A você, mulher

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Instituído durante a Conferência de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague (Dinamarca) em 1910, o Dia Internacional da Mulher, qualquer que seja o entendimento, tem sua origem ligada a um acontecimento trágico.

A versão mais difundida, contida, por exemplo, no "Dicionário Ideológico Feminista" (1981), da espanhola Victòria Sau i Sánchez, relaciona a criação da data ao martírio de 129 operárias de uma indústria têxtil de Nova York. Em 8 de Março de 1908, após declararem greve e ocuparem a empresa em protesto pelas condições de trabalho a que eram submetidas, elas foram trancadas na fábrica pelo próprio patrão, que em seguida incendiou o prédio. Todas morreram queimadas.

Há quem, no entanto, a exemplo de Temma Kaplan, em seu "On the socialist origins of International Women's Day", atribua a homenagem a outro grupo de trabalhadoras – coincidentemente também da indústria têxtil nova-iorquina –, cuja manifestação contra os baixos salários e contra a jornada de trabalho excessiva, em 8 de Março de 1857, foi brutalmente reprimida pela polícia. Muitas foram presas, e algumas acabaram esmagadas pela multidão em fuga.

Qualquer que seja o entendimento, no entanto, a origem da data remete essencialmente à luta da mulher por melhores condições de trabalho e, por extensão, por oportunidades mais justas de exercer seus múltiplos papéis na sociedade – mãe, avó, esposa e trabalhadora, por exemplo. Isso inclui as magistradas e servidoras do TRT da 15ª Região, protagonistas do destacado desempenho que a Corte, tanto na 1ª quanto na 2ª instância, apresenta ano a ano na Justiça do Trabalho do Brasil.

Maioria da população do País e chefe de família em quase 40% dos lares brasileiros, segundo o IBGE, a mulher já comemorou mais de oito décadas de conquista do direito de votar e ser votada para qualquer cargo no Executivo e no Legislativo nacionais, vitória alcançada em 1932. Com a Constituição de 1988, elas consolidaram a equiparação de direitos com os homens e asseguraram a tutela de necessidades específicas ao gênero, como a licença-maternidade e programas de atenção à saúde da mulher.

Por outro lado, em que pese a maior escolaridade em relação aos homens do País, as brasileiras ainda são vítimas de mazelas como, por exemplo, salários inferiores mesmo quando exercem as mesmas atividades dos colegas masculinos. Além disso, a violência doméstica contra a mulher persiste no Brasil como uma malfadada realidade, que mesmo a arrojada Lei Maria da Penha ainda não conseguiu extinguir.

Muito ainda há por avançar, é verdade. Mas verdade também é que, em apenas dois séculos, um mero sopro de tempo em proporções históricas, a mulher superou obstáculos dignos dos mais cultuados heróis do universo masculino. Neste 8 de março, queremos fazer a todos, mais uma vez, um convite à reflexão sobre as atuais demandas das mulheres e sua efetiva emancipação política, econômica e social. Mas pretendemos também, sem dúvida, prestar nossa sincera homenagem a todas as mulheres do Brasil e do mundo, em especial às trabalhadoras que, como as heroínas que deram origem à data, dia a dia não se esquivam de lutar por um futuro melhor para seus filhos e netos, para seus maridos e, por que não?, para si mesmas também.

Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher!

 

Desembargador Flavio Allegretti de Campos Cooper (com a colaboração da Coordenadoria de Comunicação Social)
 

Unidade Responsável:
Comunicação Social