Congresso é retomado nesta sexta com temática sobre trabalho e transformação digital humanizada
A 23ª edição do Congresso Nacional de Direito do Trabalho e Processual do Trabalho tratou no quinto painel nesta sexta-feira (4/8) sobre a temática Trabalho e Transformação Digital Humanizada, que foi mediado pela corregedora regional do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, desembargadora Rita de Cássia Penkal Bernardino de Souza. A magistrada definiu o tema como “instigante e atual”, e discorreu sobre as transformações impostas pela pandemia, que “antecipou a participação da tecnologia nas nossas formas de trabalho”. Além disso, Rita Penkal afirmou que afastar a inteligência artificial não é uma solução e que é preciso dominá-la, criando mecanismos para não sermos comandados. “O que a Justiça do Trabalho fará com o futuro do trabalho e a transformação digital?”, provocou a corregedora. Para ela, nesse cenário de inovação tecnológica, “o Judiciário Trabalhista deve acolher, melhorar e valorizar o ser humano como um todo”.
Dando continuidade à temática, a advogada Adriana Calvo mencionou o escritor de obras de ficção científica Isaac Asimov. Em seu livro “Eu, Robô”, ele define três leis da robótica: o robô não pode fazer mal ao ser humano, o robô deve obedecer às ordens de seres humanos e o robô deve proteger a própria existência, salvo se esta colidir com as outras duas regras. Com isso, Adriana Calvo falou sobre a abrangência da robótica e da inteligência artificial atualmente, em que “softwares fazem recrutamento e seleção, e robôs fazem atividades humanas, o que gera impacto no mercado de trabalho”.
A advogada abordou os conceitos de “machine learning (a máquina aprende por meio de dados recebidos) e de “deep learning” (a máquina vai aprendendo pelo conhecimento sozinha e acumulando conhecimento). Relatou como isso tem sido feito amplamente no “processo de seleção e recrutamento de pessoas nas empresas”. A palestrante, no entanto, argumentou sobre os atuais problemas denominados “algoritmos preconceituosos”, os quais “causam discriminação no mercado de trabalho na seleção de pessoas”, inclusive muitas ferramentas fazem analogias preconceituosas e discriminatórias, posto que, conforme afirmou a advogada, “seres humanos são preconceituosos e esses algoritmos são programados por seres humanos”. Nesse cenário, a palestrante também alertou sobre os perigos da crescente utilização da inteligência artificial no gerenciamento de pessoas, que gera grandes impactos, e enfatizou que é necessária uma auditabilidade dos softwares e a importância de sua supervisão por seres humanos para que a inteligência artificial zele pelos princípios da “equididade, não discriminação e transparência”.
Somos construtores nesse processo de transformações
“Precisamos nos enxergar como construtores das transformações que estão em curso, não como espectadores”, assim provocou Luiz Eduardo Drouet, que é presidente da Diretoria Executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Luiz Drouet argumentou sobre a “necessidade de o ser humano estar no centro do processo de avanço tecnológico, e não deixar que a tecnologia se sobreponha”. Tratou também sobre a importância da área de Recursos Humanos nessa conjuntura, posto que as empresas têm visto a necessidade de “colocar o ser humano como ponto central das decisões de negócio e como vantagem competitiva”. Também discorreu sobre a tecnologia e a necessidade de nos questionarmos sobre “como discutir o futuro do trabalho capaz de reduzir as desigualdades em que vivemos”. Por fim, falou sobre a “responsabilidade das empresas de tecnologia disruptiva na inclusão de pessoas, na diversidade e na equidade”.
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