Lançamento de Pedra Fundamental marca início das obras do Hospital Ilumina de Prevenção e Diagnóstico Precoce de Câncer em Piracicaba
A Associação Ilumina de Piracicaba, presidida pela médica Adriana Brasil, promoveu na manhã desta segunda-feira, 2/4, a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Hospital Ilumina de Prevenção e Diagnóstico Precoce de Câncer, em terreno doado pela prefeitura do município, na Rua Arduce Honório de Aguiar, s/n, loteamento Alto do Taquaral, no bairro Pompéia. O empreendimento será construído com verba de R$ 27,8 milhões proveniente do maior acordo de indenização coletiva da história da Justiça do Trabalho, o caso Shell/Basf.
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, desembargador Fernando da Silva Borges, participou da solenidade, que reuniu também o prefeito do município Barjas Negri, os procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) Ronaldo José de Lira e Paulo Penteado Crestana, o presidente do Hospital de Câncer de Barretos Henrique Duarte Prata, o deputado estadual Roberto Morais, o vereador Gilmar Rota, representando a Câmara dos Vereadores, o secretário municipal de Saúde de Piracicaba, Pedro Mello, o representante da comunidade local Antônio Manoel da Silva, além de voluntários e pacientes assistidos pela instituição, entre outros colaboradores.
Dirigindo-se ao desembargador Fernando Borges, a presidente da Ilumina, Adriana Brasil, parabenizou o Tribunal pela atuação no caso Shell/ Basf. Em episódio de repercussão nacional, que se iniciou com Ação Civil Pública proposta pelo MPT em 2007 e prosseguiu com sentença condenatória pela 2ª Vara do Trabalho de Paulínia, mantida pelo TRT-15 (anos 2011 e 2012), centenas de ex-trabalhadores da Shell em Paulínia, e seus familiares, tiveram garantidos indenizações e tratamento médico em virtude dos efeitos da contaminação do solo da região da fábrica daquela multinacional a partir dos anos 70. Em audiência no TST, em Brasília, em 2013, as empresas concordaram também em pagar o valor de R$ 200 milhões de reais por dano moral coletivo, que vem sendo destinado a entidades de pesquisa e medicina.
A médica destacou ainda o trabalho criterioso do MPT na seleção dos projetos. Sabatinada pelo órgão sobre o projeto do hospital piracicabano visando aprovação e recebimento da verba, Adriana salientou que a entidade foi desafiada a crescer e a se desenvolver para atender às exigências. Ela agradeceu também aos Poderes Executivo e Legislativo de Piracicaba que sempre apoiaram as iniciativas da instituição e ao presidente do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, pelo estímulo e pela consultoria. "Estamos realizando um sonho de 15 anos e este é o momento exato para registrar o nascimento de algo novo, voltado às pessoas com câncer, para que todos tenham diagnóstico precoce e um atendimento da mais alta qualidade", finalizou.
Ao agradecer as palavras da médica Adriana Brasil, o presidente Fernando Borges se apresentou como apenas um representante de todos aqueles que trabalharam no processo Shell/ Basf, considerado de alta complexidade, como a desembargadora Maria Inês Correa de Cerqueira César Targa, à época juíza titular da 2ª VT de Paulínia e prolatora da sentença, os magistrados de 2ª instância e os ministros do TST. "Este projeto é um exemplo para o País ao provar que a união de pessoas sérias, bem-intencionadas e atuantes na sociedade, pode fazer a diferença. Isso não estaria acontecendo se não fossem os esforços do MPT, que, preocupado com as questões ambientais, ingressou com a ação civil pública". Fernando Borges citou outros projetos beneficiados pelas verbas do Caso Shell/ Basf, enfatizando que os valores estão sendo bem empregados, a partir da atuação de profissionais como a médica Adriana Brasil e Henrique Prata. "São pessoas que trabalham para o bem do próximo e por isso este País tem futuro".
