GMP encontra servidores músicos na VT de Lorena

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Sob a sombra de duas árvores, na avenida de mão dupla e calçamento de paralelepípedos, decididamente não "pestaneja" a Vara do Trabalho de Lorena. O prédio de dois andares na altura do número 360 da Doutor Peixoto de Castro é ponto de referência para trabalhadores em busca de seus direitos. Com uma movimentação que supera 1.500 ações anuais, o local que lembra a "casa da gente" estava abarrotado, ainda à espera das melhorias organizacionais e espaciais proporcionadas pela implantação do Processo Judicial Eletrônico (PJe-JT). Além do município-sede, com cerca de 87 mil habitantes (segundo estimativa de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), a VT atende também a população de mais três cidades do Vale do Paraíba: Piquete, Cachoeira Paulista e Canas. Os processos, em sua maioria, têm origem na indústria e em serviços diversos como segurança, limpeza, manutenção e reparação.

Os servidores da VT interagiram com o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) em reunião improvisada na cozinha e regada a café fresco. A psicóloga Juliana Barros de Oliveira e a assistente social Maria Angela Caparroz Arelano Cordeiro aplicaram questionários para avaliação de indicadores de qualidade de vida e de fontes de estresse, conversando posteriormente com os servidores de forma individual. Foi possível constatar que o trabalho é intenso, como em todas as unidades visitadas, e o ambiente, extremamente favorável. "Todos os servidores apontaram para um bom relacionamento na VT", salienta Juliana.

Entre os objetivos do GMP está ainda o de coletar demandas de aspectos estruturais e organizacionais das varas e postos, a cargo da servidora Maria Auxiliadora Ortiz Winkel. Coordenado pelo juiz auxiliar da Presidência do Tribunal, Flávio Landi, o GMP tem a missão de intensificar os canais de comunicação entre a 1ª instância e as áreas administrativas do Tribunal. Com participação espontânea tanto de juízes como de servidores, o GMP dá ainda a todos os profissionais da 15ª Região a oportunidade de se conhecerem, por meio de reportagens publicadas no site ou na revista interna on-line Ser15.

"Notas musicais entre bolas de sabão"

Ricardo de Oliveira Soares, técnico judiciário da VT, é professor de violão nas horas vagas, ofício que aprendeu há mais de 10 anos, a partir de seu engajamento nas igrejas de Cunha, animando as missas no município onde mora, limítrofe de Lorena. A formação musical sacra recebeu influência da família, que é bastante religiosa. Ao lado da amiga e cantora Luciane se apresenta também em casamentos. As aulas de violão são ministradas semanalmente, à noite. No rol de alunos, encontra-se um "grupinho" formado por seis crianças de 11 a 13 anos, três no violão e três que cantam. Parafraseando o poeta, são como "notas musicais entre bolas de sabão". Ricardo acompanha nos teclados, pratica e se diverte com os seus aprendizes mirins. "É muito legal vê-los nas apresentações".

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) Campus de Guaratinguetá, se engendrou pela área dos computadores. Ao finalizar a faculdade, em 2005, ingressou na antiga Nossa Caixa, trabalhando também no Banco do Brasil, antes de iniciar carreira na Justiça do Trabalho, em 15 de maio de 2012, já na VT de Lorena. "Bem perto de casa", conforme relatou. Ricardo estudou sozinho e se orgulha por ter sido aprovado no concurso do TRT sem frequentar cursos especializados. Ricardo engrossa a estatística do GMP sobre servidores que realmente adoram o que fazem. "O TRT tem todos os requisitos que considero essenciais, entre eles, um ambiente ótimo para se trabalhar".

"Amava os Beatles e os Rolling Stones"

Se fosse por influência do pai, militar, Julio Lucatto Junior, diretor de Secretaria da VT de Lorena, seguiria a carreira na Aeronáutica. Bem que tentou. Aos 14 anos deixou sua casa, em Guaratinguetá (município vizinho de Lorena), para estudar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar – Epcar de Barbacena (MG) até que as manobras radicais "lá em cima" fizeram-no sair do avião "branco como uma cera". "Vi que não gostava de voar e não quis seguir a carreira de piloto". Julio terminou o segundo grau na Epcar e fez uma nova tentativa, desta vez na Marinha. "Fiquei uma semana", sentenciou. Após fazer curso pré-vestibular em São José dos Campos, ingressou na faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde estudou por um ano.

Ainda em dúvida sobre seu futuro profissional, - ar, água e as moléculas tinham sido deixados para trás -, Julio arriscou-se "em terra" e encontrou provisoriamente o seu lugar. Formou-se em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e atuou por três anos na área, dois na Companhia de Energia Elétrica de Minas Gerais (Cemig) trabalhando com equipamentos de irrigação e conservação de energia, e um ano numa fazenda em Januária, também em Minas, com sementes e plantações de milho, feijão e frutas. A possibilidade de exercer cargo público por meio de concurso surgiu por volta de 1992, quando foi aprovado para oficial de Chancelaria, em Brasília. Emendou uma pós-graduação em irrigação pela Universidade de Viçosa, e em 1996, teve início sua história com a Justiça do Trabalho da 15ª.

