Servidores da VT de Pindamonhangaba recebem GMP
Dando sequência à missão de visitar as 153 Varas do Trabalho e os nove Postos Avançados do TRT da 15ª Região para diagnosticar sintomas de estresse e apurar demandas de ordem administrativa, o Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP) se reuniu com os servidores da Justiça do Trabalho do município de Pindamonhangaba e constatou um aumento da demanda processual nos últimos dois anos. Em 2013, a Vara do Trabalho recebeu 2.230 novas ações, 46% a mais do que no ano anterior, quando foram ajuizados 1.528 processos. A unidade solucionou 2.088 ações, o que representa um montante 44% maior (1.450 solucionadas em 2012), restando um saldo de 1.345 processos pendentes.
O "boom" de processos foi provocado principalmente pela falência de algumas empresas na região, gerando inclusive uma intervenção do Núcleo de Gestão de Processos e de Execução da Circunscrição de São José dos Campos, entre agosto e setembro do ano passado. De acordo com informações da diretora de Secretaria, Elaine Maria dos Santos Neves, a movimentação processual de 2014 já superou o registrado no ano passado, mas os motivos são outros. "O município está crescendo, movimentando a economia local, o que reflete também em nossa unidade e o PJe facilitou o acesso à Justiça". De janeiro a outubro, a unidade recebeu mais de 2.200 processos, sendo que mais da metade foram ajuizados via Processo Judicial Eletrônico – PJe-JT. A VT passou a operar com o sistema há apenas cinco meses, em 11 de junho de 2014.
A Justiça do Trabalho local foi instalada em 30 de março de 1990 e funciona há mais de 20 anos no prédio localizado na Rua Doutor Octavio Oscar Campello de Souza, 85 - Parque das Nações. Quem acessa a cidade pela Rodovia Presidente Dutra com destino à VT, tem à vista um monumento em homenagem ao pindamonhangabense "João do Pulo" (João Carlos de Oliveira), medalhista de bronze nas Olimpíadas de Montreal (1976) e Moscou (1980). Já nas dependências da Vara, cenas de uma Pindamonhangaba antiga estampam duas paredes. O painel localizado numa na sala de audiência retrata uma das primeiras indústrias do município, e o da sala de espera, revela características do povoado nos idos de 1800.
A vila teve origem mesmo em 1649, quando o primeiro morador, João do Prado Martins, ganhou terras no local e construiu um sítio com ranchos e pastaria. Não se sabe direito porque recebeu dos índios, o nome de Pindamonhangaba, que significa "lugar onde se faz anzóis", muito provavelmente pela proximidade com o Rio Paraíba. Sua fundação é datada de 1705 e foi elevada à cidade em 1849. O solo fértil fez da região grande produtora de cana-de-açúcar no século XVIII e posteriormente, de café. Com o fim desses dois ciclos, desenvolveu-se no município a pecuária e a cultura do arroz. O crescimento industrial ocorreu a partir de 1970, culminando com a necessidade, no início de 1990, da criação da JT no município, com jurisdição sobre Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão. A população dessas três cidades passou a ser jurisdicionada pelo Posto Avançado de Campos, inaugurado em 2009 e vinculado à VT.
Sorte de Jó
Pinda (como é referida popularmente) está com quase 160 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE/2014, o que corresponde a 1,3% da população da cidade de São Paulo, onde residia até o início deste ano, o técnico judiciário Bruno Pereira Mendes. Mineiro de Juiz de Fora e formado em Ciências Contábeis, trabalhou no Ministério Público de seu estado antes de prestar concurso para o TRT da 2ª Região, assumindo o cargo em setembro de 2010. Foram três anos de "não-adaptação" ao ritmo paulistano.
Certo dia, seu amigo Fábio comentou que iria permutar com uma servidora, indo para uma cidade do interior. Bruno, sem pensar duas vezes, se comprometeu: "vou orar para você e que tudo se resolva". Por fim, Fábio foi chamado para outro trabalho e Bruno acabou fazendo a permuta para a VT de Pinda. "Tive a sorte de Jó", lembrou, referindo-se a passagem do Velho Testamento em que Jó tem sua fé testada, reza para três amigos e retoma sua sorte.
Desde março atua na VT e comemora a mudança radical, o tempo ganho e a qualidade de vida do município. "Demorava cerca de uma hora para chegar ao trabalho em São Paulo, aqui não levo mais que cinco minutos. Posso passear com minha filha Betina, de três anos, com tranquilidade. É uma cidade muito pacata". Casado com Regina, que é professora, Bruno brinca que a primeira é uma princesa, a segunda, rainha e ele, servo das duas. O ideal da família é ser útil para sociedade e os dois buscam fazer isso. A esposa ensinando crianças e ele, na VT.
Uma história de superação
Ana Carolina Silva Correa Salgado ingressou na Justiça do Trabalho em 27 de junho de 2005, na 1ª VT de Taubaté. Formada em Direito, com pós-graduação em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Universidade de Taubaté (Unitau), passou a atuar como assistente de juiz na VT de Pinda, no final de fevereiro de 2012, por indicação de sua então diretora na unidade de Taubaté, Márcia Brockhof. Porém, antes de se tornar servidora da JT trabalhou cerca de um ano como advogada. Buscando aprimorar os conhecimentos jurídicos, matriculou-se ainda em cursos específicos para carreiras jurídicas na FMB.
Durante suas férias, em novembro do ano passado, Carolina foi surpreendida por um acidente aparentemente "bobo". "Cai de bicicleta. Só que bati o ombro direito na guia da calçada, fraturando o úmero. Tive que ficar com o braço imobilizado por 40 dias para colar o osso", conta. Depois foram 120 sessões de fisioterapia e Carolina teve que reaprender os movimentos. "Foi um período de superação, que trouxe algumas lições. Aprendi a valorizar os pequenos avanços como segurar um garfo e comer sozinha, por exemplo."
Nessa "brincadeira" ficou afastada do trabalho por quatro meses. "São nesses momentos que descobrimos o quanto podemos contar com o apoio dos amigos, da família e dos colegas da VT". Carolina faz menção especial ao suporte dado pela juíza Denise Ferreira Bartolomucci, titular da vara na época e que hoje responde pela 2ª de São José dos Campos.
Por Ana Claudia de Siqueira
Com informações do IBGE Cidades e site da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba
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