Espaço Cultural do TRT-15 traz exposição de Ramón Cáceres, que segue até 20 de outubro

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Ao som de milongas paraguaias, foi aberta, na tarde de terça-feira (19/9), a exposição do artista plástico Ramón Cáceres, no Espaço Cultural do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. Com a curadoria da desembargadora Maria Madalena de Oliveira e da juíza Marina de Siqueira Ferreira Zerbinatti, a mostra reúne 18 telas do artista, que, além de pintor, é cantor, escultor e restaurador. As visitas ao local podem ser feitas até o dia 20 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 12 às 18h, na Rua Barão de Jaguara, 901, 3º andar, no Centro de Campinas.

"Só tenho a agradecer. Não peço nada a Deus e dele recebo tudo: amizades, filhos, netos", afirmou Ramón, durante o vernissage que precedeu a abertura da exposição para o público. Como forma de agradecimento, o artista cantou, em guarani, uma canção em homenagem à Imaculada Conceição, padroeira de Campinas e também do Paraguai, onde é chamada de Virgem de Caacupé. "Tenho um carinho muito especial por esta cidade, que, em muitos aspectos, me faz lembrar de Assunção. Além da padroeira comum, aqui nasceu Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani, baseada no romance de José de Alencar", ressaltou.

O presidente do TRT-15, desembargador Fernando da Silva Borges, destacou a tradição do Tribunal em receber grandes artistas e intelectuais. "Esse espaço funciona desde 2002, mas, já em 1992, no prédio que hoje abriga a sede administrativa, começaram as nossas exposições, organizadas pela Izá [Gemha Anção Pereira], esposa do desembargador Adílson Bassalho Pereira", relembrou.

Como exemplo de exposição marcante recebida pelo TRT-15, o desembargador Fernando Borges recordou a mostra da artista plástica Anna Maria Badaró, que pintou uma série de telas inspirada pela obra do escritor Rubem Alves.

Além de saudar o artista e expressar a honra do Tribunal em recebê-lo, a desembargadora Maria Madalena de Oliveira fez uma crítica enfática ao patrulhamento ideológico nas artes. "O feio, o bizarro, a denúncia social, tudo isso também é arte. Não só o belo é arte", afirmou. Ela citou dois casos recentes que a fizeram lembrar a censura imposta pelo regime militar, quando era estudante de Direito: a apreensão de um quadro da artista Alessandra Ropre, em Campo Grande, feita por um delegado após manifestação de deputados estaduais, e o fechamento da exposição Queermuseu, em Porto Alegre, consequência da pressão de grupos da sociedade civil insatisfeitos com o conteúdo da mostra. "Muitos dos que criticam vão ao museu do Prado, na Espanha, e aplaudem as obras de [Francisco] Goya, processado pela Inquisição por pintar cenas consideradas obscenas. Se não gosta, boicote, influencie seu círculo social para que não vá à exposição. Mas censura, nunca mais."

Coube à juíza do trabalho e curadora Marina Zerbinatti apresentar o longo e diversificado currículo de Ramón, que já expôs em Portugal, na Suíça, no Paraguai e em dezenas de museus e galerias do Brasil, entre eles o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Como restaurador, passaram pelas mãos de Ramón Cáceres obras de Portinari, Di Cavalcanti e Clóvis Graciano, entre outros. Como cantor, transformou-se, de acordo com o maestro Hermínio Gimenez, "num dos mais altos expoentes, como intérprete, da bela música paraguaia". O trabalho do multiartista também foi documentado no livro A Arte de Ramón Cáceres, escrito pelo crítico de arte Enock Sacramento, membro das associações Paulista, Brasileira e Internacional de Críticos de Arte.

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