Lançado em Sorocaba projeto de combate ao trabalho infantil no setor têxtil
Por Ademar Lopes Junior
"Estar na Moda é Combater o Trabalho Precário e Infantil". Esse é o tema do projeto de iniciativa do vereador Francisco França, lançado oficialmente na sexta-feira (30/9), na Câmara Municipal de Sorocaba. O desembargador João Batista Martins Cesar, presidente do Comitê de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do TRT-15, participou da sessão solene de lançamento do projeto.
Elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Sorocaba e Região, o projeto foi selecionado entre as dez iniciativas do Edital "Combatendo o Trabalho Infantil na Indústria da Moda", lançado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em parceria com o Instituto C&A.
O vereador Francisco França reafirmou, em seu discurso, a importância de se combater o trabalho precário e infantil, e chamou essa prática de "chaga social que ainda precisa ser combatida". O vereador também ressaltou sua satisfação em apoiar o premiado projeto "de grande importância ética, social e humanitária".
O desembargador João Batista Martins Cesar reforçou a importância do projeto como forma de conscientização de toda a comunidade. "A inciativa é feliz, pois, já no nome, nos chama a atenção. Nos mostra que precisamos ser consumidores conscientes", disse o magistrado, destacando ainda a necessidade de denunciar o trabalho infantil pelo Disk 100.
O evento contou também com uma exposição, no saguão da Câmara, sobre a história do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário, e com apresentações musicais de Elaine Buzato e Valter Silva, da Companhia Tempo de Brincar.
O Projeto
Com duração de doze meses, o Projeto "Estar na Moda é Combater o Trabalho Precário e Infantil" propõe o diálogo com empresas, sociedade e trabalhadores sobre a importância de enfrentamento do trabalho precário e em especial infantil na indústria da moda. O projeto prevê a realização de debates e estratégias de confrontar o problema. A presidente do sindicato, Paula Proença, lembrou que a proposta foi selecionada entre mais de cem inciativas no país. "Esse lançamento é apenas o início entre várias etapas que vão acontecer e espero contar com a colaboração de todos", afirmou.
Também representando o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário, Fernanda Moreira falou sobre a atuação do sindicato que representa 2.664 trabalhadores, em 96 confecções, sendo que 74% desse número são mulheres. Lembrou que historicamente Sorocaba e Votorantim foi polo de grandes indústrias do setor têxtil e que a desregulamentação e mudanças no setor levaram ao fechamento de grandes e médias empresas, transferindo a atividade para o ambiente doméstico, onde não há fiscalização.
Segundo levantamento do sindicato de anos atrás, empresas de fora de Sorocaba contratavam costureiras sem proteção social, exigindo rapidez na entrega das encomendas. "As costureiras, mesmo trabalhando em extensas jornadas, dificilmente conseguiriam cumprir os prazos e então entravam em cena os ajudantes, que geralmente eram seus filhos menores", destacou. Nesse contexto, o sindicato proibiu, por meio de convenção coletiva, o trabalho em domicílio em Sorocaba e Votorantim, o que, porém, não colocou fim à atividade.
- 4 visualizações