Na VT de Aparecida, GMP descobre voluntária do Santuário Nacional
A pequena Aparecida (173 km de São Paulo), com seus 36 mil habitantes, se agiganta para receber anualmente, cerca de 12 milhões de peregrinos das mais variadas partes do mundo. Todos têm um objetivo em comum: visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o maior do mundo em devoção mariana. E ele surge imponente, no km 71 da Via Dutra, no sentido São Paulo-Rio. O complexo oferece aos devotos uma área superior a 1,3 milhão de metros quadrados, com quase 143 mil m² de construção. A Basílica compreende quase 72 mil m², e inclui os pavimentos inferior e térreo, arcada e Tribuna sul, a Cúpula Central e as Capelas da Ressurreição e do Batismo, além da Torre Brasília.
É no interior da Basílica, no pavimento térreo de 25 mil m², que fica o nicho da imagem da Padroeira do Brasil, exposta em um retábulo de 37 metros de altura. De estilo seiscentista, a escultura foi resgatada das águas do Rio Paraíba por três trabalhadores (pescadores) em 1717, portanto no Brasil Colonial e escravagista. De acordo com pesquisadores, era de terracota e possivelmente teria policromia. Porém o lodo do rio e a exposição ao picumã das chamas das velas dos candeeiros deram à imagem uma cor acanelada. Mãos postas em oração indicam seu papel de intercessora e seus lábios, entreabertos num sorriso, revelam bondade maternal, aspectos que, de certa forma, explicam o que leva milhões de pessoas à Aparecida em busca de acalento e esperança. Dentro da igreja – pasmem! – cabe a população inteira da cidade. As celebrações em torno de altar central chegam a reunir mais de 35 mil pessoas. Nas celebrações externas, a capacidade é para 300 mil, ou seja, mais de oito vezes a quantidade de habitantes do município.
Os números continuam a impressionar. O estacionamento do santuário ocupa uma área de 285 mil m² com mais de seis mil vagas para ônibus, veículos de passeio, motos, bicicletas e até um receptivo para cavalos. São mais de 870 sanitários. Por outro lado, a rede hoteleira da cidade abriga mais de 170 estabelecimentos. Há dezenas de restaurantes, centenas de lojas e mais de mil "banquinhas" para comercialização de souvenires, numa infraestrutura projetada para atender o grande fluxo de turistas. Estas características fazem de Aparecida um lugar muito peculiar, com predomínio das relações informais de trabalho e a ausência de indústrias de grande porte. A maior empregadora é a própria Basílica Nacional, com quase 2.000 funcionários.
As demandas que chegam à Vara do Trabalho de Aparecida, localizada na Avenida Padroeira do Brasil, número 437, são predominantemente oriundas do comércio, turismo e do setor de serviços. A unidade é responsável ainda pelo atendimento ao jurisdicionado dos municípios de Roseira, Lagoinha e Potim, que juntos somam um pouco mais de 37 mil habitantes. No ano passado a VT registrou uma movimentação de 785 processos recebidos e 819 solucionados, com apenas 209 ações pendentes de solução na fase de conhecimento. Os integrantes do Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) interagiram com os servidores para a verificação de indicadores de qualidade de vida, mediante o levantamento de fontes de estresse, a cargo das profissionais Juliana Barros de Oliveira e Maria Ângela Caparroz Arelano Cordeiro. Na reunião com o grupo foram anotadas também demandas de caráter organizacional e administrativo pela servidora Maria Auxiliadora Ortiz Winkel. Coordenado pelo juiz auxiliar da Presidência do TRT Flávio Landi, o GMP tem a missão de intensificar os canais de comunicação entre a 1ª instância e as áreas administrativas. O GMP dá ainda aos profissionais da 15ª Região a oportunidade de se conhecerem, por meio de reportagens veiculadas no site e na Ser15, revista interna eletrônica do Tribunal.