O procurador Ronaldo Lira elencou alguns detalhes do projeto, nascido, segundo ele, no dia 29 de fevereiro de 2016, quando foi lançada a pedra fundamental da unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campinas, inaugurado no ano passado, também com verbas do Caso Shell/ Basf. O projeto de Piracicaba seguirá o mesmo modelo. "As unidades certamente trabalharão integradas. Tudo isso aqui é resultado da comunhão de esforços, de instituições e de pessoas, cada um contribuindo de alguma forma para presentear Piracicaba. Enxergamos a importância da cidade e das pessoas que irão dirigir o projeto. Isso é fundamental para que ele pudesse passar em crivo no MPT. São muitos projetos e a minoria foi aprovada".
O hospital de Piracicaba terá três mil metros quadrados de área construída em um terreno de 10 mil metros quadrados e realizará exames de mamografia digital, Papanicolau, toque retal e PSA para o câncer de próstata, exame clínico e tratamento cirúrgico do câncer de pele, além de exames para diagnóstico de tumores, visando especialmente ao atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto, que prevê ainda uma carreta móvel para a realização de exames preventivos em diversas cidades da região, conta com a parceria técnica do Hospital de Câncer de Barretos, instituição responsável pela transmissão de conhecimentos na área administrativa e médica.
Henrique Prata elogiou a iniciativa de destinar valores de processos trabalhistas a projetos como o da Associação Ilumina para salvar vidas e reforçou a necessidade do investimento constante em prevenção. "Estive em um simpósio com representantes de 50 países nos Estados Unidos, quando o Hospital de Houston, no Texas, e o National Cancer Institute de Washington anunciaram que, em 2050, de cada duas pessoas uma estará dentro de um hospital, em tratamento. A receita dada aos países é a de tratar o câncer em sua fase ambulatorial, com maior chance de cura, como faremos aqui com esse projeto em Piracicaba, porque o tratamento em hospital custa caro e arrebenta o orçamento da União, de estados e de municípios", evidenciou.
Em seu pronunciamento, o prefeito Barjas Negri recordou que nem bem havia tomado posse, em 2017, e foi procurado para arrumar um terreno para a construção, pois corria-se o risco de perder os recursos. "Trabalhamos rapidamente, junto com a Câmara de Vereadores, para que tudo caminhasse da melhor forma possível". Destacou também a importância da prevenção diante de um cenário onde a tecnologia para o tratamento da doença é cada dia mais sofisticada e cara. Também fizeram uso da palavra o secretário municipal de Saúde Pedro Mello e o deputado estadual Roberto Morais, que evidenciaram que o município de Piracicaba atingirá um novo patamar no tratamento do câncer a partir do diagnóstico precoce a ser oferecido pelo Hospital Ilumina.
Cápsula do tempo
O monsenhor Ronaldo Francisco Aguarelli, da Diocese de Piracicaba, realizou uma bênção religiosa da construção da obra, que deverá ser inaugurada em 2019. O primeiro paciente assistido pela Ilumina, José Moacir Martins, que passou a ser voluntário da instituição, depositou, junto com a pedra fundamental, uma cápsula do tempo, contendo jornais do dia, fotos, plantas do projeto, entre outros objetos. A cápsula será aberta em 2043.
Sobre o Caso Shell/ Basf
O caso Shell/ Basf já permitiu a destinação de R$ 70 milhões para projetos do Hospital de Câncer de Barretos, incluindo a construção de um Centro de Pesquisas Moleculares, um Centro de Prevenção de Câncer em Campinas e cinco carretas de prevenção e educação. Outros R$ 50 milhões foram destinados a projetos de entidades como o Centro Infantil Boldrini, a Fundacentro, a Universidade Federal da Bahia e a Fraternidade São Francisco de Assis (esta última para a construção de um barco-hospital na Bacia Amazônica). A Unicamp também recebeu o montante de R$ 2,5 milhões para a aquisição de equipamentos de neurocirurgia para o Hospital Estadual de Sumaré.
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