Terceiro painel do Seminário Concilia Sorocaba traz ao debate novas técnicas de medição e conciliação

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O "Direito Sistêmico e sua aplicação na Justiça do Trabalho" foi o tema do 3º painel, na quinta-feira, 23/5, do Seminário Concilia Sorocaba, evento promovido pelo Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas da Justiça do Trabalho (Cejusc-JT) de 1º Grau de Sorocaba e pela Ordem dos Advogados do Brasil local, com apoio do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, da Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi), do Ciesp Regional e do jornal Cruzeiro do Sul. O encontro da quinta-feira, realizado no auditório da Fadi, reuniu cerca de 400 pessoas, entre magistrados, professores, servidores e estudantes.

A juíza Ana Cláudia Torres Vianna, titular da 6ª Vara do Trabalho (VT) de Campinas e ex-coordenadora do Cejusc-JT de 1º Grau de Campinas, presidiu a mesa do painel, que contou, como palestrantes, com os juízes Wanda Lúcia Ramos da Silva e Sami Storch, titulares, respectivamente, da 7ª VT de Goiânia (GO) e da 2ª Vara de Família da Comarca de Itabuna (BA), e com a professora da cadeira de Mediação da Fadi, Karen Betti Mendes. Também compôs a mesa o presidente da OAB Sorocaba, Márcio Roberto de Castilho Leme.

Prestigiaram ainda o evento os juízes Ronaldo Oliveira Siandela, titular da VT de Piedade, Kathleen Mecchi Zarins Stamato, titular da 3ª VT de Jundiaí e coordenadora do Cejusc-JT de 2º Grau do TRT-15, e Paulo Eduardo Belloti, coordenador do Cejusc-JT de 1º Grau de Sorocaba.

Antes do início do painel, os participantes do seminário assistiram a uma apresentação do Coral do TRT-15, que, sob a regência do maestro Nelson Silva, resgatou quatro canções do repertório da Música Popular Brasileira. "Cio da terra", de Chico Buarque e Milton Nascimento, "Caminho das águas", de Rodrigo Maranhão, "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, e "Baião da Penha", de David Nasser, encantaram os ouvintes e trouxeram emoção à noite.

A juíza Ana Cláudia Torres Vianna afirmou que, nessa segunda edição do Concilia Sorocaba, "já se pode sentir a mudança de cultura, de uma cultura litigiosa para uma cultura da paz". A magistrada disse de sua proximidade com o principal tema do seminário, a conciliação, e afirmou acreditar que as leis sistêmicas têm muito a oferecer ao trabalho dos juízes, na tarefa de "cuidar de pessoas e pacificar as relações".

A juíza Wanda Lúcia ressaltou de início a importância, principalmente para os estudantes de Direito, do conhecimento sobre as leis sistêmicas, "um novo campo transdisciplinar", para a formação de uma nova atuação, menos litigiosa e mais conciliadora. Ela criticou o atual modelo de se operar o direito, que se revela pelos números um modelo deficitário, no entendimento da palestrante,"não podendo ser essa a única forma de se buscar fazer justiça". Segundo a magistrada, a constelação, como também é chamada a prática sistêmica, é uma "ferramenta de provocação de mudanças", mas exige do seu operador não só interesse, mas "empatia, a principal competência do mediador e conciliador".

A magistrada afirmou que as constelações oferecem um novo "jeito de aplicar as leis". Em sua exposição, que contou inclusive com histórias pessoais de como a constelação a ajudou a encontrar o equilíbrio nas relações familiares, a magistrada apresentou e explicou as três principais leis sistêmicas, que são o "pertencimento" (ordem de entrada no sistema), a "ordem ou hierarquia" (que indica qual é "o meu lugar") e o "equilíbrio entre o dar e o receber" (permissão de trocas propulsoras do fluxo da vida).

A segunda palestra da noite, ministrada pelo juiz Sami Storch, procurou trazer a constelação e as técnicas sistêmicas para dentro do Judiciário, prática que o magistrado tem mantido há 12 anos e que tem trazido, segundo ele, bons resultados na facilitação das conciliações e na busca de soluções que tragam paz às partes.

Estudioso da abordagem criada pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger e originalmente utilizada como método terapêutico, o juiz Sami Storch desenvolveu o "direito sistêmico" (termo cunhado pelo próprio magistrado), a partir de uma ótica baseada nas ordens superiores que regem as relações humanas, conforme demonstram as constelações familiares.

De acordo com o palestrante, com a constelação aprende-se a incluir quem está excluído e olhar não só para a ponta do iceberg. Em sua experiência como juiz, Sami Storch disse que percebeu, ao longo dos anos, que as queixas dos que buscam a Justiça muitas vezes repetem modelos problemáticos de vida, com raízes na ancestralidade. Esses problemas se repetem normalmente nas relações de trabalho e desaguam na Justiça do Trabalho, afirmou o magistrado.

O palestrante encerrou a noite com uma dinâmica que procurou, num curto espaço de tempo, mostrar aos participantes alguns princípios da constelação, para, como ele mesmo afirmou, "mostrar o que está na alma".

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