O desembargador Flavio Allegretti de Campos Cooper, integrante da 1ª Câmara do TRT-15, recebeu, na tarde desta segunda-feira, 3/4, mais uma homenagem de seus colegas desembargadores durante a abertura de uma sessão extraordinária da 8ª Câmara, a qual foi convidado a presidir. A homenagem se deve à sua última semana no tribunal antes de sua aposentadoria, no próximo dia 7.

Participaram da sessão os desembargadores José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, decano da 15ª, Luiz Roberto Nunes, Erodite Ribeiro dos Santos De Biasi, Claudinei Zapata Marques (presidente da 8ª Câmara), Carlos Augusto Escanfella e Carlos Alberto Bosco (estes últimos integrantes da 7ª Câmara). Também os juízes convocados Marcelo Magalhães Rufino, Scynthia Maria Sisti Tristão, Hamilton Luiz Scarabelim e Daniela Macia Ferraz Giannini, e a procuradora do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região, Alessandra Rangel Paravidino Andery.

Homenagearam também o desembargador Cooper, na abertura da mesma sessão, outros membros da Corte, como o presidente do Regional, desembargador Fernando da Silva Borges, e os desembargadores Gisela Rodrigues Magalhães de Araujo e Moraes, José Otávio de Souza Ferreira, Helcio Dantas Lobo Junior e Jorge Luiz Costa.

O advogado Ulisses Nutti Moreira, considerado decano dos advogados por sua militância no TRT-15 desde sua inauguração em 1986, em nome da classe dos advogados, fez uma homenagem "extraída do coração", como ele mesmo definiu, e salientou a "feliz coincidência" de poder cumprimentar o desembargador Cooper pelo excelente trabalho desempenhado ao longo dos anos. Nutti também destacou a humildade e discrição como principal marca do desembargador, que "sempre tratou com lhaneza e de maneira positiva a todos".

O desembargador Claudinei Zapata, como porta-voz dos seus colegas, leu uma homenagem ao desembargador Cooper, que abordou sua trajetória profissional, desde sua diplomação em Direito em 1980, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passando por sua atuação como advogado, depois magistrado e os pontos mais importantes de sua "brilhante atuação" como desembargador na 15ª, onde chegou a ocupar o cargo de diretor da Escola Judicial, de corregedor regional e de presidente da Corte no biênio 2012-2014. O desembargador Zapata lembrou que "é nas coisas pequenas, mais que nas grandes, que reconhecemos o valor de um homem", e no quesito valor, segundo o magistrado, é impossível não gostar do colega Cooper, que sempre foi uma pessoa "longânima, alegre, de fino trato, muito pragmática, sempre discreto e gentil, porém justo e perspicaz". O magistrado ainda buscou na literatura de Hermann Hesse, Valdecio Gama, Rubem Alves e Mario Quintana as melhores palavras capazes de traduzir a despedida que, segundo ele, "é sempre dolorosa porque é um pedaço de vida que deixamos para trás".

Das palavras de Hermann Hesse, o magistrado destacou a coragem, lembrando que "a cada chamado da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias. Aberto sempre para novos compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver".

De Valdecio Gama, o magistrado destacou a essência do ser e a fugacidade da vida:

Em todo tempo, passageiro é a vida...
O tempo tem pressa, e em cada parada uma despedida.
O que temos se vai;
O que somos fica.

De Rubem Alves, tomou emprestado o lirismo que mistura a consciência do fluxo do tempo com o sabor das jabuticabas da infância e deixou a todos um conselho: "Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho mais passado do que futuro… Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas… As primeiras, ele chupou displicente… mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço…"

E para encerrar, o magistrado carinhosamente advertiu o colega com um pensamento de Mario Quintana: "Se tiver de me esquecer, me esqueça. Mas bem devagarinho."

A procuradora do MPT-15, Alessandra Andery, também registrou sua homenagem, destacando a serenidade e o equilíbrio do desembargador Flavio Cooper.

O presidente da Corte, desembargador Fernando Borges, lamentou mais uma vez a iminente despedida do colega, e reafirmou que apenas "ele se aposenta, a amizade não". O presidente elogiou ainda a atuação exemplar, de tantos bons exemplos semeados, do amigo que deixa a vida profissional para se dedicar a uma nova causa, tão nobre quanto a magistratura, e que deverá receber igualmente toda a atenção, disciplina e dedicação do amigo.

O desembargador Flavio Cooper bem que tentou conter a emoção, mas foi com a voz embargada que agradeceu as homenagens. Consciente de que "não há perda sem luto", o magistrado disse que não esquecerá os bons momentos particulares de amizade que fez no tribunal, e com humildade afirmou que "Nosso Criador não tem outra expectativa para nós senão o que fazemos com amor, ainda que com erros e limitações, pois isso é o que vale".

Por Ademar Lopes Junior