Dedicação ao Trabalho Voluntário
Auxiliadora Claro Alves de Siqueira atua na Justiça do Trabalho desde 2003. Foi requisitada para a VT da vizinha Guaratinguetá e lembra o dia em que a unidade judiciária de Aparecida entrou em operação. "A inauguração aconteceu em três de novembro de 2005 e auxiliei nos preparativos". Com 11 anos de casa, participa do rodízio dos trabalhos, atende ao jurisdicionado, faz ofícios, cartas precatórias, notificações e mandados, além de dar apoio aos estagiários. Entre os colegas tem fama de colaborativa. E realmente é, no trabalho e na vida. Em sua visita à VT, o GMP descobriu que Auxiliadora tem forte envolvimento com a comunidade católica do município. Nossa personagem é voluntária do Santuário Nacional, integrando o seleto grupo de leitores da Basílica, responsáveis pela interpretação das liturgias durante as celebrações. Faz isso há 11 anos. "Eu até tenho um pequeno problema de dicção e falei isso para o padre quando recebi o convite para fazer as leituras, mas ele não se importou. Realmente não atrapalha e acho que é uma missão".
No santuário, Auxiliadora ainda dá vida a personagens bíblicos nas encenações promovidas pela Basílica durante as atividades festivas. O mesmo acontece na centenária e tradicional festa de São Benedito, que faz parte do calendário turístico do Estado de São Paulo (Lei nº 13.372/09). Comemorada anualmente no primeiro final de semana depois da Páscoa, o evento transforma a cidade, acostumada até então ao silêncio e às orações. "A quietude do lugar se rende ao ritmo e à dança, com a apresentação de mais de 100 grupos folclóricos", revela Auxiliadora.
Casada com Hernandes, é mãe de dois filhos Patrick, 32 – funcionário do santuário, e Hernandes Jr, 27 – sargento da Aeronáutica e especialista em oboé, integrando a banda musical da corporação em São José dos Campos. Auxiliadora costuma participar também de palestras nos chamados ECCs (Encontro de Casais com Cristo), contando sua própria história. "São testemunhos de vida, em que trocamos experiências". De família humilde, lutou com muita dificuldade na vida para formar os filhos. "Procuramos cultivar a fé, o amor e a amizade, e o trabalho na comunidade nos fortalece", finaliza.
Mais sobre o santuário: projeto arquitetônico e artístico impressiona
A construção da Basílica teve início em 1955. O projeto arquitetônico, assinado por Benedito Calixto de Jesus Neto, neto do famoso pintor Benedito Calixto, é considerado de estilo neo-basilical-romano, remetendo às primeiras basílicas cristãs do século IV. A igreja tem formato de uma cruz grega, com quatro lados iguais, indicando estar aberta a todos os povos, do norte, do sul, do leste e do oeste. Grandes painéis de azulejos, repletos de histórias bíblicas e simbolismos, estão expostos internamente, nas quatro extremidades. A basílica, vista do alto, ganha a forma de uma estrela, somando-se à cruz grega, as capelas anexas. Outros 34 painéis de 7 x 5 metros contornam toda a igreja. Os pisos externos, em granito, são inspirados na água em movimento. Há ainda cerca de 400 arcos internos e externos romanos, em ângulos de 180º. Pendurada por sobre o altar central, uma cruz vazada de aço, de oito metros de altura, torna-se invisível, dependendo do local em que o visitante está. O artista plástico paulistano Cláudio Pastro, especializado em arte sacra, é responsável pelo projeto iconográfico da Basílica desde 2000. Adélio Sarro, que já expôs suas obras no Espaço Cultural do TRT, também possui esculturas na Capela do Santíssimo, que representam cenas do Lava-Pés e de Emaús. Visitas noturnas guiadas, com duração de 2 ou 4 horas, permitem ao visitante conhecer melhor a arquitetura e as obras de arte existentes. (Com informações do portal A12.com.br; site da Prefeitura Municipal de Aparecida, Guia da Basílica Nacional e IBGE Cidades)
Texto Ana Claudia de Siqueira
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