Encontro Anual de Magistrados promove reflexão sobre Ética, Comunicação e Tecnologias
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região realizou, nos dias 9 e 10 de outubro, em Serra Negra (SP), o Encontro Anual de Magistradas e Magistrados da 15ª Região. Promovido pela Escola Judicial da Corte (Ejud-15), o evento aconteceu no Grand Resort Serra Negra e reuniu integrantes da magistratura em um espaço destinado à formação, escuta qualificada, troca de experiências e fortalecimento institucional.
Com o tema “Ética, Comunicação e Tecnologias”, o encontro de 2025 apresentou uma programação diversificada, que incluiu palestras e oficinas práticas organizadas com o apoio do Laboratório de Inovação do TRT-15 (Co.Labora 15). As atividades abordaram questões contemporâneas que impactam a atuação judicial em um mundo cada vez mais conectado, complexo e dinâmico. Os magistrados também tiveram a oportunidade de participar de momentos de convivência e integração, fortalecendo vínculos profissionais e pessoais.
Abertura oficial
A abertura oficial contou com a participação da presidente e do corregedor do TRT-15, desembargadores Ana Paula Pellegrina Lockmann e Renan Ravel Rodrigues Fagundes, do diretor da EJud-15, desembargador Luiz Felipe Paim da Luz Bruno Lobo, dos coordenadores temáticos do evento, desembargador Carlos Eduardo Oliveira Dias e juíza Isabela Tófano de Campos Leite Pereira, além do presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Amatra XV), juiz Francisco Duarte Conte.
A presidente do TRT-15, desembargadora Ana Paula Lockmann, qualificou o encontro como uma oportunidade valiosa para a reflexão coletiva e para reforçar o senso de pertencimento entre os magistrados. Ela destacou o caráter acolhedor e propício à imersão que o evento oferece, enfatizando a necessidade de debater os limites da ética diante das tecnologias em constante expansão e a importância de uma comunicação ativa e efetiva no meio judicial.
O diretor da Ejud-15, desembargador Luiz Felipe Lobo, ressaltou o papel do encontro como um espaço de formação crítica e humanizada. Para ele, a preparação da magistratura deve ir além da técnica, sendo crítica, reflexiva e emancipadora, formando não apenas operadores do direito, mas guardiões da humanidade.
O corregedor Renan Ravel destacou o caráter singular do evento e a relevância de um ambiente que favorece a reflexão sobre temas atuais, ao mesmo tempo em que fortalece as relações interpessoais entre magistrados, promovendo uma perspectiva humanista que enriquece a atuação profissional.
O desembargador Carlos Eduardo Dias, mencionou que o encontro foi idealizado para proporcionar uma pausa na rotina intensa da magistratura, oferecendo momentos de reflexão e troca que integrem conhecimentos multidisciplinares e favoreçam uma experiência enriquecedora.
A juíza Isabela Tófano enfatizou a importância dos relacionamentos interpessoais, que chamou de “espinha dorsal” da vida. Para ela, o evento é uma reunião de amigos que compartilham um compromisso comum e um espaço para promover trocas, dividir angústias e buscar soluções para desafios diversos.
O juiz Francisco Conte, presidente da Amatra XV, ressaltou que o encontro é uma oportunidade fundamental para promover a união e a reflexão sobre os rumos da magistratura. Conte também enfatizou o conceito de “Ubuntu”, filosofia africana que valoriza a humanidade plena na comunhão e na interdependência entre as pessoas, reforçando a ideia de que “sou porque nós somos”.
A humanidade diante do espelho
A palestra de abertura, intitulada “A humanidade diante do espelho – nosso tempo, seus desafios e suas possibilidades”, foi conduzida pelo psicólogo baiano Alessandro da Fonseca Marimpietri e trouxe uma reflexão profunda sobre os paradoxos do mundo contemporâneo. A apresentação do palestrante coube à vice-diretora da Ejud-15, desembargadora Eleonora Bordini Coca. Entre os temas abordados, o palestrante destacou a tensão entre a busca incessante por prazer e a sensação crescente de infelicidade, a hiperconectividade que contribui para o isolamento e o desafio constante de adaptação a um tempo marcado pela velocidade e pelas transformações contínuas.
Alessandro ressaltou a importância de desacelerar para reencontrar o essencial, cultivar o espanto diante do cotidiano e valorizar a imperfeição como elemento gerador de força e conexão humana. Também enfatizou o papel do afeto como força transformadora, lembrando que a qualidade das relações sociais é fundamental para o bem-estar e a felicidade.
Segundo ele, enfrentar os desafios do presente e construir uma vida mais significativa envolve quatro pilares essenciais: “viver o tempo”, dedicando às coisas o tempo que elas realmente necessitam e reconhecendo o que é essencial para não se perder em inutilidades; “cultivar o espanto”, preservando a capacidade de se admirar com o cotidiano; “elogiar a imperfeição”, reconhecendo na vulnerabilidade humana uma força que aproxima e desfaz o mito da independência; e “praticar o amor como verbo”, escolhendo amar de forma ativa, a partir da qualidade dos vínculos e da certeza de que o afeto e o cuidado têm poder transformador.
Demais atividades
Dando sequência à programação, os magistrados acompanharam as palestras “Liderança sob a perspectiva ética”, com a professora e gestora cultural Ana Flávia Cabral de Souza Leite, e “Diálogos éticos: magistratura e advocacia em conexão”, com o advogado Roberto Parahyba de Arruda Pinto.
A tarde foi marcada pela apresentação do Laboratório de Inovação do TRT-15 (Co.Labora 15) e pelo painel “Ser ou dever ser? Eis a questão: interlocuções entre Literatura e Direito”, conduzido pelo juiz e escritor Oscar Krost, que também participou das “Provocações” literárias ao lado do desembargador Carlos Eduardo Oliveira Dias e da juíza Rosilene da Silva Nascimento.
Nesta sexta-feira, os participantes se dividiram em oficinas temáticas, voltadas à reflexão prática sobre ética, comunicação e tecnologia na rotina judicial. Os grupos discutiram temas como o relacionamento com a advocacia nas redes sociais, os limites éticos do uso da inteligência artificial, a comunicação não violenta no ambiente judiciário e a aplicação da linguagem simples nos atos processuais.
Após a apresentação das sínteses e dos próximos passos, o encontro foi encerrado com a palestra “A gente mira no amor e acerta na solidão”, ministrada pela psicanalista e pesquisadora Ana Suy, que convidou o público a uma reflexão sensível sobre os vínculos humanos em tempos de excesso de conexões e carência de escuta.
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