Terceiro painel aborda os desafios do uso da tecnologia no trabalho rural

Terceiro painel aborda os desafios do uso da tecnologia no trabalho rural
Conteúdo da Notícia

Mediado pelo advogado trabalhista João Carlos Pereira, conselheiro regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), o terceiro painel do Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho Rural reuniu na tarde desta quinta-feira, 9/11, no auditório da Unimar, em Marília (SP), o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Mario Mollo Neto e o juiz Sérgio Polastro Ribeiro, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Amatra XV), para discutir o uso da tecnologia no trabalho rural.

#ParaTodosVerem: No púlpito de acrílico, o professor Mario Mollo Neto fala para a plateia, que o assiste sentada em cadeiras pretas. O advogado João Carlos Pereira e o juiz do trabalho Sérgio Polastro Ribeiro também aparecem na imagem, sentados na mesa de honra.

#ParaTodosVerem: Professor Mario Mollo Neto fala em frente ao microfone, enquanto gesticula com a mão esquerda.

Para introduzir a temática da automação e das tecnologias de informação e comunicação aplicadas no campo, o professor Mollo Neto elencou os saltos evolutivos da agricultura ao longo do tempo. Do uso intensivo de mão de obra e baixa produtividade característicos do período anterior a 1950, o setor foi marcado por mudanças significativas, como a revolução verde agrícola, melhoramento genético e uso de maquinário, a agricultura de precisão e biotecnologia dos anos 1990, passando pela computação em nuvem, uso de drones e imagens por satélite adotados a partir de 2015, até chegar aos dias atuais, na chamada agricultura 5.0, com o emprego da inteligência artificial, robótica e biologia sintética. 

O painelista assinalou que a transição para a agricultura digital encontra apoio no setor público e privado, com destaque para a atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como um dos principais articuladores na criação de uma política nacional de incentivo à inserção e difusão das novas tecnologias no campo. De acordo com Mollo Neto, da iniciativa privada estão previstos R$ 800 bilhões de investimentos em máquinas autônomas no mundo. 

Para o professor, a agricultura de precisão já atua como aliada no atendimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas. “Se por um lado, há muitos benefícios como o aumento da produção de alimentos e a precisão na coleta de dados que dispensa velhos processos, de outro, surgem problemas a serem enfrentados, incluindo questões de conectividade, legislação para máquinas autônomas, desemprego e a necessidade de capacitação dos trabalhadores rurais”, afirmou. Segundo ele, há uma mudança que precisa acontecer para evitar um novo tipo de êxodo relativo à negação do uso da tecnologia, e a qualificação profissional é a resposta, com o desenvolvimento de habilidades multifuncionais.

#ParaTodosVerem: Advogado João Carlos Pereira sentado na mesa de honra, segurando um microfone.

Ao retomar a coordenação do painel, o mediador João Carlos Pereira alertou para a falta de mão de obra no campo e a migração dos jovens para a cidade. “Após a explanação do professor Mollo, fica evidente a necessidade do desenvolvimento de novas habilidades e competências para lidar com as tecnologias emergentes e evitar um novo êxodo rural”, asseverou. 

#ParaTodosVerem: Juiz Sérgio Polastro fala no púlpito.

O juiz Sérgio Polastro abordou a questão tecnológica no campo atrelada à prática do capitalismo consciente, baseado no tripé meio ambiente, impactos sociais e governança corporativa, representado pela sigla ESG (Environment, Social and Governance). Reforçou a vocação brasileira para o agronegócio apresentando dados do setor no primeiro semestre de 2023, sobretudo no estado de São Paulo, que lidera a produção sucroalcooleira no país. “Nos sete primeiros meses do ano, o agro paulista registrou superávit de R$ 10 bilhões, as exportações cresceram 6,1% e as importações, 5,3%. A participação do agronegócio no total exportado pelo Estado foi de 38,1%. No Brasil, o agro representa 30% do produto interno bruto”, disse.

Ribeiro afirmou que o Brasil vivencia um crescimento das chamadas “AgTechs”, startups voltadas ao agronegócio inovador, inteligente e sustentável. Destacou os desafios da agricultura como o crescimento populacional, os impactos das mudanças climáticas e a necessidade de adaptação do trabalhador rural ao perfil exigido pela tecnologia. O palestrante também enumerou as vantagens da agricultura digital, como a redução da exposição a agrotóxicos, maior participação feminina e uma relação mais sustentável com o meio ambiente. Entre as desvantagens, segundo ele, estão o aumento da desigualdade tecnológica entre produtores rurais e a redução dos postos de trabalho menos especializados no campo.

#ParaTodosVerem: Ao lado do mediador do painel, advogado João Carlos Pereira, os palestrantes Mario Mollo e Sérgio Polastro posam para foto em frente ao banner do evento.

Aliado ao investimento em capacitação, o magistrado apontou como possível solução aos desafios que se apresentam, a adoção do conceito ESG ao agronegócio. Idealizado em meados de 2004 pelo ex-secretário geral da ONU e Prêmio Nobel da Paz Kofi Annan, que ao estabelecer a premissa “vence quem se importa”, trouxe a proposta do capitalismo consciente em contraponto ao capitalismo sem propósito. “A agenda 2030 passa pelo ESG”, acrescentou o juiz Polastro. Citando a definição do Papa Francisco para o planeta Terra, “a casa comum”,  o painelista reforçou que a adoção do ESG tem amplo impacto, deixando um legado positivo para as gerações vindouras.  
 

 

 

Unidade Responsável:
Comunicação Social