Homenagens ao desembargador Souto Maior marcam sua última participação no Pleno

Homenagens ao desembargador Souto Maior marcam sua última participação no Pleno
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O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Jorge Luiz Souto Maior participou nesta quinta-feira, 27/7, de sua última sessão plenária Administrativa e Judicial, e também do Órgão Especial. O presidente da Corte, desembargador Samuel Hugo Lima, conduziu a cerimônia na abertura da sessão que reuniu os pares para as homenagens ao colega Souto Maior em sua última participação oficial no Pleno antes da aposentadoria, marcada para agosto. Na oportunidade, o presidente também fez a tradicional entrega simbólica da toga ao colega Souto Maior.

Coube ao desembargador Gerson Lacerda Pistori prestar a homenagem em nome dos colegas da Corte. O magistrado escolheu traçar paralelos, numa linha cronológica entre a vida do homenageado e fatos importantes da história sociopolítica e cultural do país, como a retomada do Presidencialismo em 1963, início da Cruzada de Teotônio Vilela pela redemocratização do Brasil (1974), o movimento das Diretas-Já (1984), entre outros, sempre com alusão a músicas do cancioneiro popular da época dos fatos. O magistrado também comparou o colega Souto Maior, reconhecidamente “um amigo de longa data e respeitado pela seriedade, abnegação e coragem” ao personagem histórico Cipriano Barata, participante da Revolta dos Alfaiates (1798) e fundador do jornal “Sentinela da Liberdade”, onde conclamava a todos para se manterem alertas contra o perigo de recolonização do Brasil.

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Campinas, Dimas Moreira da Silva, ressaltou a nova responsabilidade do desembargador Souto Maior, especialmente em sua atuação como professor universitário e escritor, “de defender a Justiça do Trabalho em sua concepção original de proteção ao trabalho digno e dos trabalhadores, e não como um mero refém do poder econômico, correndo o risco de se tornar no futuro um apêndice do Direito Civil”. 

O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Amatra XV), o juiz Sérgio Polastro Ribeiro, também prestou sua homenagem ao desembargador Souto Maior, a quem chamou de “uma figura calma e serena mas de caráter exaltado”, sempre “inconformado com as desigualdades sociais que assolam nosso país”.

Por fim, o próprio desembargador Souto Maior expressou sua dificuldade de encarar o momento de se aposentar, e apresentou algumas reflexões sobre a decisão. Antes, porém, fez questão de agradecer nominalmente, numa lista, aos desembargadores, juízes, advogados, servidores e até orientandos, com especial agradecimento ao presidente Samuel Hugo Lima, pela amizade e por sua atuação em favor do TRT-15, ao desembargador Gerson Lacerda Pistori, pela homenagem, ao procurador Dimas Moreira, pelo papel relevante desempenhado na sociedade brasileira, e ao juiz Sérgio Polastro, por sua atuação à frente da Amatra XV.

Sobre os principais fatos de sua vida, o magistrado afirmou que sempre se sentiu meio “enganado”, isso porque, apesar de ter nascido em 1963, ano de grandes avanços sociais e esperanças de reformas de base e importantes alterações sociais, foi surpreendido no ano seguinte, quando o País mergulhou num retrocesso social e político marcado por um longo período ditatorial. “Sou de uma geração que ficou sem compreender o mundo e achando que o mundo era ruim”, afirmou Souto Maior.

Sonho impossível de alma armada

Como magistrado, Souto Maior afirmou que sempre foi inspirado por dois sentimentos básicos, “a coragem de ser o que de fato se é e a defesa da Justiça do Trabalho, importante instituição para a sociedade brasileira, capaz de distribuir o sentimento de justiça e de dar voz a quem não tem, um meio democrático e acessível aos pobres e trabalhadores”. Nesse sentido, a compreensão do mundo, ainda que tenha vindo só mais tarde, veio como as letras da canção “Sonho Impossível”, uma versão de Chico Buarque para a música de Mitch Leigh e Joe Darion, e da canção do Rappa “Minha alma”, de Marcelo Yuka. “Paz sem voz é medo”, lembrou. Em ambas, presentes o sentimento constante de inconformismo, mas também a coragem e a luta, características marcantes da trajetória de vida do magistrado. No momento que recebeu as homenagens de seus pares pela aposentadoria, o desembargador Souto Maior afirmou que sai com a “sensação de dever cumprido”.

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Comunicação Social