Grupo Móvel da Presidência do TRT visita Cajuru, onde servidor se divide entre o direito e a música

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Texto Luiz Manoel Guimarães

O nome vem de ka'îuru, que, em tupi, significa boca do mato. Localizado no nordeste paulista, a cerca de 70 quilômetros de Ribeirão Preto, o município de Cajuru comemorou no último dia 18 de agosto 148 anos de emancipação política.

A Vara do Trabalho (VT) local, no nº 181 da Rua Coronel Manoel Caetano, atende não só os quase 25 mil habitantes da cidade, como também outros 42 mil que residem em Cássia dos Coqueiros, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa de Viterbo e Serra Azul, municípios que completam a jurisdição da VT.

Fiel à sua missão de ser um canal direto de comunicação entre as unidades de 1º grau e a Presidência do TRT-15, o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) esteve em Cajuru para desenvolver com os servidores atividades que incluem uma reflexão conjunta acerca da qualidade de vida pessoal e profissional. Entre outras ações, os participantes responderam um questionário com temas como relações interpessoais no trabalho e sintomas e fontes de estresse.

Criado pelo presidente do Tribunal, desembargador Flavio Allegretti de Campos Cooper, o GMP é coordenado pelo juiz Flávio Landi e também tem o objetivo de dar aos servidores da 15ª Região a oportunidade de conhecerem uns aos outros. Quem são e como vivem esses profissionais? Espalhados por mais de cem cidades do Estado de São Paulo, eles são mais de quatro mil, somando os do próprio quadro do TRT com os cedidos por outros órgãos públicos, e só no ano passado contribuíram de maneira decisiva para a Justiça do Trabalho da 15ª fazer chegar aos reclamantes quase R$ 3,2 bilhões, decorrentes de acordos ou condenações.

Justiça, direito e rock'n roll

Quem está na linha de frente desse exército, por exemplo, é Paulo Fernando de Oliveira Júnior, que completa quatro anos de carreira na JT da 15ª no próximo dia 30 de agosto, sempre na VT de Cajuru. Nascido em Ribeirão Preto, onde foi escrevente da Justiça Estadual de 2006 a 2010, depois de advogar por dois anos, e formado pela Faculdade de Direito de Franca (2003), ele está agora em meio ao seu maior projeto profissional: a Magistratura Trabalhista. Já fez cerca de 10 concursos com esse fim e, num deles, para a 2ª Região, chegou à 3ª fase, a prova de sentença.

Sempre que pode, no entanto, o servidor deixa os códigos e a jurisprudência um pouco de lado e se dedica a outra paixão, a música. Sua primeira banda, King Lizard, surgiu em 1993, quando Paulo tinha apenas 16 anos, e embalou muitas festas de colégio, além de participar de vários festivais de música independente. Ao lado dos amigos Leandro (guitarra e vocal), Diego (bateria) e John (baixo), com quem Paulo, também guitarrista, vivia uma inversão de papéis em relação aos xarás de Liverpool, o candidato a futuro magistrado tornou realidade seu sonho de adolescente até 1997, quando as responsabilidades da vida adulta, como faculdade e emprego, fizeram mais esse quarteto se separar. Houve, aliás, um quinto elemento, que, neste caso, não é lenda: Franco, o vocalista original, primeiro a debandar do King Lizard, em 1995. O repertório incluía duas composições próprias: Croquete, em português, e Estados Unidos, na língua do Tio Sam.

Ao contrário dos Beatles, no entanto, o grupo voltaria a se reunir por mais algum tempo, exatos dez anos depois de sua dissolução. Mas, com Leandro e Diego em outras bandas, da formação original restaram, por ironia, justamente Paulo e John, que se juntaram desta feita a Nando, irmão do primeiro, na bateria, e Barney – outro, não aquele – no vocal. Entre outras ocasiões, tocaram em várias edições do chamado chá bar, a versão masculina do tradicional chá de panela. Diferentemente deste, em que as mulheres presenteiam a noiva com utensílios de cozinha, o evento protagonizado pelos marmanjos abastece o já quase ex-solteiro com mimos voltados ao consumo de bebidas que, digamos, exigem de seus consumidores uma prova de maioridade. Há quem faça os dois eventos conjuntamente, dando ao casal a oportunidade de compartilhar o momento.

Inspirações

O nome do grupo era uma homenagem ao The Doors. Jim Morrison, o vocalista e líder da banda norte-americana que explodiu com sucessos como "Light my fire", também era chamado de Lizard King, uma referência a um verso de "The celebration of the lizard", misto de poema e canção épica que Morrison escreveu. Ao morrer em 1971, esse filho ilustre da pequena Melbourne, na Flórida – não confundir com a homônima australiana, sede dos Jogos Olímpicos de 1956, nos quais nosso Adhemar Ferreira da Silva conquistou sua segunda medalha de ouro no salto triplo –, juntou-se a Jimi Hendrix e Janis Joplin, mortos no ano anterior, na galeria de mitos do rock.

Ramones, considerado o grupo precursor do punk rock, Pearl Jam, banda de grunge, subgênero do rock alternativo que tem no Nirvana de Kurt Cobain seu maior expoente, talvez, o Metallica, célebre quarteto do metal, como o próprio nome antecipa, e The Rolling Stones, que dispensam apresentações, também são sinônimo de qualidade para Paulo. Destes últimos ele destaca "Jumpin' Jack Flash", sucesso de 1968. Daqui, o guitarrista recomenda Legião Urbana, O Rappa e Raimundos.

Hoje, Paulo e seus amigos não tocam mais profissionalmente. Sempre que possível, porém, alugam um estúdio para uma jam session, dando vazão ao improviso. É a chance de ele se reencontrar com a guitarra, companheira de mais de 20 anos, que teima em rivalizar com o direito no dia a dia desse torcedor do Comercial de Ribeirão Preto, e quem sabe até sentir-se um pouco Hendrix, Slash (ex-Guns N' Roses) ou Jimmy Page, fundador do Led Zeppelin. Os três são praticamente unanimidade em qualquer lista de maiores nomes da guitarra de todos os tempos e, para Paulo, uma espécie de, com a licença do uso da expressão, "santíssima trindade" do instrumento que se tornou a cara do rock.

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Comunicação Social