presidência do Regional. Já os problemas relativos à área de segurança são analisados pelos agentes Luís Cláudio da Silva e Jenner Eduardo dos Santos, que também integram a equipe.
Texto Luiz Manoel Guimarães
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