Campanha lança olhar para a invisibilidade do trabalho infantil no Brasil

Campanha lança olhar para a invisibilidade do trabalho infantil no Brasil
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“O trabalho infantil que ninguém vê.” Esse é o tema da campanha de 12 de Junho – Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil – correalizada pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Organização Internacional do Trabalho (OIT), para enfatizar a necessidade de reconhecer o trabalho infantil como uma grave violação de direitos humanos e uma forma de violência a crianças e a adolescentes.

#ParaTodosVerem: Imagem de dois carros na rua com balas nos retrovisores e a sombra de uma criança entre eles. E os dizeres em branco na parte superior: o trabalho infantil que ninguém vê.

A campanha ilustra diversas atividades realizadas por crianças e adolescentes enquadradas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), como o trabalho nas ruas, em confecções, a venda de bebidas alcóolicas, os serviços domésticos e o trabalho rural, que serve, alimenta, veste e beneficia aqueles que fazem uso desses serviços sem enxergar a violação de direitos que está na base dos serviços prestados.

De acordo com os dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), quanto às notificações relacionadas ao trabalho de crianças e adolescentes, disponíveis no Observatório da Prevenção e da Erradicação do Trabalho Infantil (Smartlab), foram registrados 60.095 casos relacionados ao trabalho de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos no período de 2007 a 2022, dos quais 34.805 acidentes de trabalho graves.

O Brasil registrou ainda um aumento de 7% nos casos de trabalho infantil entre 2019 e 2022. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), divulgada em dezembro de 2023 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento também revelou que, em 2022, 756 mil crianças e adolescentes foram submetidos às piores formas de trabalho infantil, que são atividades que podem prejudicar a escolarização ou o desenvolvimento biopsicossocial.

12 de junho – O Dia 12 de junho é o Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, instituído por meio da Lei n. 11.542/2007, oportunidade para informar, debater e dar destaque ao enfrentamento à grave violação de direitos que é o trabalho infantil.

Anualmente, as campanhas são realizadas nessa data para motivar uma reflexão da sociedade sobre o trabalho infantil e suas consequências, assim como para garantir a crianças e adolescentes o direito de brincar, estudar e ter vivências próprias da infância e adolescência.

Segundo o coordenador nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, ministro do TST Evandro Valadão, o 12 de junho apresenta uma reflexão sobre como nós, sociedade, ainda temos um longo caminho para alcançar o compromisso mundial de erradicar a grave violação aos direitos desses seres humanos em formação.

“Precisamos cada vez mais de instituições comprometidas nesse engajamento, mas, especialmente, de pessoas conscientes do quanto o trabalho precoce é degradante e lesivo para uma criança ou adolescente", disse. "Infelizmente, ainda temos, como sociedade, um comportamento negligente, mesmo omisso, ao presenciarmos situações de trabalho infantil, como se essas crianças fossem invisíveis aos nossos olhos, perpetuando, assim, a exclusão de direitos e não permitindo o exercício pleno de uma vida dignificada”, completou.

O coordenador nacional de Fiscalização do Combate ao Trabalho Infantil, da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Roberto Padilha, explica: "O trabalho infantil priva crianças e adolescentes de sua infância, educação e desenvolvimento, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade. O dia 12 de junho, Dia Nacional e Mundial contra o Trabalho Infantil, é uma data muito importante para sensibilizar e chamar a atenção da sociedade para essa grave violação aos direitos de crianças e adolescentes, bem como para reforçar a necessidade de união de esforços entre governo, empresas, trabalhadores e sociedade civil para erradicar essa prática e criar um ambiente onde todas as crianças possam crescer livres da exploração e ter acesso a oportunidades que lhes permitam um futuro digno".

Convenção – A Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para sua Eliminação – Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – prevê a obrigatoriedade de elaboração e implementação de programas de ação para eliminar, com prioridade, as piores formas de trabalho infantil.

Trata-se da única norma internacional do trabalho da OIT que alcançou ratificação universal, isto é, foi ratificada por todos os 187 Estados-membros da OIT. Criada em 1919, a organização é a única agência com estrutura tripartite da ONU, que reúne governos, empregadores e trabalhadores para estabelecer e promover normas, princípios e direitos fundamentais no trabalho, criando maiores oportunidades de trabalho e de renda decentes para todas as pessoas. Saiba mais em: https://www.ilo.org/pt-pt/regions-and-countries/americas/brasil

Neste ano, a Convenção nº 182 completa 25 anos, e sua ratificação pelo Brasil representa o compromisso do país com a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil. Apesar disso, ainda é necessário promover diversos avanços para garantir o direito à infância, livre de exploração. Mobilizar a sociedade por meio de campanhas é o primeiro passo para sensibilizar a população, desnaturalizar o trabalho infantil e retirar milhares de crianças e adolescentes que têm seus direitos violados.

Apesar do compromisso global de erradicar as piores formas de trabalho infantil de nossa sociedade, dados recentes da OIT e do Unicef mostram que, em 2020, 160 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos ainda eram vítimas de trabalho infantil no mundo (97 milhões de meninos e 63 milhões de meninas). Em outras palavras, uma em cada 10 crianças e adolescentes ao redor do mundo se encontravam em situação de trabalho infantil.

"Simplesmente não há mais tempo a perder. Fizemos uma promessa de erradicar o trabalho infantil até 2025, e o prazo já se aproxima. O mundo do trabalho é uma arena onde se decide o futuro de milhões de crianças e adolescentes. Erradicar o trabalho infantil no século XXI não é uma batalha solitária, mas uma meta compartilhada. É um somatório de atuações decisivas e articuladas entre governos, organizações de trabalhadores e empregadores e a sociedade civil para que possamos avançar – e não retroceder – na prevenção e eliminação do trabalho infantil", disse Vinícius Pinheiro, diretor do Escritório da OIT para o Brasil. "Embora, ao longo dos anos, muitos progressos tenham sido alcançados em todo o mundo na redução do trabalho infantil, infelizmente o que vimos nos últimos anos foi uma inversão das tendências globais. Por isso, hoje mais do que nunca, é importante unir forças para acelerar a ação no sentido de acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas", acrescentou.

Denuncie – Caso veja uma situação de trabalho infantil, você pode fazer a denúncia no MPT (www.mpt.mp.br ou aplicativo MPT Pardal), no Disque 100 ou no Sistema Ipê do Ministério do Trabalho e Emprego (ipetrabalhoinfantil.trabalho.gov.br).

Com informações do MPT

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Comunicação Social