Escola Judicial promove encontro de magistrados e gestores para discutir execução, saúde e relações no trabalho

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A presidente do TRT-15, desembargadora Gisela Rodrigues Magalhães de Araujo e Moraes, participou na manhã desta quinta-feira, 8/8, da cerimônia de abertura do "Encontro de Magistrados Vitalícios e Gestores de unidades da 1ª instância – Traçando caminhos para a gestão na 1ª instância: execução, saúde e relações no trabalho". O evento, organizado pela Escola Judicial da 15ª Região (Ejud), é pioneiro no Tribunal e reuniu no auditório da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em Campinas, uma primeira turma formada por 170 magistrados e servidores. Duas próximas turmas também deverão participar do curso em outubro e novembro deste ano.

A presidente Gisela Moraes integrou a Mesa Alta ao lado do vice-diretor da Ejud 15, desembargador Carlos Alberto Bosco; do diretor do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da universidade, professor Gilson Alberto Novaes; dos membros do Conselho Consultivo da Ejud 15, representando respectivamente os desembargadores e os juízes titulares de vara do trabalho, o desembargador Ricardo Regis Laraia e a juíza Laura Bittencourt Ferreira Rodrigues, titular da 2ª VT de Americana; do presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 15ª Região (Amatra XV), juiz César Reinaldo Offa Basile; e da professora e filósofa Viviane de Souza Mosé.

Em seu discurso, a presidente Gisela Moraes ressaltou a importância do encontro que reforça, como ela mesma frisou, sua "crença na Justiça do Trabalho e suas esperanças num porvir melhor". A magistrada destacou a necessidade, em tempos de adversidades, das parcerias para a reflexão e busca de novos caminhos, e parabenizou a Escola Judicial pelo empenho em proporcionar ensinamentos que "incrementam habilidades e atitudes fundamentais à prestação jurisdicional". A desembargadora Gisela Moraes também afirmou que "gerir processos e pessoas em tempos difíceis às vezes tem um custo alto", principalmente por causa dos adoecimentos, da fragilização das relações interpessoais e do clima organizacional e que, por isso, merecem um "olhar atento" para si, para o outro e para o ambiente de trabalho, com vistas ao equilíbrio entre saúde, trabalho e relações humanas.

 

A diretora da Ejud 15, desembargadora Maria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa, por meio de um vídeo, cumprimentou os participantes do encontro e destacou dois pontos principais do curso, o primeiro no campo pessoal, uma vez que "somos e devemos ser todos responsáveis", juízes e servidores, pela prestação jurisdicional mas também pelo ambiente de trabalho, e o segundo, no campo profissional, por um autoconvencimento de atuar para uma execução e conciliação mais céleres e eficazes, já que "não basta uma decisão, é preciso ter efetividade".

 

O professor Gilson Novaes agradeceu à presidente do Tribunal pela boa parceria entre a Universidade Mackenzie e o TRT-15 e destacou a importância do encontro para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional na Justiça do Trabalho.

 

O desembargador Ricardo Laraia elogiou a iniciativa do Tribunal de, pela primeira vez, organizar um evento com juízes e servidores juntos.

 

O vice-diretor da Ejud 15, desembargador Carlos Alberto Bosco, destacou a proposta do curso, que se transforma num "espaço para reflexão" para o "equilíbrio entre prestação jurisdicional e execução" e na busca de saídas para a redução do número de processos em fase de execução, mas também com um "olhar cuidadoso" para as questões que dizem respeito à preservação da saúde física e mental no ambiente de trabalho.

 

O presidente da Amatra XV, César Basile, ressaltou o bom relacionamento entre a Escola Judicial da 15ª e a associação.

 

Ética e alteridade

 

Antes mesmo de abordar o tema de sua conferência de abertura do evento, a filósofa Viviane de Souza Mosé declamou três poemas de sua autoria, que tratam de temas como o adoecimento pelas palavras presas e não ditas, a saúde na fluidez dos sentimentos, a necessidade de mudanças de paradigmas, o reconhecimento da fragilidade da vida. A introdução, poética mas objetiva, pautou a exposição da palestrante que falou por mais de uma hora sobre ética, em diferentes aspectos, sob a visão dos antigos gregos, no pensamento medieval, no pensamento cartesiano, e ainda o viés marxista, desaguando nos tempos modernos em que se vive, segundo a filósofa, um dos momentos mais tensos em todo o mundo, uma "crise civilizatória sem precedentes", ou em outras palavras, a "crise da verdade", com o esgarçamento dos valores antes tão materializados e concretos, e que hoje se diluem numa sociedade cada vez mais virtual. Nessa passagem de um mundo para outro, do material para o virtual, não existem pontes, e por isso estamos todos num fosso.

A espécie humana, ao contrário dos animais, que já nascem com sua ordem estabelecida no mundo, precisa aprender com suas percepções, a cada dia, os eixos que nos orientam. Nesse sentido, e na tentativa de se entender a sentido da "verdade", tão explorado desde sempre, nunca é demais se lembrar dos gregos, com seu legado de mitos e histórias, como a da Ilíada e da Odisseia. Na primeira, a força de um homem quase imortal, Aquiles, forte e indestrutível, e a segunda a história de Ulisses, com seu cavalo de Troia, que se vale da esperteza para driblar a força. Nos dois mitos, refletem-se os tempos modernos e sua crise entre um mundo que se destroi a cada instante e outro que se forma com novos valores, numa guerra de narrativas entre o concreto e o virtual.

No que diz respeito à ética, propriamente dita, a palestrante buscou na Antiga Grécia o conceito original da palavra, que se explicava por uma atitude consciente do cidadão. Ser ético, nos moldes gregos, seria então entender seu lugar no mundo, participar da sociedade, defender os interesses do grupo, não por bondade, mas por inteligência. Nesse sentido, é preciso entender que a vida não pode ser uma experiência meramente intelectual (leia-se virtual) mas sim uma vivência real, com toda a sua instalibilidade e fragilidade, que é a própria condição da ética. É preciso, assim, criar uma "rede de benevolência" porque, no final das contas, cada ser humano só pode mesmo contar com outros seres humanos, e que nenhum "lugar de honra nos garante quando não temos amor".

Programa

 

No primeiro dia de curso, o público participa de debates sobre "execução de ofício, desconsideração da personalidade jurídica e meios de defesa do sócio", coordenado pelo juiz do trabalho do TRT-3 (MG), Marcos Vinícius Barroso. À tarde, magistrados e servidores participam de uma reunião sobre execução e uso de recursos disponíveis, coordenada pela mesmo juiz Marcos Barroso.

No segundo dia, na parte da manhã, os magistrados assistem à exposição dialogada sobre a "Atuação do Cejusc e da Divisão de Execução", coordenada pelos juízes da 15ª Kathleen Mecchi Zarins Stamato e Edson da Silva Júnior. Já os servidores participam da oficina "Execução: reflexões, soluções e encaminhamentos para a efetividade jurisdicional", orientada pelos diretores de secretaria do TRT-15 João Paulo Machado, Márcio Antônio Ferracioli e Matheus Junqueira Harder.

À tarde, os participantes assistirão à palestra "Saúde e relações humanas no trabalho: orientações práticas para gestão, ministrada por Lis Andréa Soboll, doutora em medicina preventiva e professora e pesquisadora no Departamento de Psicologia da UFPR.

A desembargadora Ana Amarylis Vivacqua de Oliveira Gulla, vice-presidente administrativa do Regional, encerrará a atividade com uma conferência às 16h30.

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Comunicação Social