Depois da aprovação para o cargo de analista, atuou na área de pagamentos até se transferir, em 1997, para o Fórum Trabalhista de Taubaté, onde ficou por pouco mais de um ano. Estar mais próximo de sua cidade natal era o objetivo, o que veio a ocorrer em 30 de novembro de 1998, quando assumiu o cargo de diretor de Secretaria da VT de Lorena. Nesse mesmo ano, Julio tornou-se pai de uma menina, pela primeira vez. Na VT, Julio lidera o ritmo, propondo rodízio de funções. "Todos devem aprender a fazer tudo para enxergar e entender o processo como um todo. Há muita colaboração e o clima favorece essa filosofia".

Toda essa trajetória tem trilha sonora. Autodidata, Julio formou sua primeira banda durante o ensino médio. "A música sempre veio me acompanhando. As cifras tiro de ouvido e vou atrás dos acordes. Tudo funciona como fator desestressante", disparou. A influência também registra lastro na família, uma vez que a irmã, tem graduação em música. Fã incondicional dos Beatles, reserva uma sala em casa para os equipamentos de som e os CDs preferidos. "Não tem nem mais onde pôr". Na década de 1980, reunia os amigos e tocava com assiduidade. Posteriormente, com a banda Ensaio, composta por mais três integrantes, percorria os barzinhos do Vale do Paraíba, com repertório que ia de MPB ao samba de raiz, passando por clássicos internacionais.

"E o animal abocanhou o mandado"

Benedito Monteiro Júnior, identificado carinhosamente como "Dinho", é oficial de Justiça da VT de Lorena, e como tal, coleciona alguns episódios pitorescos de suas idas e vindas pela região fazendo chegar ao destino citações, penhoras, arrestos e demais diligências. Ingressou na VT exatamente na data de inauguração, primeiro de outubro de 1993, quando ainda era chamada de Junta de Conciliação e Julgamento (JCJ). Certa vez, ao fazer uma citação, o executado, que estava amarrando um bode no poste, ficou tão surpreso com a visita "indesejada", que gesticulava sem parar com o documento em mãos. "Ele tentava entender o que estava acontecendo. O bode se aproximou do papel e simplesmente o devorou, sem deixar migalhas", relatou Dinho. Em outra situação, nosso oficial de Justiça quase foi abocanhado por dois cães da raça boxer. "Estiquei o braço para tocar o interfone da casa que nem estava funcionando e logo me deparei com as feras. Sorte que estava com uma camiseta tipo Hering de mangas compridas". O documento, claro, foi entregue.

Formado em Direito pela Universidade de Taubaté (Unitau) em 1978, Dinho ingressou na Justiça do Trabalho seis anos depois, no TRT da 2ª Região e atuou em Guaratinguetá. "Um amigo meu que trabalhava na JT sugeriu que eu prestasse concurso. Segui essa orientação e estou completando 30 anos de carreira na Justiça. Já estou ficando o mais velho da 15ª", contabilizou divertidamente. Ainda meio avesso às novas tecnologias, Dinho está um pouco apreensivo com o PJe, mas avalia que a ferramenta é extremamente positiva e necessária. "Busco amparo na minha amiga, também OF da VT, Maria Inês (Viana de Alvarenga Guerra) que me ajuda muito".

Curiosidades sobre Lorena, a terra das palmeiras imperiais

O povoado surgiu no final do século XVII e ficou conhecido como Vila de Guaypacaré (nome tupi-guarani que, segundo historiadores, quer dizer braço ou seio da lagoa torta, em virtude de um braço do Rio Paraíba existente ali). Localizada estrategicamente no eixo Rio-São Paulo, foi rota da monarquia brasileira. Diz a história que D.Pedro I, a caminho de proclamar a Independência do país, plantou pessoalmente uma das espécies existentes na rua das Palmeiras, durante sua estadia na cidade. Posteriormente, Lorena teria recebido a visita do Imperador D. Pedro II, da Princesa Isabel e de seu marido, o Conde D'eu, que se hospedaram na suntuosa residência do Conde Moreira Lima. Lorena, ainda no auge dos tempos do café, abrigou também grandes fazendas.

Nas imediações do município, assim como na região do Vale do Paraíba, foram travadas grandes batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932. Atualmente o Solar Conde de Moreira Lima, no centro da cidade, abriga o Museu Fragmentos da Revolução, com uma coleção de artefatos de guerra e um telégrafo, que era utilizado para a comunicação entre as tropas. (Fonte: Prefeitura Municipal de Lorena).

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