Seminário discute desafios da pejotização para a proteção social

Seminário discute desafios da pejotização para a proteção social
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A Escola Judicial, o  Subcomitê de Direitos Humanos do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e o Laboratório de Inovação (Co.Labora 15) promoveram, nesta sexta-feira (3/10), o seminário “Pejotização e Previdência Social: Desafios para os Direitos Humanos”, com o objetivo de discutir os impactos da pejotização nas relações de trabalho e suas consequências para o sistema previdenciário, à luz da Constituição, dos direitos fundamentais e da função social do trabalho.

"composição da mesa alta com o Dr. Lobo falando ao microfone"

Pela manhã, o auditório da EJud-15 recebeu as palestras do desembargador do TRT-15, Carlos Eduardo Oliveira Dias, e do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, sob mediação do desembargador João Alberto Alves Machado, coordenador do Subcomitê de Direitos Humanos do Tribunal.
A mesa de abertura contou com a participação do diretor da EJud-15, desembargador Luiz Felipe Paim da Luz Bruno Lobo, que destacou a relevância do evento como espaço de reflexão crítica sobre um tema que afeta direitos sociais e humanos.

"Dr. João Alberto está na mesa alta falando ao microfone"

Ao iniciar os trabalhos, o desembargador João Alberto Machado fez provocações sobre os desafios trazidos pela pejotização, chamando atenção para a alta incidência de fraudes envolvendo esse tipo de contrato e para a falta de respostas institucionais frente ao avanço da automação, que tem eliminado postos de trabalho sem reestruturação social. Alertou ainda para a falta de estudos que acompanhem essas transformações e destacou que cabe a todos que se dedicam à defesa do Direito refletir sobre como essas alterações sociais impactam os direitos humanos fundamentais.

"Pochmann está sentado à mesa alta, falando ao microfone"

Pochmann iniciou sua exposição com uma análise histórica e crítica do Direito do Trabalho no Brasil, apontando as transformações sociais e econômicas que têm alterado profundamente a dinâmica do trabalho. O economista destacou a necessidade de um novo olhar sobre as relações laborais, propondo a reformulação de conceitos que deem conta da nova realidade, sem abrir mão dos direitos sociais. Ele fez críticas contundentes à crescente lógica individualista e imediatista, que busca soluções rápidas e fragmentadas, ignorando os efeitos de longo prazo e a necessária solidariedade social.  Para Pochmann, o presente tem sido tratado como urgência permanente, o que compromete diretamente o futuro das políticas públicas e da proteção social.

"Dr. Carlos Eduardo está sentado à mesa alta, falando ao microfone"

O desembargador Carlos Eduardo Oliveira Dias abordou a evolução dos direitos humanos, sociais e fundamentais no contexto do trabalho e defendeu a necessidade de uma sistemática mais abrangente, que abarque as novas formas de prestação de serviços, sem desvalorizar ou desumanizar o trabalhador. Em sua análise, também questionou a atual ênfase na prevalência do "contratado sobre o legislado", apontando que essa lógica, ao privilegiar a livre iniciativa acima da função social do trabalho, reflete uma visão essencialmente econômica e individualista, desconectada dos fundamentos constitucionais e dos princípios que estruturam o Direito do Trabalho.
No período da tarde, o evento prosseguiu com oficinas presenciais no espaço Co.Labora 15, com a temática “Impactos da Pejotização no Mercado de Trabalho e Consequências Previdenciárias”. As oficinas proporcionaram um espaço de construção coletiva, reunindo interessados no aprofundamento prático das discussões.

"Sete desembargadores, sendo três mulheres, posam para foto ao lado de Pochmann. Todos de pé"

Clique para assistir às palestras.

Unidade Responsável:
Comunicação Social