Desembargadores da 15ª acompanham, a convite da Fiesp, palestra de especialista italiano em relações do trabalho
Com informações da assessoria de imprensa da FIESP
Paolo Rebaudengo, responsável por modernizar contratos de trabalho na Fiat italiana, participou de reunião do Conselho Superior das Relações do Trabalho
A bem-sucedida negociação para mudar relações trabalhistas arcaicas numa fábrica da Fiat no Sul da Itália mostra que é possível fazer a modernização necessária para manter a competitividade sem ferir os interesses dos trabalhadores. O caso foi relatado em reunião no último dia 28 de janeiro do Conselho Superior das Relações do Trabalho da Fiesp (Cort) por Paolo Rebaudengo, ex-vice-presidente de Relações Industriais do Grupo Fiat (atualmente Fiat Chrysler Automobiles. Os desembargadores da 15ª Henrique Damiano, vice-presidente administrativo, e Gisela Rodrigues Magalhães de Araújo e Moraes, vice-presidente judicial, participaram do evento, representando o presidente do Regional, desembargador Lorival Ferreira dos Santos.
Responsável pela mudança, Rebaudengo relatou diversas dificuldades, da legislação à atuação de múltiplos sindicatos de trabalhadores, de diferentes matizes ideológicos. O resultado compensou. Além de assegurar a fabricação na Itália de um novo modelo de carro, que poderia ter sido transferida parcialmente para a Polônia, o novo modelo de contrato de trabalho acabou sendo estendido a toda a Fiat no país.
Rebaudengo não recomendou um modelo para o Brasil –"há muitas maneiras de fazer a flexibilização", disse-, mas deixou claro que é preciso tomar a iniciativa para permitir a adequação dos contratos de trabalho às demandas do mercado. "A empresa está na base de tudo", afirmou. "Se não há empresa, não há trabalho. O debate não pode ficar no conflito."
O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, abriu o encontro. Lembrou que as pessoas são o que mais importa. Disse que é preciso buscar o equilíbrio, em que as pessoas sejam respeitadas, felizes, e o país tenha produtividade. Os debates, afirmou, são positivos.
Roberto Della Manna, vice-presidente da Fiesp e presidente do Cort, apresentou Rebaudengo, mencionando seu protagonismo da reforma das relações trabalhistas na Itália. Para destacar a conveniência de discutir as relações do trabalho, Della Manna lembrou que o emprego da indústria paulista fechou 2015 no vermelho, com piora em todas as regiões do Estado e todos os setores. Para este ano, a previsão é de nova perda. O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon) projeta perda de 6% em 2016.
Della Manna citou também relatório da OIT com números pessimistas para os países emergentes, especialmente o Brasil. "A situação preocupa tanto os trabalhadores quanto os empresários", disse. O que foi feito na Itália talvez sirva de exemplo para o Brasil, afirmou. Entre os debatedores do evento estiveram ainda o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto e o pesquisador Hélio Zylberstajn.
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