GMP em Matão: família, fé e felicidade marcam a vida de servidor da Vara do Trabalho local
Criado pelo presidente do TRT da 15ª Região, desembargador Flavio Allegretti de Campos Cooper, para ser um canal direto de comunicação entre o 1º grau e a Presidência da Corte, o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) esteve em Matão, a 35 quilômetros de Araraquara. A Vara do Trabalho (VT) local está instalada na Rua Jundiaí, 1.270, e sua jurisdição inclui as vizinhas Dobrada e Nova Europa, totalizando cerca de cem mil pessoas.
Com aproximadamente 81 mil habitantes, Matão foi elevada à categoria de município em 27 de agosto de 1898 e deve seu nome às matas densas que existiam na região, na época da fundação da cidade. Quem conhece bem o lugar é Manoel Tiburtino Filho, que mora lá desde os dois anos de idade. Servidor da Prefeitura, Tiburtino, como é conhecido pelos colegas, está cedido à Justiça do Trabalho desde a inauguração da VT, em 14 de junho de 1993. Em poucos meses, assumiu a função de calculista na unidade. "Os números são o meu terreno", garante ele, que é técnico em contabilidade. "Procuro ir fundo em cada caso, cada cálculo. O segredo é o cuidado, a atenção redobrada, de forma a conjugar corretamente o direito com a parte contábil."
Três gerações dedicadas à fé
A família de Tiburtino chegou a Matão em 1960, e Manoel Tiburtino, o pai, logo fundaria a Assembleia de Deus na cidade. Prestes a completar 94 anos (em fevereiro próximo), seu Manuel, baiano de Caetité, município do sudoeste do estado, "foi criado na roça, como pastor de ovelhas e cabras, e passou a pastor de almas", como ressalta o filho.
Aposentado desde 2003, depois de 49 anos de atividade religiosa, e viúvo há quase uma década, seu Manuel não que saber de parar. Renovou a carteira de habilitação e, de vez em quando, pega o carro e "escapa" sozinho, garante Tiburtino, em direção à igreja. Nada que possa causar muito temor aos pedestres e outros motoristas: o veterano condutor, que já passou inclusive por uma cirurgia de catarata, há uns 20 anos, prescinde de óculos até para ler a Bíblia, um de seus hábitos diários. Para completar, ainda cozinha e se mantém em forma, no peso normal, mesmo sendo um doceiro "de mão-cheia". "Ele não resiste a uma cocada, seu doce favorito", "entrega" Tiburtino.
O servidor e sua família dão sequência à obra do patriarca na Assembleia de Deus, a começar pelas obras sociais. Em Matão, a igreja mantém uma escola de música para 40 alunos, "gratuita e aberta a qualquer pessoa, evangélica ou não, a partir dos quatro anos", enfatiza Tiburtino. As aulas ocorrem aos sábados, das 9 da manhã ao meio-dia, na Avenida Campos Salles, 1.335, e todos os professores são voluntários, inclusive Gustavo, o caçula de nosso entrevistado. Aos 17 anos, ele já leciona bateria e teclado na escola.
A música, aliás, está em toda a família, que participa sem exceção das celebrações musicais na Assembleia. Tiburtino é tecladista, e sua esposa, Solange, soprano, é cantora solo. Já a filha Izamari, 21 anos, faz parte do coral, e os instrumentos do primogênito, Vinícius, 29, são o sax e o trompete. "A música sempre foi tradição nas igrejas evangélicas", observa Tiburtino. "Deus habita no meio do louvor." A Assembleia de Deus de Matão possui inclusive uma orquestra, com cerca de 30 músicos, acrescenta ele.
Feliz no trabalho e na família, essa é a sensação que Tiburtino transparece. Ainda mais agora, com a chegada de Lorenzo, o primeiro neto, nascido em 3 de junho deste ano. Filho de Vinícius e da fisioterapeuta Aline, o garoto é o xodó declarado do vovô, que não esconde também o orgulho dos filhos. Gustavo, ainda no ensino médio, pretende ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas, e seguir carreira militar. Já Izamari é estudante de pedagogia, e o paizão Vinícius, mecânico de aviões na Embraer, no município de Gavião Peixoto, também na região de Araraquara. A unidade está voltada principalmente para a produção de aeronaves militares, incluindo o famoso Tucano. Em setembro passado, Vinícius esteve nos EUA, montando exemplares do modelo vendidos para o governo norte-americano.
O GMP
Coordenado pelo juiz Flávio Landi, o GMP desenvolve atividades que incluem uma reflexão conjunta acerca da qualidade de vida pessoal e profissional. Os servidores de cada unidade visitada são convidados a responder um questionário com temas como relações interpessoais no trabalho e sintomas e fontes de estresse. Posteriormente, recebem um feedback com as conclusões das especialistas do Grupo no tema, a psicóloga Juliana Barros de Oliveira e a assistente social Maria Angela Caparroz Arelano Cordeiro. O GMP também registra demandas de caráter estrutural ou administrativo, por intermédio da servidora Maria Auxiliadora Ortiz Winkel, assistente da Presidência do Regional. Já os problemas relativos à área de segurança são analisados pelos agentes Luís Cláudio da Silva e Jenner Eduardo dos Santos, que também integram a equipe.
Outra missão do Grupo é traçar um perfil dos servidores da 15ª. A proposta é mostrar quem são e como vivem esses profissionais, ou pelo menos uma parte deles, que, espalhados por cerca de uma centena de cidades paulistas, são mais de quatro mil, somando os do próprio quadro do Regional com os cedidos por outros órgãos públicos. É um "exército" que está lado a lado com os magistrados da 15ª no confronto com cerca de 300 mil novos processos anualmente, em números atuais. (Com informações da Prefeitura de Matão, do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal – Cepam – e do IBGE)
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