Seminário em Aparecida conclama a necessidade de comunhão de esforços da sociedade civil para erradicação do trabalho infantil

“O combate ao trabalho infantil é uma tarefa de todos, independente de ideologias e de religiões. Esse é o motivo pelo qual nós estamos aqui”. Foi ressaltando a necessidade de comunhão de esforços que o padre Eduardo Catalfo, reitor do Santuário Nacional de Aparecida, abriu na manhã desta quinta-feira (13/10) o Seminário de Combate ao Trabalho Infantil, que acontece até às 12h de sexta-feira (14/10), no Auditório padre Noé Sotillo, em Aparecida. O evento tem transmissão ao vivo no canal no Youtube da Escola Judicial do TRT-15. 

Fruto de uma parceria iniciada em 2016 entre o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, o Santuário Nacional de Aparecida e o Ministério Público do Trabalho, o Seminário promove o diálogo entre o público e magistrados, advogados, professores, pesquisadores, médicos, economistas, ativistas e empresários envolvidos no combate ao trabalho infantil. 

Para o diretor da escola Judicial do TRT-15 e representante da Região Sudeste no Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, desembargador João Batista Martins César, as ações que o Santuário, o TRT-15, o MPT e instituições públicas e privadas parceiras têm realizado nos últimos sete anos contabilizam excelentes resultados. “Quando começamos em 2016 eram 3,3 milhões de crianças trabalhando. No último dado oficial, já defasado pela pandemia, eram 1,9 milhão. Não tenho dúvidas de que as mensagens levadas pelo Santuário, sobretudo no dia de Nossa Senhora e também das Crianças, têm contribuído para essa redução”, destacou na abertura do Seminário.

Entre os principais dogmas combatidos tanto no Seminário quanto nas mensagens divulgadas durante a semana do 12 de outubro para os fiéis que vão a Aparecida estão o de que o trabalho dignifica a criança e que trabalhar não mata. “São duas mentiras. Nos últimos dez anos registramos 40 mil acidentes de trabalho com crianças e adolescentes. Desses, cerca de 20 mil foram graves, com amputações, perdas de olhos, de mobilidade e queimaduras. Houve 290 mortes. Além disso, mais de 90% dos internos do nosso sistema prisional começaram a trabalhar precocemente”, reforçou o desembargador João Batista. 

Vice-presidente judicial do TRT-15, o desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani ressaltou a importância do cuidado com as crianças, elementos estruturais de nossa sociedade. “Todas as expressões da vida precisam de cuidado, como a vida espiritual e as vidas dos seres não humanos. Mas a criança é a estrutura do ser humano . Com ela, todo o cuidado nunca será excessivo. Uma criança bem cuidada será um cidadão que contribui para a sociedade”. 

O desembargador Lorival Ferreira dos Santos, presidente do TRT-15 quando foi celebrada parceria com o Santuário de Aparecida para o combate ao trabalho infantil, destacou as palavras ditas pelo arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, Dom Orlando Brandes, na homília do dia de Nossa Senhora. “Fiquei comovido com as palavras do arcebispo, que falou da importância de abandonarmos o ódio. Para acabarmos com o trabalho infantil, também é necessário valorizar o amor, a esperança e a diversidade, sobretudo no que se refere a inclusão das crianças e adolescentes negros”.

Barco hospital

“A construção de uma sociedade digna é responsabilidade de todos. Não precisamos aguardar pelo delegado de polícia, juiz ou promotor para agir. Somos cidadãos de direito e devemos trabalhar para assegurar que todos, sobretudo nossas crianças, também o sejam”, disse o procurador do trabalho Ronaldo José de Lira, último a falar na abertura do Seminário de Combate ao Trabalho Infantil, em mesa que também contou com o juiz do trabalho Adhemar Prisco da Cunha Neto, coordenador do Juizado Especial da Infância e Adolescência do TRT-15 em São José dos Campos.

Ronaldo Lira relembrou que a parceria iniciada em 2016 com a igreja para a promoção de uma sociedade mais justa possui, além do combate ao trabalho infantil, outras interfaces. Ele citou o Barco Hospital Papa Francisco, conduzido por franciscanos, que atende ribeirinhos na bacia do Amazonas e foi construído com verbas da indenização por dano moral coletivo decorrentes de acordo firmado entre a empresa Raízen (antiga Shell/Basf) e o MPT, com a intermediação do TRT-15.

Confira aqui a programação do Seminário de Combate ao Trabalho Infantil.
 

Confira abaixo outras imagens das ações contra o trabalho infantil em Aparecida.

Unidade Responsável:

Comunicação Social