Empresa em recuperação se reúne com magistradas na Vice-Presidência Judicial para solucionar passivo trabalhista
Por Luiz Manoel Guimarães
Com quase 30 anos de atuação no mercado, a Abrange Comércio e Serviços Ltda., empresa de logística sediada em Piracicaba, viveu seu auge de 2007 a 2012, atendendo a mais de 30 clientes, incluindo gigantes como Fibria, Johnson & Johnson e Caterpillar. Nessa época, a companhia chegou a contar com mais de dois mil empregados e atuava em 14 estados do País, por meio de 16 filiais. Toda a operação da Ambev no Nordeste ficava a cargo da Abrange nesse período.
No entanto, segundo o departamento jurídico da empresa, a crise econômica pela qual o Brasil passa atualmente fez com que vários contratos não fossem renovados pelos clientes. Outros, afirma o jurídico da Abrange, "foram rompidos drasticamente". Uma das consequências foi a redução do quadro de empregados em aproximadamente 90%. Sem recursos para quitar tantas rescisões de contrato de trabalho, a empresa entrou em recuperação judicial, decretada pela 3ª Vara Cível de Piracicaba.
Mas, garante o jurídico, mesmo nesse quadro adverso, a companhia conseguiu quitar sua dívida com a maioria dos credores trabalhistas inscritos em seu plano de recuperação. Só na 15ª Região, 247 processos já foram encerrados. Hoje com uma estrutura mais enxuta, bem como uma área de atuação menos ampla, a Abrange busca resolver as ações que ainda restam. São 256 ao todo, espalhadas por 12 TRTs.
Na 15ª restam 87 processos, e, com o objetivo de solucioná-los, representantes da empresa se reuniram nesta quarta-feira, 1º de julho, com as desembargadoras Gisela Rodrigues Magalhães de Araujo e Moraes, vice-presidente judicial do TRT-15, e Maria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa, coordenadora do Centro Integrado de Conciliação (CIC) de 2º Grau da Corte. Também participaram do encontro – que foi agendado a pedido da própria empresa – as juízas Andrea Guelfi Cunha, magistrada auxiliar da Vice-Presidência Judicial (VPJ), Adriene Sidnei de Moura David Diamantino, titular da 2ª Vara do Trabalho (VT) de Piracicaba e diretora do Fórum Trabalhista da cidade, e Valéria Cândido Peres, titular da 1ª VT. Representaram a empresa os advogados Felipe Fernando Franchi e Diego Vanderlei Ribeiro.
Ficou acertado que a Justiça do Trabalho piracicabana concederá à Abrange autorização para efetivar a chamada "venda direta" de um lote de veículos que hoje estão sob restrição judicial. A empresa estima obter com a negociação dos bens até R$ 700 mil, que serão direcionados para a quitação de dívidas trabalhistas. Por sua vez, cada VT de Piracicaba, a partir de um processo piloto, vai unificar as execuções contra a companhia na unidade, de forma a agilizar a quitação das dívidas. "Numa reunião de apenas uma hora demos um passo decisivo para solucionar em pouco tempo uma série de processos que, de outra forma, consumiriam pelo menos mais um ano de trabalho", comemorou a desembargadora Maria Inês.
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