Sexto painel tratou dos principais transtornos mentais que acometem os trabalhadores

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 Por Ademar Lopes Junior

O sexto painel do 14º Congresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, apresentado na sexta-feira, 6/6, sob o tema "Jornada constitucional e a saúde do trabalhador", tratou dos principais transtornos mentais que acometem os trabalhadores.

Dividido entre dois especialistas da área médica, Duílio Antero de Camargo, coordenador do Grupo de Saúde Mental e Psiquiatria do Trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da USP, e Marco Túlio de Mello, diretor técnico do Centro Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes, o painel foi mediado pelo ministro Renato de Lacerda Paiva, do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O primeiro painelista, Duílio Camargo, apoiado em gráficos, abordou os principais transtornos mentais que incapacitam o trabalhador, paralelamente aos benefícios previdenciários no período entre 2007 e 2012. Dentre as enfermidades, foram registrados casos de problemas osteomusculares (artrites, artroses, LER-DORT), lesões (traumatismos) e envenenamentos (causas externas) e os próprios transtornos mentais (de humor, neuroses, distúrbios devidos ao uso de substâncias psicoativas, esquizofrenia, entre outros).

O palestrante, que também coordenou a Comissão Técnica de Saúde Mental e Trabalho da Associação Nacional de Medicina do Trabalho de 2007 a 2013, traçou um paralelo entre o controle da produtividade e o estresse, e afirmou que apesar dos avanços da legislação brasileira, especialmente com a transferência do ônus da prova para o empregador, no caso de doença ou acidente de trabalho, ainda é alto o índice de demência e alcoolismo decorrentes do trabalho.

O palestrante afirmou que é necessário se reavaliarem as atividades com potencial para causar danos físicos ou psicológicos aos trabalhadores, e propôs uma fase de implantação, prevendo avaliação, mediante estudos prévios de áreas que necessitam de intervenção, diagnóstico e, por fim, a própria intervenção. Num primeiro momento, na fase de avaliação, identificam-se os principais problemas que requerem ações preparatórias (compromisso de alta direção, envolvendo diretores, gerentes e outras áreas), elaboram-se estudos prévios e estratégias de implantação. Num segundo momento, de diagnóstico, estão previstas entrevistas individuais ou em grupos, aplicando-se instrumentos de avaliação para transtornos mentais e estresse ocupacional. Em um momento final, o de intervenção, o palestrante propõe que os casos detectados que necessitem de avaliação ou tratamento sejam alvo de campanhas educativas, programas de saúde mental do trabalho e treinamento de chefia. O palestrante encerrou afirmando que o principal objetivo das campanhas educativas "é combater o estigma e a discriminação das doenças mentais", e mostrar que é possível a prevenção e o tratamento, promovendo o retorno e a readaptação do trabalhador ao seu posto, além de reduzir o absenteísmo.

Os distúrbios do sono foram o foco da apresentação do segundo painelista, Marco Túlio de Mello, que é doutor em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com base na fisiologia do nosso organismo, que funciona condicionado ao binômio claro/escuro, Mello discorreu sobre a importância do sono e os comprometimentos dos trabalhos por turno de revezamento e o próprio trabalho noturno, segundo o palestrante como sendo o mais penoso para o organismo, incluvise com registro de alto índice de casos de câncer após a aposentadoria.

Dentre os prejuízos provocados pela falta de sono, constam a atrofia muscular, as alterações de hormônios, aumento de corticosterona e redução de testosterona, sem contar que, para os que trabalham à noite, aumenta o risco de acidente.

Os motoristas são os mais prejudicados pela falta de sono. Segundo afirmou o palestrante, longas vigílias, superiores a 19 horas, deixam o indivíduo bêbado de sono e totalmente comprometido para dirigir.

O palestrante, que também é livre-docente pela Unicamp e Unifesp, e membro titular da Câmara Temática de Saúde e Meio Ambiente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), ressaltou outras consequências da falta de sono, como a fadiga e a depressão, e afirmou que "o cansaço mata".

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Comunicação Social